A Associação para o Desenvolvimento de Gaia – AMARGAIA é uma instituição sem fins lucrativos, que tem como objetivo a promoção da evolução económica, social, cultural, desportiva, gastronómica, etnográfica, educativa e formativa no concelho de Vila Nova de Gaia, com o intuito de melhorar a qualidade de vida na localidade. Manuel António Ribeiro, presidente do Conselho Diretivo desta Associação, falou, em entrevista ao AUDIÊNCIA, sobre os seus sonhos e sobre os inúmeros projetos implementados, com o propósito de “fazer o que ainda não foi feito” não só no que respeitam as respostas sociais, como em relação a apoios tanto ao setor público e como ao setor privado.
Qual é a história da fundação da Associação para o Desenvolvimento de Gaia – AMARGAIA?
A Associação para o Desenvolvimento de Gaia, também conhecida por AMARGAIA, tem como grande objetivo a promoção do desenvolvimento local, ou seja, na década de 80 nasceram as Associações de Desenvolvimento Local, que tinham como propósito a descentralização em termos económicos de recursos, de projetos e, anos depois, as associações empresariais vieram, de alguma forma, a ter outra dimensão e as Associações de Desenvolvimento Local têm um papel fulcral em todo o país. Elas destacaram-se pelo interior, onde esse desenvolvimento chega mais tarde ou tem mais dificuldades e Gaia não tinha uma Associação de Desenvolvimento Local, pelo que, na altura, ela foi constituída com esse propósito, ou seja, de promoção, de apoio ao desenvolvimento local, neste caso, do concelho de Gaia. A Associação de Desenvolvimento de Gaia tem como foco várias áreas desde a cultura, desde o turismo, desde a qualidade de vida, desde a evolução tecnológica, desde a gastronomia, desde a etnografia, desde o empreendedorismo, desde a dimensão sociocultural, desde o desporto, desde a ação social, isto é, toca em quase todas as áreas, digamos, setoriais. A Associação não tem o papel de fazer concorrência a nenhuma associação, nem a nenhuma coletividade, nem a nenhuma entidade, mas tem o propósito de congregar, ou seja, de alavancar o que existe, de forma a potencializar mais, mas não só, pois principalmente de fazer ou dar resposta a situações em que as respostas não existem ou se existem as respostas são mais ténues. Como sabe, esta é uma associação sem fins lucrativos. Os órgãos sociais não podem ter qualquer tipo de remuneração e não têm. São pessoas extraordinárias e cada uma tem as suas funções profissionais e retiram do seu ambiente familiar, retiram até muitas vezes do seu tempo livre fora do seu local de trabalho, para proporcionarem este apoio à comunidade. Nós temos várias pessoas que fazem parte dos órgãos sociais e que pertencem a vários estratos sociais e a vários setores do nosso concelho e que, com esse know-how, podemos hoje ter, digamos, a dimensão que temos e, também, podemos vir a crescer.
Quantos sócios tem a AMARGAIA? Quem procura esta Associação?
Nós temos, neste momento, mais de 500 sócios. Esta Associação, como eu lhe disse, é procurada por todo o setor, quer o setor empresarial privado, que inclusive o setor social. Nós damos todo o apoio logístico e até jurídico muitas das vezes. Nós temos também um Gabinete de Apoio Jurídico, que permite, digamos, dar um apoio real e imediato, até na gestão de conflitos empresariais, na resolução de problemas referentes a despedimentos ou em relação à contratação, entre outros, porque existem muitas empresas que não têm capacidade e nós damos essa resposta. Depois tem a questão social, que é quase que, eu diria, uma questão de moralidade, quer dos projetos sociais, onde estamos envolvidos, que já são consideráveis, pois estamos a falar aqui de um grupo de quase 25 pessoas envolvidas e isto parece que não, mas já começa a ser uma estrutura considerável e depois surgem outras necessidades.
A AMARGAIA desenvolve vários projetos ligados à inclusão social de crianças e jovens de contextos desfavorecidos, através da educação, da formação, da qualificação e da dinamização comunitária. Pode falar-me sobre eles?
Neste seguimento, eu posso destacar dois grandes projetos que a Associação para p Desenvolvimento de Gaia tem em curso. Um já vai na sétima geração, que é o Projeto Escolhas, que é um projeto que é financiado pelo Alto Comissariado para as Minorias e, com esse financiamento, nós fizemos uma candidatura a um projeto que se chama “Escolhe Amar +”, que se desenvolve em Cabo Mor, no empreendimento do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e também em Ruy Carvalho, que é um empreendimento de habitação social, que pertence ao município. Portanto, nós desenvolvemos lá atividades quer para o estudo, quer atividades desportivas, quer ações de fotografia, quer de teatro, com os meninos e meninas, que, neste caso, são minorias, ou imigrantes ou da etnia cigana, e estes meninos e meninas têm a possibilidade, com este projeto, de terem acesso a algumas, digamos, atividades às quais, sem o projeto, não teriam acesso. Este projeto não se foca, exclusivamente, nas crianças, apesar de elas serem porta-vozes de uma mudança de mentalidades, onde, digamos, ainda estão enraizados alguns preconceitos e as crianças são, de facto, eu diria, esse holofote, são esse megafone. Como tal, este projeto contempla, ao mesmo tempo, ações, por exemplo, de sensibilização com os jovens e os adultos, nomeadamente os pais, que passam, por exemplo, por ações sobre gestão de conflitos, sobre gestão familiar, sobre parentalidade, sobre questões ambientais e nós, neste projeto, temos já envolvidas cerca de 250 pessoas entre crianças e adultos, ou seja, nós temos um projeto muito bem concebido em Cabo Mor e em Ruy Carvalho. Posso dizer-lhe que uma das dificuldades com que nós nos deparámos em Cabo Mor e que já não temos ao nível de Ruy de Carvalho, porque como é um bairro municipal, o município, e bem, tem dotado de técnicos de ação social, que, periodicamente ou todas as semanas, vão ao bairro e onde têm um local, um apartamento reservado, em que aquele espaço é apenas para o município realizar lá diversas atividades, ou seja, no fundo, é ali o atendimento para o bairro. Em Cabo Mor não existe isso e, de facto, isso é uma enorme dificuldade para nós, mas temos a sorte de, no consórcio que constitui este projeto, que é o Agrupamento de Escolas António Sérgio, o IPSGAYA, a Junta de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso, que extraordinariamente e amavelmente nos cede um edifício, que fica relativamente próximo do bairro, onde nós utilizamos as instalações para darmos apoio ao estudo, para as crianças terem um local que lhes permita ter acesso a aulas de dança e onde nós realizamos as atividades que têm de ser efetuadas em contexto de sala de aula. A Escola António Sérgio, fantasticamente apoia-nos com a possibilidade de nós realizarmos atividades desportivas no Pavilhão e no Centro Desportivo da Escola e também temos a ACES Gaia, isto é, o Agrupamento de Centros de Saúde do Grande Porto VII – Gaia, que nos dá apoio em termos de saúde, ou seja, com atividades e com iniciativas relacionadas com a saúde, quer até em termos de pandemia, quer até em termos de hábitos alimentares, quer de hábitos de higiene, e, com isto, temos aqui uma parceria que eu acho que é feliz no consórcio ao lado da Junta de Freguesia de Mafamude e de Vilar do Paraíso, que nos dá o apoio logístico e não só, o Agrupamento de Escolas que, através do projeto e com a Escola, conseguimos dar um apoio, por exemplo, àqueles imigrantes que estão nas escolas e cujas integrações são mais difíceis e com o nosso projeto conseguimos ter aqui uma inclusão e uma mais fácil, digamos, adaptação ao nosso país e, neste caso, à nossa comunidade. Digamos que por, eu diria quase como expectativa, este projeto foi aprovado na 7ª Geração do Programa Escolhas, haverá a 8ª Geração, certamente, e aquilo a que nós nos propomos é vir a candidatar-nos à mesma. Eu espero que em Cabo Mor possa vir a existir um apartamento ou um espaço onde o projeto social, isto é, o nosso ou outro projeto social, tenha um sítio onde se possa desenvolver e, assim, melhorar hábitos até sociais, até de habitação, até de socialização, porque se os moradores souberem que têm ali ou acolá um sítio onde se podem reunir, onde podem criar uma associação de moradores e debater sobre problemas que tenham, por exemplo, na qualidade dos passeios, dos espaços verdes, que podem ter um espaço onde se podem reunir, ou até onde as crianças podem aprender depois das aulas a saber estar, aprender as novas tecnologias, aprender a estudar, aprender que têm e que devem ir à escola, portanto isto são tudo ferramentas importantes, que fazem com que o projeto esteja a ser um sucesso até à data, no seu ano e quatro meses de existência.
O Gabinete de Apoio à Vítima Sénior, também é um projeto da Associação para o Desenvolvimento de Gaia e presta serviços de acompanhamento psicológico, social e aconselhamento jurídico, de forma gratuita e confidencial, à população sénior na qualidade de vítimas de violência doméstica. O que está na origem da criação deste projeto e qual é a missão do mesmo?
Este projeto é inovador, por ser único a nível nacional. O Gabinete de Apoio à Vítima Sénior e é um Gabinete, digamos, que dá resposta, e este é o foco, com uma especialização, ou seja, é um Gabinete de Apoio à Vítima e este conceito existe já em vários sítios, mas Gabinete de Apoio à Vítima com a especificação do idoso, é o único a nível nacional. Este projeto surgiu de uma candidatura que a AMARGAIA fez e é financiado pela Comissão da Igualdade de Género e tem um propósito, um propósito que eu acho que é um flagelo para nossa a sociedade neste momento, que é uma população que, a meu ver, é a população mais vulnerável, permita-me a expressão, porque nós vivemos durante os últimos anos focados, e bem, em resolver uma faixa etária, que era a que estava, digamos, vulnerável, que eram as crianças, ou seja, há uns anos atrás, as crianças só podiam ir para a escola aos 5 anos de idade e o que acontecia era que as creches e os pré-escolares não existiam com abundância, era um setor privado, e as crianças ficavam lá para os pais irem trabalhar, mas hoje não é assim, hoje temos uma rede de creches e pré-escolares muito razoável, aliás eu podia dizer que, de uma forma genérica, dos 3 aos 5 anos as nossas crianças já podem ir para o pré-escolar e eu acho que o passo seguinte era, um dia, chegar ao berçário, ou seja, que as crianças pudessem ir antes dos 3 anos, mas isso eu acho que é outro passo, até porque relativamente às licenças de maternidade e de paternidade, fruto da igualdade de género, bem-haja, o pai e a mãe têm as mesmas responsabilidades, o que já ajuda no apoio familiar, mas há um, dira, um grupo, e aí sim, é uma população que eu acho que está, hoje, muito vulnerável que é a população idosa. Hoje nós temos, fruto da sociedade onde vivemos, expostos os nossos pais, os nossos avós e os nossos bisavós e eu diria, por um lado, que as circunstâncias de hoje, porque a vida é muito mais difícil e quando digo mais difícil, quero dizer que é muito mais volátil e muito mais inconstante em termos profissionais, uma vez que hoje estamos a trabalhar aqui e amanhã estamos a trabalhar noutra cidade ou até noutro país e o apoio às famílias, nomeadamente aos pais, é mais difícil, mas eu acho que esse não é o principal problema. Eu acho que o principal problema, e é esse o flagelo, é o abandono premeditado ou criminoso, passo a expressão, porque hoje não é crime, dos seniores e esta população vulnerável tem em nós, através do Gabinete de Apoio à Vítima Sénior, uma possível resposta e nós respondemos a todos os casos de violência, a todos os casos de idosos que sofrem de violência e, por isso, recebemos todos os casos de violência contra idosos. O telefone está ligado 24 horas por dia, mas se recebermos uma chamada de alguém, não sénior, a dizer que é vítima de violência, nós também não negamos essa resposta, nós atendemos e reencaminhamos para o Gabinete de Apoio à Vítima. Contudo, se for idoso, então nós aí sim, não só atendemos, como acompanhamos todo o processo desde a parte criminal, até à parte de acompanhamento da vítima. Nós temos parceria com a GNR e com a PSP, que são as entidades que recebem e que agem legalmente e, a partir do momento em que a vítima toma a coragem, porque de facto aqui, existe muitas vezes essa questão, porque como eu disse há pouco, o flagelo é inqualificável e nós temos infelizmente em Gaia, porque nós temos estes casos, já acompanhamos estes casos, infelizmente, de filhos que agridem os pais, de cuidadores que agridem quem cuidam, de filhos porque querem adquirir a propriedade ou as propriedades dos pais e querem que as suas vidas terminem o mais depressa possível, outros porque não têm trabalho e obrigam os pais a darem-lhes dinheiro e se os pais não tiverem ou se o que tiverem se destine a pagar contas e medicamentos, são roubados, são amarrados. Posso dizer-lhe que existem episódios que me arrepiam e eu nem sei descrever muito mais estes atos bárbaros, que existem na nossa sociedade. Eu digo na nossa sociedade, porque conhecemos, porque temos no terreno uma coordenadora, duas técnicas e um técnico, que dão apoio, através das várias parcerias que nós temos em todo o concelho, porque nos temos uma parceria com a Câmara Municipal de Gaia, através do Gabinete de Ação Social e temos uma parceria com todas as Juntas de Freguesia, que nos permitem, digamos, a proximidade. A inovação deste projeto está relacionada com o facto de nós não estarmos fixos aqui nas instalações, uma vez que nós podemos e temos a disponibilidade das nossas técnicas, para se deslocarem a uma Junta de Freguesia, onde a vítima possa estar mais à vontade para se dirigir até lá, por isso é mais próximo, porque a mobilidade também é mais reduzida, pois estamos a falar de pessoas seniores, daí o flagelo, pois muitas das pessoas não conseguem deslocar-se por questões físicas ou questões financeiras e nós precisamos, até se nos chamarem e entenderem que querem fazer o atendimento em casa, nós vamos até lá. A inovação é esta, é uma inovação de proximidade, é nós apoiarmos a vítima e, inclusive, podermos tratar do processo o mais rapidamente possível, para irradiarmos este flagelo que a vítima vive, seja um idoso ou seja uma idosa. Isto só é possível graças a esta dinâmica e a esta relação que existe de proximidade com as Juntas de Freguesia, porque são elas o poder local de proximidade e é mais fácil, através das assistentes sociais e dos gabinetes sociais que estas Juntas de Freguesia têm e que muitas vezes umas por denúncia, outras porque têm conhecimento e associando-se aos lares e aos centros de dia que existem pelo concelho, permitem-nos ter, digamos, esta resposta de uma forma célere, imediata e, com isto, evitando, digamos, males que existem e tentando pôr fim, digamos, a um crime que é arrepiante. O Gabinete de Apoio à Vítima Sénior começou no dia 29 de dezembro de 2019. Este projeto é de 3 anos e é financiado, como eu disse, pela Comissão da Igualdade de Género e este projeto, para além da parceria que tem com todas as Juntas de Freguesia e com o município, nós, digamos, fizemos e continuamos a fazer várias ações de divulgação com os centros de dia, com os lares, com os centros paroquiais, com as próprias igrejas, pois, muitas vezes, os padres têm conhecimento através, até de desabafo, e até no ato de confissão dos próprios fiéis. Posso dizer-lhe que, muitas das vezes, há uma falta de coragem para denunciar, há uma falta de coragem para participar e só podemos avançar para um processo judicial mediante uma queixa da vítima, ou seja, se nós tivermos conhecimento de que alguém está a ser vítima de violência, não tenha dúvida alguma de que nós atuamos, porque não iremos compactuar, mas há uma falta de coragem de todas aquelas pessoas. Este projeto é inovador, porque é o primeiro projeto em Portugal e daqui a três anos, o que esperam as entidades, neste momento, porque ele é financiado através do CIG e a ideia é que no fim do projeto ele passe a ser financiado através do Orçamento de Estado, através de uma secretaria de Estado, para conseguirmos, através desse financiamento, a nível nacional, expandir esta reposta através do exemplo que foi feito aqui em Vila Nova de Gaia. Portanto, pretende-se que, através do Gabinete de Apoio à Vítima Sénior, que se desenvolve aqui na AMARGAIA, seja possível tirarmos o manual de boas práticas e de instruções, para que seja replicado a nível nacional, ou seja, é isto o que a CIG e o próprio Estado esperam de nós, porque existem, certamente, outras entidades que gostariam de dar resposta, porque este flagelo que nós temos em Gaia, não é só em Gaia, uma vez que este flagelo que nós temos é por todo o país. Nós também já fomos consultados pela comunidade europeia para fazer a apresentação do projeto, porque, até a nível europeu, é um projeto também inovador. Falando sobre a situação atual que vivemos, que está relacionada com a proliferação da covid-19 em Portugal e no mundo, eu posso afirmar que o confinamento veio tornar as coisas muito mais duras, porque a violência aumenta mais, porque estão retidas em casa, o agressor vive com a vítima e com a obrigatoriedade do confinamento, o conflito é diário e daí a violência também ter aumentado. Passado do estado de confinamento e passando para o estado de desconfinamento e agora de contingência, esta população idosa continua a estar em casa retraída, também para se precaver de um eventual contágio, porque é uma população de risco, daí o risco de violência continuar a existir.
Para além da resposta social, a AMARGAIA também apoia o tecido empresarial privado, bem como o tecido empresarial público. Quais são os recursos disponibilizados por esta instituição, tendo em vista a promoção do desenvolvimento local, nas mais variadas áreas?
Nós prestamos um apoio institucional, ou seja, nós pretendemos ajudar os nossos associados quer o tecido empresarial privado, quer o tecido empresarial público e do setor público é do setor social que estamos a falar, ou seja, das associações, das coletividades e dos clubes e nós damos um apoio de variadas formas. Nós temos apresentado algumas sugestões, algumas propostas de consultadoria aos nossos associados. Falo, por exemplo, na pegada ambiental, na gestão das telecomunicações e na eficiência energética, ou seja nós temos associados que nos consultam para darmos uma opinião sobre como reduzir, por exemplo, a fatura energética da empresa, sobre como podem ter acesso a fundos europeus e a financiamento nacional e internacional e, aí, nós também temos um departamento que faz candidaturas a fundos europeus, que é, de facto, uma pedra no sapato, porque nós vemos a nossa comunicação social a dizer que há milhões de euros que vêm para Portugal, mas a maior dificuldade é, de facto, que esses milhões possam chegar, por exemplo, às micro, pequenas e até médias empresas. Quem é que das micro, pequenas e médias empresas tem capacidade para fazer uma candidatura a fundos europeus? Não têm capacidade porque as candidaturas são técnicas, precisam de determinados conhecimentos, são burocráticas, porque realmente têm de ser, mas as micro, as pequenas e as médias empresas não têm capacidade, porque as grandes empresas pagam a gabinetes que fazem as candidaturas, mas as micros, as pequenas e as médias não têm esses recursos e nós damos essa resposta, ou seja, nós fazemos candidaturas para o tecido empresarial. Depois, nós apresentamos projetos, como apresentamos recentemente um projeto no qual sugerimos às empresas alterarem o seu parque automóvel para veículos elétricos e dotando as empresas de carregamentos próprios em que possam dar um pequeno contributo ao trabalhador, dizendo que o trabalhador que dotar de veículo elétrico pode recarregá-lo gratuitamente na empresa, ou seja, é quase como uma espécie de subsídio de transporte, porque para uma empresa ter lá um carro a carregar, não tem a mínima expressão e é um incentivo ao trabalhador, ou seja, era uma forma de alavancar a mobilidade elétrica, ou seja, diminuindo as emissões de CO2, através do transporte e, ao mesmo tempo, fazer, de alguma forma, com que indústria se associe à pegada ambiental e à eficiência energética, uma vez que também apoiamos as empresas no que concerne o papel significativo da iluminação, com estudos luminotécnicos, no cálculo em termos de energia, entre outros apoios relacionados, por exemplo, com a contratação pública, porque há muitas empresas que não têm a capacidade de terem conhecimentos para darem resposta contabilisticamente. Outro grande apoio que nós damos é em termos de formação, pois como sabe, as empresas são obrigadas a darem eram 35 horas agora são 48 horas anuais de formação e muitas empresas, algumas por desconhecimento outras por terem dificuldades, pelo que nós damos esse apoio e através de um diagnóstico da necessidade dos trabalhadores, nós criamos um plano de formação para essas empresas. Para além disso, nós também tentamos, de acordo com as nossas possibilidades, ajudar as coletividades e associações no que podemos. O meu objetivo aqui é que possamos dar resposta e que possamos ajudar o maior número possível de empresas e o maior número possível de instituições, porque se nós ajudarmos as empresas, estamos a criar postos de trabalho e ao estarmos a ajudar a criar postos de trabalho, automaticamente, estamos a melhorar a qualidade de vida no concelho e nós estamos a ajudar as instituições sem fins lucrativos, as pessoas, as coletividades e os clubes. Nós criamos, durante o ano transato, uma base de dados de gestão multitarefas e apresentamos este projeto na Gala que fizemos e com isso as coletividades e as pessoas que quiseram tiveram essa base de dados gratuitamente. Este projeto surgiu de uma parceria com o IPSGAYA em que os alunos de informática fizeram essa base de dados e depois nós facultamos às instituições. Uma das coisas que nós também pretendemos fazer é visitas ao setor, eu diria, associativo e ao setor público, no sentido de coletividade, porque muitas delas, como a nossa, são, constituídas, eu diria, por seres humanos que dão o seu, quer a nível do desporto, quer a nível da cultura, quer a nível do teatro, seja o que for, mas dão o seu contributo e se nós chegarmos lá, muitas das vezes, as instalações, por exemplo, uma simples instalação elétrica está em condições que colocam em risco a integridade física de quem lá está, seja nos clubes, seja nas associações recreativas, pois muitas vezes não existem condições, contudo não têm condições, porque os dirigentes não têm capacidade técnica, pelo que nós, em parceira com a Associação dos Engenheiros Eletrotécnicos de Portugal, na qual eu também sou vice-presidente, iremos fazer uma visita, de uma forma, digamos, agendada, combinada, em todas as associações que a quiserem e iremos ao local e dizemos quais são os perigos, as correções a fazer, de que forma podem poupar energia. Nós seguimos todos estes atos e eu acho que o voluntariado e o associativismo devem existir, porque tudo isto são pequenas ações que uma instituição também pode fazer sob forma de contributo a quem precisa. A AMARGAIA também promove, que é uma das áreas e também tem na sua rede social, o desporto e então, além das atividades desportivas que desenvolve, tem duas secções desportivas, tem uma que é o Futsal, onde participa no Campeonato Nacional do INATEL e tem outra secção de Padel. O Padel é entre associados, não tem competição, mas o Futsal tem competição e este ano se não fosse a pandemia, nós teríamos todas as possibilidades de sermos campeões distritais, porque estávamos a 6 ou 7 pontos do primeiro e podíamos, certamente, alcançar o sonho de sermos campeões distritais e, depois, nacionais. É, também, um incentivo a que as pessoas, os associados, os funcionários das empresas possam praticar desporto.
Que outros projetos pretende a Associação para o Desenvolvimento de Gaia desenvolver no futuro?
Entre outros projetos, nós temos aqui alguns que se destacam e que, de facto, gostávamos de os colocar em prática. Um, por um lado, era aumentarmos a nossa Loja Social. Nós temos uma pequena Loja Social, para a qual recebemos donativos de pessoas extraordinárias que nos fazem chegar alimentos, até de alguns hipermercados e nós fazemos a distribuição desses alimentos e até de alguma roupa pelas famílias carenciadas, que nós vamos identificando nos projetos sociais em que estamos envolvidos. Todavia, nós gostávamos de ter uma outra dimensão, mas as instalações que temos são as que são, mas é de facto um sonho e um objetivo que nós desejamos é que um dia possamos ter uma sede própria, uma sede com os recursos, como outras associações e coletividades que existem aqui no concelho já têm. Nós damos apoio, inclusive, ao Banco Alimentar, que foi criado pelo Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, dentro das nossas possibilidades, mas ainda não abrimos a porta da nossa Loja Social, porque temos a perfeita consciência de que com esta pandemia, aumentaram as necessidades dos cidadãos. No entanto, nós tentamos dar resposta àquelas famílias que os nossos projetos no terreno vão identificando, porque muitos dos meninos que participam nos nossos projetos vão com algum embaraço dizendo que têm fome e as técnicas vão buscar à Loja Social alguma comida para, de imediato, darem uma resposta a uma desnutrição ou desidratação por não terem água em casa. Nós estamos a falar de famílias e a resposta é dada desta forma, dentro das possibilidades. Paralelamente ao projeto da Loja Social, há um projeto que gostávamos de pôr em prática, que tem o nome de “Ensina-me +”. Eu diria que os nossos projetos têm uma ligação quase umbilical, pois se eu há pouco falava sobre o flagelo dos idosos, há outra coisa que eu preciso dizer das pessoas idosas, é que elas têm um conhecimento único e a sociedade está a desperdiçá-lo, ou seja, custa-me perceber e custa-me entender como é que a sociedade desperdiça um conhecimento inato, porque muitas destas pessoas e eu tenho essa experiência e, aliás, é um dos próximos projetos que será lançado ao ISPGAYA ou até a outra instituição do Ensino Superior, que passa por criar uma aplicação, uma app, para que este projeto possa estar, digamos, associado, que é uma app denominada “O Voluntário”, em que qualquer pessoa pode descarregar aquela aplicação e, por exemplo, uma pessoa aposentada da área da Engenharia Eletrotécnica, ou da Enfermagem ou da Medicina, ou do Ensino, ou da pintura, ou da mecânica, entre outras, pode disponibilizar-se para ajudar alguém que precise, porque há tanta gente que adquire a sua formação ao longo dos anos, quer académica, quer profissional, e depois chega ao final do exercício da sua função e das suas responsabilidades e muitas pessoas estão em casa e sofrem de solidão, sofrem de depressão, sentem-se inúteis e com este projeto “Ensina-me +” ou “Ensine-me +”, o objetivo é que as pessoas possam ir ao projeto “Escolhe Amar +” e ir àquelas crianças e quem foi pintor ensine a pintar, quem foi atriz ensaie uma peça de teatro, pois seja qual a função, pode perfeitamente ser útil. Há tantas, tantas pessoas que têm tanto conhecimento e que está, neste momento, a ser desperdiçado e, com este projeto, o objetivo é primeiro, fazer com as pessoas se sintam úteis, prestáveis à sociedade e, por outro lado, que eu acho que também é importante, porque vai colmatar uma resposta que é urgente, porque existem muitos idosos que, por estarem acamados, por terem dificuldades motoras, por viverem em apartamentos sem elevador e não conseguirem descer as escadas e não têm visitas e ir fazer essa visita periódica é importante, pelo que estes profissionais voluntários podem visitar e podem verificar as necessidades das pessoas, por exemplo se alguém tiver uma ferida, nós encaminhamos para a Cruz Vermelha, para alguém que dá resposta, se uma pessoa precisar de pintar uns tetos, ou seja, tudo isto nós podemos fazer e estes profissionais voluntários seriam quase mensageiros das necessidades e também seriam uma voz amiga. Esse era o projeto, mas é óbvio que nós precisamos de recursos, porque os voluntários já fazem isto gratuitamente e deslocarem-se no seu próprio carro não me parece justo, não parece justo da minha parte pedir-lhes isso. Nós não temos, neste momento, viatura própria. De facto, é um objetivo que gostaríamos de ver concretizado, porque todos os projetos que eu acabei de apresentar, todos eles e todas as ações que nós fazemos é tudo feito através de deslocações nas nossas próprias viaturas e não me parece razoável que os dirigentes, que já dão do seu tempo, ainda tenham de utilizar os seus recursos próprios. De facto, um dos nossos objetivos era a aquisição de uma viatura, para aí sim, pormos em prática as recolhas da Loja Social, porque é algo que realizamos nas viaturas dos dirigentes e dos voluntários e, por isso, era urgente termos uma viatura própria, esse é um dos nossos objetivos a curto prazo. Temos outros dois projetos, que contemplam a realização de dois eventos, que gostaríamos de realizar em Gaia, um, de facto, eu diria pela beleza, pelo impacto, até pelo carisma e porque eu acho que iria ser um sucesso, que contempla a realização da primeira Noite Branca em Gaia e eu tenho de dar aqui um elogio ao município de Gaia, ao executivo, porque, de facto, este executivo teve, de facto, a coragem de transformar aquela marginal do Cais de Gaia, numa das maiores praças, se não na maior praça ribeirinha da Europa ou numa das maiores do mundo e que deu, de facto, ali uma vida àquele espaço, que é um palco a todos os níveis e a ideia é concebermos ali uma Noite Branca, mas o projeto não é fazer a Noite Branca, mas é sim fazer as Noites Brancas, fazer pelo menos um fim-de-semana, sendo que nesse fim-de-semana poderíamos dotar aquela avenida de todas as pessoas vestidas de branco e criar aquela dinâmica que, por si só, já existe, com aquela indústria do vinho, que naturalmente urge, com aquela indústria do turismo que, se Deus quiser, no fim da pandemia será realizável e todo aquele tecido empresarial e comercial que existe no Cais e com vista, de facto, no futuro, para que possa numa segunda, terceira ou quarta edição realizar-se nas duas margens, com a ligação da ponte. Nós pretendemos criar estas Noites Brancas com um carisma social, um carisma cultural a uma escala, que eu acho que seria, eu diria, ímpar, porque aquele cenário quer de um lado a Serra do Pilar, quer do outro a Sé, e naquelas margens as pessoas a circularem vestidas de branco e fazermos com toda a agenda musical e cultural que poderíamos ter ali, com o foco de chamarmos todos os nossos artistas gaienses e dar-lhes a oportunidade de eles usarem este palco das Noites Brancas. O outro evento de carisma empresarial era, de facto, fazermos a Feira Empresarial de Gaia. Nós temos o terceiro maior concelho do país, estamos numa região que é a maior região empresarial do país e o Porto tem, de facto, na Alfândega, um espaço considerável para fazer e a própria EXPONOR, mas eu acho que nós podemos fazer, porque Gaia tem todo esse potencial de fazer uma feira empresarial, reunindo todo o nosso tecido empresarial. Nós não temos de ter complexo nenhum em dizer que Gaia é um dos maiores produtores de garrafas de vidro, com todo o respeito pelo Porto. Eu não tenho nada contra o Porto, eu adoro a cidade do Porto, agora eu acho que o Porto tem o seu potencial, mas Gaia também tem o seu potencial, isto é uma questão de raízes. Nós temos muito tecido empresarial que precisa, urgentemente, de montra, porque num mundo cada vez mais global, num mundo onde cada vez mais proliferará aquele que tem mais recurso financeiro para fazer a maior e a melhor campanha de publicidade, então nós temos de ajudar a alavancar, porque este tecido empresarial, nomeadamente as micro, as médias e as pequenas empresas, que alimentam milhares de postos de trabalho, não têm capacidade financeira para apostar muito na promoção e eu acho que a AMARGAIA, através do fundamental apoio do município e de outras entidades, pode ajudar. O que se pretende aqui com a primeira Feira Empresarial é criar, digamos, um espaço e pode ser perfeitamente no Centro de Alto Rendimento, pois tem três naves, e nós podemos fazer ali quase que uma mini Fil ou uma mini Expo, eu digo mini, tendo em conta a dimensão dos pavilhões, mas podemos, com aqueles recursos, ter vários stands, nos quais cada empresa de Gaia pudesse apresentar o seu produto, o seu serviço, e depois a ideia era convidarmos um país, todos os anos, e esse país trazia cá uma comitiva de empresários para poderem visualizar, eu diria, o que é feito em Gaia, o que de melhor se faz em Gaia e poder aí abrir portas à exportação, que é, de facto, o grande foco de alavanque para o crescimento das empresas. Este conceito pretende, aqui, de alguma forma, estimular os empresários do concelho, por um lado a terem voz, por um lado a terem promoção e por outro lado a poderem, entre empresários, criarem aqui, e este também é o nosso foco e hoje já fazemos isso, uma network, ou seja podermos fazer aqui uma rede e criar aqui uma dinâmica de cooperação empresarial e a Feira Empresarial cria esta alavanca. O “Ensino à Distância” será o próximo projeto a curto prazo que queremos desenvolver e que engloba a formação à distância, porque será o futuro a curto prazo e que ninguém tenha dúvidas disso, porque se a pandemia veio trazer, eu diria, um choque à sociedade, também veio trazer um choque tecnológico. O ensino à distância será uma das ferramentas do futuro. A AMARGAIA também pretende apoiar a Confraria da Broa de Avintes, para que, juntamente com a Câmara Municipal de Gaia, seja criado o Museu da Broa de Avintes, ou seja, que em Gaia possa ser criado o Museu da Broa de Avintes, e espero que nós possamos ajudar a Confraria da Broa de Avintes a realizar esse sonho, porque eu sei que a Câmara tem, digamos, esse acordo com a Confraria. Para além disso, eu espero conseguir realizar, no fim desta pandemia, a 2ª Gala da AMARGAIA, com o intuito de homenagear todas as pessoas que merecem ser homenageadas por tudo o que fazem no concelho. As pessoas não precisam de ser dirigentes de uma associação para dar o seu contributo, as pessoas podem perfeitamente dar o seu contributo e a AMARGAIA está atenta a essas pessoas e nós na 1ª Gala tivemos a oportunidade de homenagear várias pessoas que prestaram gestos de importante relevo no concelho. Daí esperarmos realizar a 2ª Gala no mais curto espaço de tempo possível, mas depende da situação pandémica, só quando a pandemia nos der as condições para isso. Depois, existem outros desafios, com que nos deparamos todos os dias. Como eu digo, o caminho faz-se caminhando e nós temos imensos desafios, temos é de ter, também, a consciência de que temos as condições que temos, os recursos que temos e não vale a pena estarmos aqui a fazer grandes eventos, grandes iniciativas, porque é preferível fazermos projetos, poucos projetos, mas exequíveis, do que estarmos a fazer vários projetos e os mesmos não serem exequíveis ou serem de difícil execução.
Relativamente à AMARGAIA, qual é o seu maior sonho?
Eu gostava que a AMARGAIA e a ideia de todo o conselho diretivo e de todos os órgãos sociais, que aproveito para dizer que são compostos por pessoas fantásticas e extraordinárias, é, de facto, “fazer o que ainda não foi feito”, uma frase de um cantor que todos nós conhecemos, que é o Pedro Abrunhosa, mas associamos “fazer o que ainda não foi feito”, porque há muito para fazer. O meu sonho é que a AMARGAIA possa ser útil, que a AMARGAIA possa contribuir para a felicidade dos gaienses e não só, mas, principalmente dos gaienses, mas, principalmente, não só queremos contribuir para a felicidade dos gaienses, porque, de alguma forma, existem muitos que, por muito mais que nós queiramos proporcionar felicidade, eu não posso conseguir promover a felicidade a alguém que não tem recursos para alimentar os filhos, porque não tem emprego, a AMARGAIA não pode dar emprego, mas pode dar alimento, mas eu não estou a dar felicidade àquela família, eu estou é a contribuir para minimizar o sofrimento e eu espero que a AMARGAIA possa contribuir, de alguma forma, para minimizar o sofrimento de muitas famílias e possa, digamos, apoiar em todos os sentidos, todo o setor empresarial, todo o setor público e privado e que com este apoio e com esta dinâmica e estas ideias, possa contribuir para uma qualidade de vida melhor para todos os mais de 300 mil habitantes do nosso concelho. Aproveito para dar uma palavra a todos os empresários, porque, de facto, são eles que produzem o tecido empresarial e são eles que promovem o emprego e esse emprego proporciona a qualidade de vida e a qualidade de viver, porque eu acho que só existe qualidade de vida se existir trabalho, porque alguém que não tenha trabalho tem muita dificuldade, porque não tem recursos para poder ter um projeto de família, para poder ter um projeto de vida, para poder ter a sua própria vida, para poder ter a dignidade de ser cidadão, passo a expressão. Eu acho que também é importante dizer que, nesse aspeto, o município tem dado um contributo considerável no apoio ao tecido empresarial e ao setor social, pois nós, aqui, temos um papel de apoio e um papel de acrescentar ao que possa já existir e se existir é mais um, mas se não existir “vamos fazer o que ainda não foi feito”.