É CRIMINOSO IGNORAR O CRIME

O exército israelita matou 167 palestinianos e feriu mais de 18 mil desde o início da Grande Marcha de Retorno, a 30 de Março, informou no sábado passado, dia 11, o Ministério da Saúde da Palestina, em Ramallah.

Estas estatísticas incluem três civis abatidos a tiro na véspera pelas forças ocupantes, durante manifestações na fronteira da Faixa de Gaza e entre os mortos conta-se um médico, o que eleva para três o número destes profissionais de saúde assassinados por Israel e 370 feridos.

Os civis palestinianos manifestam-se todas as semanas desde finais de Março, na fronteira entre Gaza e Israel, exigindo o fim do bloqueio marítimo e terrestre israelita ao enclave, que se prolonga há 12 anos e os organizadores da Marcha do Retorno reclamam também o direito de regressar às terras palestinianas ocupadas por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

O estado de Israel continua a reprimir com violência inqualificável estas manifestações, com as suas forças militares disparando a matar sem poupar crianças, mulheres e homens que procuram fazer exercer os seus direitos há anos usurpados, situação a acentuar-se ultimamente, coincidindo com a mudança da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalem e com o estado sionista a assumir-se claramente como racista e xenófobo, lição seguramente bem assimilada desde os tempos da barbárie nazi.

Paralelamente à repressão dos protestos na sexta-feira, a aviação israelita voltou a bombardear, nos dias 8 e 9, mais de 150 «instalações militares do Hamas», leia-se alvos civis, em Gaza, causando três mortos e 12 feridos, ou seja, acentua-se a ofensiva imperialista contra os povos do oriente médio se tivermos em conta outro ataque aéreo levado a cabo no Iémen por aviões da coligação entre a Arábia Saudira e os Emiratos Árabes Unidos com o apoio dos Estados Unidos, sempre eles, resultando o bombardeamento de um autocarro transportando crianças em Saada no norte do País e causando a morte a 51 pessoas, das quais 29 crianças, tendo ficado feridas outras 77, a maioria com idades entre os 10 e os 13 anos.

A coligação árabe reconheceu o ataque, qualificando-o de «acto de guerra legítimo» contra o Governo de Salvação Nacional iemenita, formado pelo movimento Ansar Allah e seus aliados.

O Conselho de Segurança da ONU, reunido a 10 do corrente sob a presidência da Grã-Bretanha, limitou-se a desejar que o inquérito a efectuar pelos sauditas seja «credível e transparente», tudo muito bem afinado para proporcionar sensação de legalidade à qual a comunicação social de referência prestou até agora a devida vassalagem, assim legitimando a rotina da violência indiscriminada contra civis indefesos.

Parece, pois, estarmos perante nova estratégia provocatória e belicista praticada elos Estados Unidos, monarquias feudais do Golfo e Israel, após o falhanço da ingerência e invasão criminosa da Síria, caracteriazadas por sucessivas derrotas militares, levando a deslocação da mira agora também para o Irão, País com o qual Washington rompeu unilateralmente o acordo nuclear, apesar do não alinhamento dos outros parceiros do mesmo pacto e preparado-se para implementar graves medidas de bloqueio económico, o qual poderá implicar repercussões em Moscovo, Pequim, Ankara, Berlim e Paris, se o Irão, por exemplo, avançar com o encerramento do estreito de Ormuz, rota principal do comércio petrolífero mundial.

A loucura belicista, porém, não termina aqui na medida em que a administração norte americana anunciou a semana passada a intenção de criar um sexto ramo das forças armadas estado unidenses, dedicado exclusivamente ao espaço, a chamada «Força Espacial», o que contraria frontalmente o conteúdo do Tratado do Espaço Exterior celebrado em 1967 que obriga o uso de corpos celestiais apenas para fins pacificos, ou seja, estaremos novamente perante mais um tratado para rasgar, até porque é sobejamente conhecida a aptência das administrações norte americanas pela militarização do espaço na senda da chamada «guerra das estrelas».

E o tema é tanto mais preocupante quando se sabe que há várias décadas se desenvolvem programas articulados entre o Pentágono, a Força Aérea e a NASA nesse sentido, o que seguramente dará origem a retaliações de outros países e constitui mais um elemento perturbador da Paz mundial, a qual devemos defender a todo o custo, sob pena de ser colocada em causa toda a humanidade.