AGRICULTURA: QUEM A DEFENDE?

Os Açores são uma região ultraperiférica e, essencialmente, rural. Foram e sempre serão uma região agrícola, vivendo da terra e para a terra! Já os nossos antepassados impulsionaram o nosso desenvolvimento agrícola, porque inteligentemente previam que o “nosso melhor ouro residia nas espigas alouradas das nossas searas”.

Ser agricultor é uma tarefa árdua, mais que uma profissão é um estilo de vida. Habituamo-nos a que os nossos dias sejam um semblante de mistério e incógnita no que toca ao futuro. Todos os dias lutamos por mais e melhores condições, seja para nós próprios, seja para os nossos animais ou para os que dependem da nossa atividade. Todos os dias ansiamos para que o fruto do nosso trabalho seja mais promissor. Do leite ao vinho, da carne à fruta, nas mais variadas fatias deste sector, cada profissional trabalha para que a nossa economia seja assente neste pilar tão forte e tão nosso, que é a Agricultura.  E hoje, mais do que nunca precisamos de olhar a sério para ela. Não podemos deixar-nos desencorajar pelas tempestades que, dia a dia, vamos enfrentando.

Trabalhamos árdua e continuamente para que nas mesas do nosso povo o melhor seja presenteado. Trabalhamos na esperança e lutamos com todas as nossas forças, ultrapassamos o limite da nossa competência, e do outro lado esperamos que quem nos representa possa ser merecedor e digno do seu título.

Defender a Agricultura e tudo o que ela acarreta é defender o nosso património, a nossa cultura, a nossa economia. É defender gerações e famílias inteiras que transmitem esse gosto pela Terra à sua descendência e, assim, vão passando, de geração em geração, essa expectativa, esse orgulho de poder dar aos outros o seu alimento, enriquecido pela nossa Natureza.

Quem defende a Agricultura tem de compreender o peso da sua responsabilidade e todos os efeitos que advirão da sua postura.

Esperamos que todos tenham essas convicções: lutar todos os dias por mais e melhores condições, por mais e melhores apoios. Nunca baixar a guardar quando o que defendem são os nossos agricultores, a vida deles e das suas famílias. Nunca baixar a guardar quando o que defendem é o constante progresso e desenvolvimento do nosso sector. Nunca baixar a guardar quando os desafios parecem impossíveis de superar, porque na Agricultura, onde as pessoas que lá trabalham passam os seus dias a lutar com adversidades, não há situações, principalmente as de carácter burocrático, que sejam impossíveis de contornar.

Exige-se de quem nos representa que seja capaz de nos projetar ao mais alto patamar e esteja lá a lutar com todas as suas forças e a fazer jus da sua competência.

No entanto, esse desejo, por vezes é atalhado pelo derrotismo com que tais feições se apresentam. Dar por encerrado um capítulo, ou mesmo dar por terminada uma guerra que ainda mal se desbravou, colocando o infortúnio no comprometimento alheio é inglório para qualquer cidadão, principalmente para aqueles que acham que subindo ao poder têm a verdade nas mãos.

Ora bem, todas e todos os Agricultores, de Santa Maria ao Corvo, merecem mais, merecem luta nas mais duras praças, merecem que quem os representa, os dignifique, encetando as diligências necessárias pelas suas justas reivindicações. Aquele que se apresentar como derrotado perante os desafios não merece estar na defesa da nossa Agricultura.