“A SOBREPESCA PODE AFETAR A CAPACIDADE DE REPRODUÇÃO DAS UNIDADES POPULACIONAIS”

O Grupo de Trabalho de peixes elasmobrânquios (WGEF), do Comité de Aconselhamento do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES/CIEM) reuniu-se no Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), em Lisboa. A reunião, que ocorreu em formato híbrido, contou com a participação de mais de 20 investigadores, de 10 países diferentes, em representação de várias instituições internacionais, incluindo os investigadores Régis Santos e Wendell Medeiros-Leal, que fazem parte do Grupo de Investigação em Avaliação de Recursos Pesqueiros do Instituto Okeanos, da Universidade dos Açores.

O WGEF é responsável pela avaliação do estado de exploração de 55 unidades populacionais de tubarões e raias (tamanho do estoque, tamanho do estoque reprodutor e mortalidade por pesca) e pelo aconselhamento científico de apoio à tomada de decisão na gestão stocks de peixes e pescarias desde o Ártico, até aos Açores. Na reunião do WGEF 2022, foram avaliados 31 stocks, 30 da área do ICES e um com distribuição, que se estende para fora da área.

Neste contexto, Wendell Medeiros-Leal ressaltou que “os recursos pesqueiros não são ilimitados e a sobrepesca pode afetar a capacidade de reprodução das unidades populacionais. Caso não haja controlo sobre quem pesca o quê, algumas populações de peixes podem desaparecer, ou as suas capturas podem deixar de ser economicamente viáveis. De modo a evitar que cenários indesejáveis como estes aconteçam, o WGEF tem trabalhado, seguindo um modelo de ciência para gestão, no qual a recolha dos dados e as avaliações científicas vêm em primeiro lugar, depois a regulamentação da pescaria e, por fim, a aplicação das políticas da pesca. Neste sentido, é essencial que a recolha dos dados e o modelo de ciência para gestão seja feita de forma continua, a fim de garantir a sustentabilidade das unidades populacionais e das pescarias”.