A grande vencedora do nosso torneio de iniciação, realizado o ano passado, está de volta à produção de enigmas, desta feita com um desafio de maior fôlego.
Leitora desta secção desde a primeira hora, ela tem marcado presença regular em todas as nossas iniciativas realizadas até hoje, apesar da sua exigente e absorvente profissão.
Médica psiquiatra num hospital público do Grande Porto, Madame Eclética tem um particular interesse pela literatura de investigação e suspense policial e psicológica, nomeadamente aquela que explora a essência do medo e que deixa os leitores completamente sem fôlego mesmo depois de terminada a leitura.
Sabendo da sua preferência por este género de literatura, o responsável por esta secção desafiou-a a experimentar a decifração de enigmas, desafio que nunca tinha experimentado e a que tem fielmente dado resposta em todas as edições, alargando quase de imediato a sua prestação como solucionista à faceta de produtora.
A produção que agora apresenta à consideração dos nossos leitores tem por cenário os estúdios da TV Globo e aborda o início dos trabalhos de preparação das gravações que marcam a estreia nas telenovelas de uma popular vedeta do teatro musicado brasileiro, que aquela empresa emissora e produtora de televisão pretende manter em segredo.
TORNEIO POLICIÁRIO’ 2017
Prova nº. 6
“Uma Vedeta do Teatro Musicado na TV Globo”, de Madame Eclética
Uma das maiores vedetas do teatro brasileiro aceitara o convite da TV Globo para fazer a sua estreia em telenovelas, havendo o compromisso de ambas as partes em manter sigiloso aquele acordo negocial até ao arranque da transmissão da novela, ainda sem data marcada.
Mas apesar de todas as precauções, dois dias após o início dos ensaios técnicos no “plateau”, envolvendo apenas o realizador, três dos artistas com participação na gravação dos quatro primeiros episódios e os chefes de câmaras, iluminação, cenografia, guarda-roupa e som, um dos mais importantes jornais do Rio de Janeiro fez chamada de primeira página sobre o assunto, com extenso desenvolvimento no interior, onde se refere alguém da produção como fonte da notícia.
O diretor de produção foi imediatamente convocado pela administração do canal para dar explicações sobre o assunto, tendo-se declarado surpreendido com o sucedido, alegando em sua defesa não ter notado quaisquer sinais que o levem a suspeitar de alguém.
No final da reunião, foi-lhe então recordado que todos os artistas, técnicos e demais colaboradores envolvidos nos trabalhos estão obrigados ao dever de confidencialidade, sujeitos ao acionamento de uma cláusula que pode determinar despedimento com justa causa, com uma forte indeminização associada face a qualquer incumprimento. E, em jeito de ameaça, foi-lhe dito ser imperioso que o autor do homicídio cometido no início da novela seja apenas desvendado no último episódio.
Um conceituado detetive privado foi apresentado no dia seguinte como fotógrafo de “plateau”. De máquina em punho, foi registando diversos momentos dos ensaios. E, ao fim da tarde, com o pretexto de oferecer a cada um dos intervenientes uma foto dos trabalhos, trocou algumas palavras com todos. A vedeta, a popular Betty Frank, confidenciou não concordar com o segredo sobre os ensaios.
O ator que faz par romântico com a protagonista, de seu nome Tony Claro, admitiu também não lhe agradar o segredo imposto pelo canal. A atriz que interpreta a personagem que é assassinada no primeiro episódio, a veterana Neuza Cocker, reconheceu ser um exagero a confidencialidade exigida. E a jovem revelação televisiva Débora Motta também.
No que respeita aos técnicos de “plateau”, foi possível apurar que o realizador, Aguinaldo Azeredo, também não estava de acordo com a política de silêncio imposta sobre a produção da novela. O chefe de câmaras, Gilberto Nery, declarava-se focado nas suas funções e completamente nas tintas para a divulgação dos trabalhos.
O chefe de iluminação, Botelho Nora, não estava interessado em fazer luz sobre a opinião que tinha sobre o assunto. O chefe de cenografia, Afonso Xavier, não estava nada preocupado com o cenário da situação. O chefe de som, Moniz Falcão, fazia orelhas moucas sobre o problema. E a chefe de guarda-roupa, Tânia Carvalho, não dava ponto nem nó acerca do tema, despindo-se de qualquer interesse sobre tal.
Na manhã seguinte, a novela foi outra vez assunto numa notícia do mesmo jornal carioca, onde se fazia saber, através de fonte não identificada, que a personagem interpretada pela veterana atriz Neuza Cocker é assassinada no primeiro episódio da novela, num texto ilustrado com uma foto de ensaio da respetiva cena. E a fonte da notícia foi imediatamente identificada pelo detetive, para satisfação da administração do canal e grande surpresa do diretor de produção, que ainda está por saber como é que ele soube quem passava as notícias para o jornal.
DESAFIO AO LEITOR
E o leitor sabe como é que o detetive descobriu quem passava a informação sobre os trabalhos de preparação da telenovela para o jornal carioca? Antes, porém, aqui fica o conselho de leituras atentas julgadas necessárias a uma correta interpretação do enigma. E depois, sim, redija a sua proposta de solução, justificando-a convenientemente, e remeta-a para o orientador da secção, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de agosto, por um dos seguintes meios:
– por correio, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel – Açores;
– por email, para salvadorpereirasantos@hotmail.com.
Mas, atenção: não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu nome ou pseudónimo. Entretanto, prepare as “células cinzentas” para os enigmas que se seguem!