ATUALIDADE NACIONAL

Muito recentemente, alguns temas surgiram na actividade política nacional que, não sendo propriamente surpreendentes para alguns, causaram alguma perplexidade em muitos outros, dadas as repercussões de que podem vir a ser alvo.

Assim e no debate do Estado da nação, o primeiro-ministro António Costa manifestou-se muito apreensivo com a evolução da PT nas mãos da Altice, tendo afirmado que «Receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, possa dar origem a um novo caso Cimpor, com um novo desmembramento que ponha não só em causa os postos de trabalho, como o futuro da empresa», até porque estarão em causa três mil empregos e os trabalhadores da PT já se manifestaram frontalmente contra este negócio que os poderá prejudicar profundamente.

Sem corar de vergonha, o líder da oposição e de bandeira nacional na lapela, declarou que «não fomos nós que privatizámos a PT», continuando assim as suas constantes afirmações descabidas e perdidas no espaço e no tempo.
Entretanto e sobre este assunto, Jerónimo de Sousa referiu, no plenário da Assembleia da República, que «Desde 2000, o conjunto de gestores privados da PT entregou aos seus accionistas quase 15 mil milhões de euros», para depois lembrar os tortuosos caminhos que levaram à entrega da operadora de telecomunicações ao capital estrangeiro, no caso, à Altice.

O secretário-geral do PCP denunciou ainda as «operações fraudulentas» de transferência de trabalhadores para filiais ou empresas prestadoras de serviços. Em causa estão «mais de 200 trabalhadores ameaçados de transferência compulsiva e 461 trabalhadores ameaçados de serem rapidamente envolvidos num processo similar se não aceitarem as rescisões “amigáveis” de saldo, mesmo com o actual Código do Trabalho, a intenção da Altice é ilegal e pode e deve ser travada».

Trata-se de «Uma operação que é contrária aos interesses nacionais», considerou o secretário-geral do PCP, que «ameaça postos de trabalho e a vida democrática do país». O Estado «tem as condições e a obrigação de intervir, evitando uma aquisição da TVI por parte da Altice», afirmou antes de desafiar a que haja «determinação e coragem para empreender um processo de recuperação do controlo público da PT».

Noutro área, surge a declaração do antigo presidente e accionista do Banco Espírito Santo, continuando a defender que a resolução do banco que liderou durante décadas era evitável e volta a atirar as culpas para o Banco de Portugal e para o Governo liderado por Passos Coelho.

Considerado pelo seu confessor religioso como «uma boa alma», desconhecendo-se onde o reverendo foi encontrar no Além tal classificação, Ricardo Salgado tenta agora auto desculpar-se pelos malefícios e prejuízos causados aos lesados do BES e ao País, restando ao comum dos mortais aguardar pela decisão da Justiça que já vai tardando.
Noutra banda, uma incrível investigação do Observador relata como os caciques do PSD/Lisboa angariam votos.

Com vídeos e detalhes desvenda-se como tudo se passa. Ao que parece, nunca se tinha visto algo parecido: o Observador publica uma investigação especial que mostra como os caciques do PSD/Lisboa angariaram votos para a última eleição interna do partido. Em 12 vídeos, podemos ver as vagas sucessivas de transporte de militantes, com carrinhas que andam o dia todo a levar e trazer pessoas e a forma como tudo é controlado ao detalhe, com listas de quem é preciso fazer votar e com os caciques a orientar militantes junto às mesas de voto.

Há pessoas que votaram sem fazer a menor ideia do que estava em causa. Foram inscritos como militantes do PSD/Lisboa, mas nunca pagaram quotas nem participaram na vida interna do partido. O seu compromisso era apenas um: quando fosse preciso pôr um determinado papel numa urna, estariam disponíveis.