A ORELHA IMPERIAL

A orelha imperial Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, que tentou assassinar Donald Trump no último sábado dia 13 de Julho, é descrito como um rapaz tímido, que era vítima de bullying e havia sido rejeitado no clube de tiro da escola por não ser bom atirador.

Como sabemos, os danos causados pelo bullying podem ser profundos, como a depressão, distúrbios comportamentais e até o suicídio. No entanto e enquanto a História não se encarrega de esclarecer os estranhos contornos da tentativa de assassinato de Donald Trump, assumamos, sem qualquer prejuízo de análise, a versão oficial dos factos. O atentado de 13 de Julho em Butler, Pensilvânia, historicamente não representa surpresa, pois está na sequência de outros anteriores, sendo o mais próximo o protagonizado por John Hinckley, quando alvejou o presidente Ronald Reagan em 30 de Março de 1981.

Agora e ainda na ressaca da tentativa de assassinato de Donald Trump, a atuação, ou falta dela, dos Serviços Secretos está a ser posta em causa no empurra culpas do costume. Desde o fim da Guerra Fria e do governo Clinton ter chegado ao poder em 1992, os Estados Unidos sofreram uma decadência sistémica da sua constituição política, pois as medidas postas em prática têm favorecido cada vez mais os interesses de uma elite oligárquica e poderosa, sobrepondo-se ao interesse público.

A ascensão das políticas ultraliberais para criar uma sociedade secular construída sobre um paradigma tecnocrático, que inclui o atual movimento «desperto», a teoria crítica da raça e os requisitos de diversidade, inclusão e equidade, intensificaram ainda mais as divisões sociais e facções várias em desacordo com os valores conservadores e familiares tradicionais, ou seja, os actos de violência sem sentido recrudesceram, tornando o assassínio como instrumento político e o dedo no gatilho como acto normal. Donald Trump é tão fiel ao autoritarismo neoliberal e imperial como Biden, Obama, Bush, Clinton, Reagan, pois surge do exterior da classe política tradicional, onde pontificam os príncipes políticos democráticos e republicanos, convergentes nas decisões estratégicas susceptíveis de manter o sistema nos eixos globalistas.

Como sempre, o comum dos mortais perguntará quem beneficiará com este atentado, sabendo, porém, que nem sempre quem beneficia indirectamente é directamente quem o faz; a ver vamos se até Novembro, a imagem de Trump ensanguentado, a erguer o punho para a multidão e a gritar «Lutem, lutem», possa ser superada por uma surpresa ainda maior, mas tudo parece indicar que ele vencerá as eleições presidenciais.

O rival Joe Biden, agora diagnosticado com covid, admitiu que poderia desistir das eleições por razões médicas, acrescido o facto das suas dificuldades cognitivas se terem acentuado, o que não o impediu, no entanto, de afirmar e referindo-se ao atentado contra Trump, que «Não há lugar na América para este tipo de violência», apesar dos factos históricos revelarem exactamente o contrário. A política externa dos Estados Unidos nunca considerou um problema instigar a violência política, leia-se o terrorismo, sendo bem conhecidos globalmente os exemplos, na Bolívia, Guatemala, Brasil, Chile, Congo, Nicarágua, Panamá, Vietname, Camboja, Coreia, Jugoslávia, Oriente Médio. Na Cisjordânia e em Gaza, em 2006, a administração Bush e seus aliados defraudaram os resultados das eleições democráticas que acabaram por eleger um governo do Hamas e hoje temos um genocídio do povo palestiniano com a conivência estado unidense.

No Irão, em 1953, a CIA, juntamente com a inteligência britânica, orquestrou um golpe para derrubar o primeiro-ministro Mohammad Mossadegh, que havia nacionalizado a indústria do petróleo. No Iraque, em 1963, a CIA desempenhou um papel crucial no golpe que levou o Partido Baath ao poder e à ascensão de Saddam Hussein a quem os Estados Unidos forneceram 1 listas de supostos comunistas, muitos deles executados e em 2003, a invasão do Iraque, sob falsos pretextos, liderada pelo poder norte americano resultou no derrube e enforcamento de Saddam Hussein, com direito a obscena transmissão televisiva.

Na Líbia e em 2011, os Estados Unidos juntamente com os aliados da NATO, desempenharam um papel crucial na invasão militar, o que levou ao derrube e morte de Muammar Gaddafi, que tinha determinado o controlo total do petróleo do seu País. Na Líbia e em 2011, os Estados Unidos juntamente com os aliados da NATO, desempenharam um papel crucial na invasão militar, o que levou ao derrube e morte de Muammar Gaddafi, que tinha determinado o controlo total do petróleo do seu País. Na Síria e em 1949, a CIA apoiou um golpe que derrubou o governo democraticamente eleito do presidente Shukri al-Quwatli, como garantia dos interesses petrolíferos estado unidenses e ocidentais em geral; hoje, o envolvimento estado unidense na política interna síria, sem autorização explícita do Congresso, inclui hostilidades contra grupos de milícias que apoiam o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad e o saque do petróleo existente.

Relativamente à Ucrânia, Zelensky já quer ver a Rússia na próxima «Cúpula da Paz», o que não aconteceu anteriormente, porque Donald Trump formulou um Plano de Paz que obriga o regime de Kiev a entrar em negociações, pois se não o fizer os Estados Unidos suspendem imediatamente a entrega de armamento e financiamento. O certo é que os contribuintes estado unidenses continuam a pagar pelas centenas de bases militares do seu País espalhadas pelo mundo, cerca de oitocentas segundo algumas fontes com credibilidade, e os europeus continuarão a ser chamados para contribuir mais para este descalabro, restando-lhes aguardar até Novembro para conhecer novos desenvolvimentos.

Entretanto, cresce e floresce o conjunto de países que pretendem tornar-se o contra ponto à geopolítica existente que pelas suas acções só tem contribuído para o mal estar global.