Apesar de fisicamente limitado a uma pequena faixa longitudinal no extremo mais ocidental do “Velho Continente” e às parcelas insulares da Madeira e dos Açores, Portugal não é um “País Pequeno”! Pelo contrário, em termos linguísticos, a nação corporizada pelo povo que desde há muitos séculos habita neste cantinho do extremo mais ocidental do Continente Europeu, orgulha-se de ver a sua língua materna instalada nos mais diversos pontos do globo, aonde nalguns casos, até seria impensável.
* * * Nesse contexto, é importante salientar que a presença mais significativa da língua portuguesa no mundo é representada precisamente, pela República Federativa do Brasil, que é também um dos mais importantes “actores” no seio da comunidade Lusíada, igualmente a mais vasta nação do continente sul americano; um país enorme em recursos, territorial e etnicamente.
* * * “Cortado” pela linha do Equador quase nos seus limites nortenhos, onde se destaca a “bacia” do gigante rio Amazonas, o Brasil é uma nação de etnias múltiplas, cuja população, distribuída pelos 27 estados que o constituem, excede já os duzentos milhões de “almas”. Assim sendo, bem podemos afirmar que é o “espírito” camoniano que nestas paragens distantes teima em resistir à erosão provocada por força das vicissitudes com que, ao longo da história, alguns têm pretendido impor a sua subordinação aos povos locais, mas que o seu pacifismo não tolerará, se tivermos em conta que o colosso sul-americano é já uma “Nação madura” com uma história que já excedeu os dois séculos de existência, tendo sido fundado em 1.822.
Várias fronteiras em terra
uma estação científica no mar
* * * Afirmando-se paulatinamente, no plano das nações civilizadas um país com fronteiras em todos os quadrantes, é a oeste (na zona andina) e a norte (região caribenha) que as autoridades brasileiras têm que prestar maior atenção sem perderem de vista a sua vizinhança e sem descurarem a instabilidade que se instalou em algumas das fronteiras norte, sobretudo a partir da agitação surgida na Venezuela, o maior vizinho do Norte, mas também o mais instável politica e socialmente. Em relação ao no
rte, na linha de fronteira surgem vizinhos como a Colômbia, Guiana Inglesa, Suriname e Guiana Francesa, com cujas comunidades o Brasil sempre manteve relacionamento estável, o mesmo sucedendo a sul e oeste nas relações com Uruguai, Argentina, Bolívia e Equador. Na fronteira ocidental, o Acre, para além de ser constitucionalmente o menor estado brasileiro, é também o mais heterogéneo em termos fisicos em relação à costa atlântica (a leste). Dois fenómenos que traduzem bem a grandeza e a peculiaridade deste Gigante sul-americano Andino/Atlântico. Basta referir que entre a cidade de João Pessoa (Paraíba) e a linha homóloga da faixa ocidental da fronteira com a Bolívia, o registo temporal apresenta-nos a realidade fenomenal de uma linha imaginária com nada menos de quatro fusos horários. Todavia, é a leste que a dimensão do gigante sul-americano mais se impõe no seio das nações civilizadas, mediante a sua condição de nação genuinamente atlântica, e foi precisamente no Oceano Atlântico, a cerca de mil Km da costa, que se ergue a Estação Cientifica dos Ilhéus de S. Pedro e S. Paulo, uma obra concebida no domínio da Oceanografia e da Geologia, cujas instalações estão situadas a menos de vinte metros de altura do solo. Outra noticia que entretanto fora divulgada pelos brasileiros é a informação, segundo a qual, o naturalista britânico Charles Darwin chegou a fazer escala no rochedo aquando de uma das suas diversas voltas à terra. – Fim
Obs: Texto elaborado segundo a ortografia antiga.
Aldeia de POIARES – A “sentinela” do Penedo
Não se pode falar de Poiares, comunidade rural do multissecular Município de Freixo de Espada à Cinta, sem lançar um olhar sobre a exuberância do rochedo do Penedo Durão, com o qual partilha a sua história remota e que lhe fica nas imediações. Falo de um espaço sobranceiro à barragem espanhola de “Saucelle”, que a empresa hidro-eléctrica do país vizinho (Iberdrola), construiu nos primórdios da década de cinquenta, do século passado, em pleno Parque Natural do Douro Internacional. Trata-se de uma elevação rochosa próxima dos 900 metros de altitude, que tem a seus “pés” o traçado rodoviário da EN 221, ligando as cidades de Miranda do Douro, a norte, e a sua congénere da Guarda, já na província da Beira Alta, bem perto do sopé da mais alta elevação montanhosa do continente português, a Serra da Estrela. Por outro lado, falar de Poiares é falar de uma comunidade rural, com grande afinidade à vila e cuja principal actividade se centra na cultura da amêndoa, do vinho e do azeite e seus derivados, a par da existência de diversas explorações de apicultura, em paralelo com abundantes pomares de citrinos e outras espécies frutículas, a cujos exemplares a proximidade do rio Douro confere uma qualidade superior bastante apreciada.
Relativamente ao quadro demográfico, a evolução populacional de Poiares não difere muito das freguesias congéneres do concelho a que pertence, sendo evidente o efeito desertificador provocado pelos fluxos migratórios ocorridos a partir da década de sessenta do século anterior. Há até situações de diminuição demográfica de tal grandeza, que a permanência constante de algumas populações ficou reduzida a menos de metade. Assim sendo, tomando por base os registos populacionais a partir de 1950, é fácil concluir que em relação aos Censos desse mesmo ano, Poiares surgia com um registo superior a 1.100 habitantes, enquanto o Recenseamento Demográfico de 2011, o que ainda vigora, a freguesia mais próxima da sede do concelho, registou uma diminuição populacional bastante acentuada, superior a metade dos números desse tempo. Em dados concretos, Poiares tinha em 1950 uma população constante de 1.134 habitantes, enquanto nos Censos de 2011, não foi além das 411 “almas” (quase três vezes menos!), cujos valores se traduzem numa densidade demográfica que não ultrapassa os 10 habitantes por Km2.
Mas Poiares não apenas isto. É uma comunidade com história que remonta aos tempos do extinto Império Romano, com marcas bem visíveis, entre outras, através da íngreme Calçada de Alpajares, que se precipita montanha abaixo, até às proximidades da ribeira do Mosteiro, confluência com as águas do ribeiro do Brita, um local de grande significado histórico e emocional para os habitantes das freguesia.
De salientar que, as imediações do Penedo Durão constituem um riquíssimo “santuário” de vida animal, quer de predadores alados, quer de mamíferos predadores do solo e espécies cinegéticas. Para além do lobo, da raposa e outros de menor dimensão, nesta zona do Nordeste são frequentes aves de rapina como a Águia Real e a Águia de Bonelli, falcões e milhafres, sendo também refúgio preferencial da Cegonha Preta, de Grifos e Abutres do Egipto, entre muitas outras espécies que por aqui vivem ou se reproduzem, conferindo à região excelentes cenários da maior importância ambiental.