“A MAIOR CONCENTRAÇÃO DE AÇORIANOS EM TODO O MUNDO”

Depois de dois anos de interregno, as Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra voltaram a concretizar-se. Centenas de milhares de pessoas, vindas de todos os cantos da América, participaram neste evento de reforço da açorianidade no mundo, que também contou com a presença de José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, e José Andrade, diretor Regional das Comunidades. O  desfile etnográfico foi o momento de maior destaque do certame, uma vez que percorreu as ruas de Fall River durante cinco horas e representou uma “impressionante manifestação da cultura popular açoriana”.

 

 

 

As Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra regressaram, este ano, depois de dois anos em que a sua realização não foi possível, fruto da pandemia da Covid-19, que assolou todo o mundo. Entre os dias 24 e 29 de agosto, Fall River recebeu o certame que mobiliza, anualmente, milhares de emigrantes açorianos.

No primeiro dia de celebrações recitou-se o terço e seguiu-se o serviço de sopas, em louvor do Divino Espírito Santo. Já no dia 25 de agosto, deu-se a abertura da iluminação no Kennedy Park e, depois, a animação musical tomou conta do espaço, onde atuaram diversos artistas. Na sexta-feira, dia 26 de agosto, realizou-se a entrada das insígnias do Divino Espírito Santo e a bênção e distribuição das pensões, com a presença do padre Jack Oliveira, de Fall River. José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores e José Andrade, diretor regional das Comunidades, foram convidados de honra da romaria, tal como o deputado António Maló de Abreu e Rogério Lopes, cônsul de Portugal em New Bedford. Nesse mesmo dia, aconteceu a inauguração das exposições de artesanato açoriano e produtos regionais desta região, onde estiveram presentes artesões vindos do arquipélago.

No sábado, 27 de agosto, pela manhã, teve lugar o cortejo de Bodo de Leite e o desfile etnográfico, que terminou no Kennedy Park. Durante a tarde, o Festival de Folclore animou os emigrantes e, ainda nesse dia, aconteceram, arrematações, concertos e animação não faltou.

Para o dia 28 de agosto ficou reservada a missa de Coroação na Catedral de Santa Maria, concelebrada por D. Edgar Moreira da Cunha, bispo de Fall River. Seguiu-se a Procissão de Coroação que, para além do bispo, contou com a presença de José Manuel Bolieiro, António Maló de Abreu, José Andrade, Rogério Lopes, Ronaldo Miranda e José Miranda, proprietários da Michael’s Provisions, Paul Coogan, mayor de Fall River, Roberto DaSilva, mayor de East Providence, entre outros representantes de entidades religiosas, civis e políticas. No último dia de celebrações, aconteceu o banquete de encerramento no White’s Restaurant of Westport.

Em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, José Andrade, diretor regional das Comunidades, referiu que este evento representa “provavelmente, a maior concentração de açorianos em todo o mundo”, assumindo que chega a reunir mais de 100 mil pessoas, provenientes, principalmente, dos estados de Massachussets e Rhode Island, “mas atraem até açorianos expressamente deslocados da Califórnia, no outro lado da América, e também do Canadá, com dezenas de autocarros provenientes das províncias do Ontário e do Quebeque”.

“Estas são as maiores festas do Espírito Santo no mundo e sendo o culto do Divino a mais representativa expressão identitária da cultura açoriana, o seu regresso reveste-se de enorme importância para a afirmação da nossa açorianidade, na América do Norte”, asseverou o diretor regional, que acrescentou que o seu regresso foi vivido com um misto de “satisfação e apreensão. Por um lado, depois de dois anos sem a sua celebração em formato convencional, a nostalgia da saudade deu lugar à alegria do reencontro. Por outro lado, ainda no rescaldo da pandemia, subsistia, porventura, algum receio por retomar os grandes ajuntamentos populares e disso resultou uma afluência, relativamente, inferior ao habitual”.

O emigrante e empresário Duarte Câmara, natural de Capelas e residente em Fall River, foi o representante da comunidade nas festas de 2018 e, depois, assumiu a presidência da comissão organizadora, mas só conseguiu retomar o programa habitual este ano. No entanto, mesmo durante a pandemia, manteve o espírito do culto ao Divino, distribuindo, de forma solidária, bens alimentares pelos mais necessitados.

O desfile etnográfico, que aconteceu no sábado, foi o momento de maior destaque, uma vez que se trata “de uma impressionante manifestação representativa da cultura popular açoriana, que percorre as ruas de Fall River, durante cerca de cinco horas, com carros alegóricos, grupos folclóricos, bandas filarmónicas, representações associativas de natureza diversa, provenientes de diferentes cidades da Nova Inglaterra”, explicou José Andrade.

Todos os anos, o Governo Regional dos Açores faz-se representar, nomeadamente pelo diretor regional das Comunidades, mas, este ano, José Manuel Bolieiro fez questão de visitar estas celebrações, pela primeira vez como presidente do Governo Regional, embora já tivesse lá estado, enquanto presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, e José Andrade contou, a este órgão de comunicação, que “a sua participação como convidado de honra das festas de 2022 foi um motivo de orgulho para a comunidade em geral, simbolizando o mais alto reconhecimento do Governo dos Açores, pela resiliente afirmação da identidade açoriana na grande nação americana”.

Por fim, José Andrade deixou uma mensagem de esperança e confiança à diáspora açoriana espalhada pelo mundo, que mesmo estando longe, tem sempre os Açores no coração: “tenho esperança de que as atuais comunidades açorianas continuarão a preservar e a afirmar as nossas tradições identitárias, nas suas sociedades de acolhimento. Tenho confiança de que as novas gerações de açordescendentes, já nascidas nos Estados Unidos da América, no Canadá ou no Brasil, saberão honrar a sua herança cultural, mantendo as ilhas dos seus pais e avós no seu coração e na sua ação. A açorianidade é uma corrida de estafetas. A passagem de testemunho entre as sucessivas gerações é determinante, para continuarmos a honrar os Açores no mundo”.