A BARBÁRIE NO SÉCULO XXI

Parecia impossível acontecer, mas 2,4 milhões de pessoas arrancadas à sua terra, 50% da paisagem física destruída, prédios governamentais, casas, universidades, escolas, bibliotecas, museus e hospitais, cemitérios demolidos, esgotos a céu aberto e as doenças resultantes, milhares de pessoas vivendo em barracas, casas improvisadas com lonas e plásticos, milhares de outras sem abrigo, fome forçada e bloqueio de bens essenciais, como combustível, remédios e água, um ambiente envenenado causado pelos resíduos de armas dos Estados Unidos e de Israel e a queima de plásticos e outros materiais tóxicos por falta de combustível.

Valas comuns descobertas, algumas com crianças muito magras indiciando fome extrema, um total para já de mais de 35 mil mortes, milhares de corpos desaparecidos ou enterrados sob os escombros,  pessoas desesperadamente famintas, abatidas enquanto fazem fila para comer, milhares de crianças sem membros, mais milhares de pais desaparecidos, assassinatos direcionados de líderes culturais e ainda  de professores, médicos, enfermeiros e doentes em tratamento.

Este inferno dantesco existe nos dias de hoje e não admite dúvidas, dado o seu volume, acessibilidade e horror indescritível, com as imagens de Gaza a entrarem pelas nossas casas, ferindo a consciência coletiva e seguramente permanecendo para sempre no nosso imaginário colectivo.

Uma boa parte dos países ocidentais, tem apoiado politicamente, por acção ou omissão, o massacre inquestionável de palestinianos pelas forças militares sionistas e nazis israelitas, nomeadamente a Alemanha, talvez como «mea culpa» pela sua história nazi que porventura explicará as vendas de material bélico e o apoio do governo alemão a Israel.

Apraz-nos registar, no entanto, a atitude  de milhares de jovens alemães que estão hoje a demonstrar o seu apoio ao povo palestiniano, correndo o risco de prisão por se manifestarem contra o inqualificável genocídio palestino, mas também contra o passado do seu próprio país.

A estes jovens juntam-se outros de mais países ocidentais, nomeadamente nos Estados Unidos, onde nas universidades se tem ouvido a voz indignada contra  o seu próprio governo ao apoiar o regime sionista/nazi, o qual e apesar de negociações em curso para um cessar fogo imeditato e troca de prisioneiros, intensificou ataques aéreos em Rafah, bombardeando mais de 50 locais no coração da cidade.

Em resposta ao ataque assassino de Israel, várias autoridades dos EUA reiteraram seu apoio ilimitado a Israel, nomeadamente o porta voz do Departamento de Estado, Vedant Patel que afirmou recentemente  «Sempre deixaremos claro que estamos comprometidos com a defesa de Israel, esse compromisso com a segurança de Israel continua a ser firme».

Por outro lado e ainda mais determinante, o próprio Presidente Joe Biden, entrevistado há poucos dias, ao mesmo tempo que informou ter avisado o amigo BIBI, carinhoso diminuitivo aplicado ao nazi/sionista Benjamim Netanyahu, de que  não devia bombardear Gaza, e apesar do bombardeamento já ter sido efectuado e outros se seguirão, continua a prestar ajuda financeira e apoio em material bélico ao BIBI, ou seja, a hipocrisia continua a fazer caminho pelas terras do «Tio Sam».