“É um orgulho estar aqui e deixem-me começar por dizer a razão que faz com que meio molhado venha a correr para aqui, porque tenho de dizer em público que vai receber uma distinção, entre tantas outras que considero muito justas, uma das referências do poder local em Portugal, a Drª Luísa Salgueiro, minha colega, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
E digo isto porque ela não é apenas a presidente da Câmara de Matosinhos, não é apenas a presidente da Associação Nacional de Municípios, o que já não seria pouco, mas faz parte deste grupo de três municípios designados em conjunto como Frente Atlântica que tentaram organizar-se, não numa perspetiva de rotura ou conflitualidade contra ninguém, contra a Área Metropolitana, contra a CCDR, contra o distrito, nada disso, mas de afirmação, de identidade de uma região, ou de uma sub-região, que é maior que os seus concelhos por si só, e que, sem perda de identidade de cada um deles, acabam por ser uma referência no panorama nacional e internacional naquilo que são as coisas que fazemos em conjunto.
E fazemos muitas coisas em conjunto desde os Dias da Dança, um dos eventos mais importantes que existem na Área Metropolitana do Porto, até eventos de carácter desportivo que às vezes passam um bocadinho despercebidos porque envolvem, sobretudo, não os grandes campeões, mas os grandes campeões que são os que nos interessam em primeira instância. Mas também momentos de afirmação da região e do país lá fora. Daqui a 15 dias estaremos juntos em Nice, na maior e mais importante feira de atividades económicas e de atração de investimento que existe na Europa. E todos os anos, temos feito da marca Greater Porto e Frente Atlântica, uma marca que traga investimento e que traga riqueza.
E isso interessa-nos, claro, também porque tributa nas taxas e orçamentos municipais, mas a verdade é que nos interessa porque tributa no nível de emprego, nível quantitativo mas também na dimensão qualitativa do emprego, no volume de salários, no volume de emprego qualificado, na relação que podemos ter entre as nossas empresas, as nossas atividades económicas e as nossas universidades, ou seja, fazemos esse trabalho em conjunto. E como diz muitas vezes o Rui Moreira, fazemos esse trabalho sem um único funcionário porque, na verdade, e em bom rigor, temos um corpo de trabalho constituído pelos presidentes e depois por cada uma das suas equipas a nível municipal. E não fazia sentido ser de outra forma.
E, por isso, quero associar-me a esta justíssima homenagem, porque acho mesmo que ao homenagear Luísa Salgueiro estamos a homenagear o poder local. É uma homenagem aos autarcas, e são milhares os autarcas pelo país fora, desde as Assembleias de Freguesia, às Juntas de Freguesia, onde muito do trabalho de proximidade se garante, mesmo agora com este processo de desagregação retornando a um modelo de proximidade ainda mais acentuado, e aos municípios na sua componente municipal executiva ou deliberativa.
É uma homenagem aos autarcas que no dia a dia, na esmagadora maioria dos casos, fazem o que podem e o que não podem, para modernizar o país. Acho mesmo que é justo que se diga que se não fossem os autarcas teríamos um país necessariamente menos avançado, necessariamente pior. Porque em muitos momentos, desde a instalação da água e do saneamento, lá longe, até à atratividade económica bem mais recente, ou uma série de funções sociais que somos impulsionados a assumir por via da descentralização, na educação, na saúde, na ação social, tudo isto é hoje um novo mundo de atividades, de desafios, que temos pela frente para melhorar as nossas comunidades e para melhorar o país.
E por isso eu queria agradecer ao Jornal AUDIÊNCIA porque dessa forma valoriza-se também todos aqueles dirigentes associativos voluntários, dirigentes de IPSS, que são igualmente voluntários e associativos mas num associativismo distinto, e também os empresários que são aqui valorizados e depois aquilo que, às vezes, parece distante, lá longe, ou parece mesmo que nem nos lembramos, as nossas comunidades dispersas pelo mundo, acho mesmo que não há sitio que visitemos, do Canadá à Austrália, que não encontremos portugueses e a saírem-se bem e a representarem Portugal da melhor maneira. Por isso, quero muito agradecer ao Jornal AUDIÊNCIA, agradecer ao Ferreira Leite, que volta com a Gala do seu jornal ao continente, e, dessa forma volta também à sua terra.
E como é importante voltarmos às nossas raízes onde temos as pessoas que fazem parte da nossa vida, as pessoas que gostam de nós, de quem nós gostamos e, de facto, neste contexto local, a nossa terra é o nosso mundo. Não vale a pena imaginar o Expresso, o Sol, o Jornal de Notícias que são sempre referências, é evidente, mas a história da nossa terra é-nos contada pelos nossos jornais locais que acompanham o jogo de futebol dos distritais, a companhia de teatro amador, o trabalho desenvolvido por empresas e quanto isso foi importante no tempo do Covid, que se queríamos saber alguma coisa da nossa terra era assim. Homenagear o poder local através de um jornal com um público tão diversificado, de tantas áreas de atividade mas, ao mesmo tempo, tão ligados de uma maneira direta ou indireta a Vila Nova de Gaia enche-me de orgulho.
E de facto, com esta componente absolutamente simbólica de ver, neste último ano, reconhecido o trabalho de uma autarca de excelência que é a Luísa Salgueiro. Parabéns ao Jornal AUDIÊNCIA, parabéns a todos os homenageados, sintam que essa homenagem é um tributo que a comunidade faz num tempo em que, às vezes, somos mais capazes de identificar problemas ou dificuldades quando eles não existem, de os criar, de os inventar, de os montar. Nestes tempos, faz muito sentido que nós nos cativemos uns aos outros, porque não é bom andar na escola primária ou no 1º Ciclo a ler “O Principezinho”, e depois tornamo-nos adultos e parece que nos transformamos nuns diabinhos. Que cada um de nós continue a ser um principezinho à sua escala”.