RECOLHA DE BIORRESÍDUOS JÁ ARRANCOU NO CENTRO HISTÓRICO DE GAIA

Já está em funcionamento a recolha de biorresíduos em Vila Nova de Gaia. Depois do arranque do projeto pioneiro em Portugal, a expetativa da empresa municipal Águas de Gaia, é que até ao final do ano sejam recolhidas mais de mil toneladas de biorresíduos.

 

Desde o passado dia 1 de agosto, que está em vigor um projeto-piloto na zona Centro Histórico/Afurada e também, de forma simbólica, nas cantinas municipais e das Águas de Gaia, para recolha de biorresíduos em Vila Nova de Gaia.

Os primeiros dias foram dedicados à sensibilização e formação dos moradores e comerciantes da restauração e hotelaria – explicando o calendário de recolha, que tipo de resíduos estão em causa, entre outros. Durante este período foram, também, entregues, gratuitamente, os contentores específicos para depositar os resíduos orgânicos.

A expetativa é atingir cerca de 1.500 clientes e, até ao final do ano, mais de mil toneladas de biorresíduos recolhidas. De acordo com, Miguel Lemos, presidente da empresa municipal Águas de Gaia, “o objetivo deste projeto é iniciar a operação de recolha de biorresíduos em Gaia, por forma a contribuirmos para as metas com que Portugal está comprometido junto da União Europeia, mas também para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e da economia circular”.

Miguel Lemos explicou também que a operação vai ter início no Centro Histórico, “porque sendo uma zona com uma grande densidade de restaurantes e hotéis, eles próprios irão beneficiar deste projeto graças à redução de contentores tradicionais, ao mesmo tempo que irão contribuir para uma maior quantidade de biorresíduos recolhidos, dando aqui uma alavanca importante ao projeto”.

Para esta fase do projeto, o investimento rondou os 500 mil euros, resultantes de uma candidatura da Área Metropolitana do Porto ao Fundo Ambiental. A verba incluiu a aquisição de duas viaturas de recolha 100% elétricas – as primeiras da Europa –, quer do ponto de vista da sua motorização, quer no que toca à operação da caixa estanque de recolha e transporte –, e ainda dos contentores, além do processo de sensibilização e da tecnologia que todo o processo implica. Os biorresíduos recolhidos pelas novas viaturas municipais serão entregues à Suldouro, onde será produzido composto de qualidade e também será possível a produção de energia. Com a implementação deste projeto, prevê-se uma redução de 40% do volume de lixo produzido.

“É um primeiro passo muito ambicioso. O presente e o futuro dos resíduos no seu todo vão ser uma missão e função importantes dos municípios, com um impacto financeiro muito grande quer para os municípios, quer para as famílias. Por isso, o que pretendemos é impactar o menos possível as famílias, mas tendo a consciência de que este setor vai ter um desenvolvimento muito grande”, acrescentou Miguel Lemos.

O alargamento ao restante território do concelho vai ser iniciado a partir do final deste ano, de forma gradual, sendo que se espera que, em janeiro de 2025, possa estar abrangida uma grande parte da cidade, num processo que será gradual. O objetivo final é atingir todo o concelho em 2030, num total de 43 mil toneladas de biorresíduos/ano, cumprindo, assim, o calendário definido pelo Ministério do Ambiente e pela União Europeia.

Já Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, mostrou-se “orgulhoso, mas ao mesmo tempo consciente das responsabilidades” que este processo acarreta. “É importante começar um processo de sensibilização que é determinante para que depois as pessoas não rejeitem o modelo que estamos a procurar implementar. Se os cidadãos sentirem que estas mudanças imputam sobre eles um custo insuportável, os cidadãos rejeitam. E bem”, acrescentou, lembrando que “a economia circular, como muitas coisas da modernidade, fica mais cara. O importante é que fique menos cara para as famílias, para que não signifiquem estratificação ou gentrificação”.

 O autarca admite que “o impacto financeiro” desta nova realidade é “inevitável”, mas, por isso mesmo, advogou que importa “encontrar um modelo de gestão, uma boa combinação entre os fundos públicos, as famílias e os fundos europeus, para que isto seja viável”. “Temos financiamento para as viaturas, temos assunção de responsabilidades da Câmara para a operação, sabemos que isto vai onerar, mas depois faremos os ajustamentos necessários”, garantiu.

Eduardo Vítor Rodrigues destacou, ainda, que “o que está em causa é muito mais do que dois camiões. É começarmos uma experiência que nos leve a reforço de cidadania, a reforço de valorização deste serviço, a corresponsabilização. Precisamos de avançar, mas só podemos fazê-lo se avançarmos todos juntos, e o que desejo é que este seja o primeiro momento de muitos outros que vamos ter pela frente para afirmar uma cidade coesa e sustentável”, concluiu.

Os biorresíduos ou resíduos orgânicos representam cerca de 40% do lixo que produzimos em casa. Incluem as sobras de refeições, cascas de frutas, de legumes, ovos e saquetas de chá.  Ao separar estes resíduos, estamos, por um lado, a ajudar a reduzir o volume de lixo que entregamos em aterro sanitário, e, por outro, a contribuir para valorizar os biorresíduos através da produção de fertilizantes 100% naturais e da produção de energia.