ESTRATÉGIAS IMPERIAIS

Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, como  contra-ofensiva à agressão da NATO  ao tentar expandir-se para leste, o ocidente político liderado pelos Estados Unidos decidiu isolar esse País e paralisar a sua economia.

No entanto, o gigante euro asiático, não apenas resistiu em grande parte ileso a este procedimento, mas até conseguiu lucrar quando o retorno das sanções começou a devastar as economias ocidentais, nomeadamente aquelas com as quais manteve durante anos bom relacionamento comercial, vantajoso para ambas as partes.

A Rússia conseguiu manter a sua força económica, superando as sanções e até estabelecendo sistemas alternativos de pagamento com grandes potências globais , como China e Índia e, pasme-se, mesmo com os Estados Unidos, a principal potência ocidental que empurrou seus vassalos europeus e outros para uma guerra económica indesejável, continua a estabelecer negócios importando vários produtos.

Atualmente, os Estados Unidos importaram mais de 1 bilhão de dólares por mês em madeira, metais, alimentos e outros bens russos, chegados aos portos norte americanos desde 24 de Fevereiro deste ano, segundo estatísticas citadas pela Associated Press.

Embora este movimento represente quase 50% menos de embarques no mesmo período em comparação com o ano passado, ainda equivale a mais de 6 bilhões de dólares em importações, situação que sugere pelo menos a existência  de  problemas na governação de Biden para isolar a economia russa ou então as empresas norte americanas estão a aproveitar os chamados «períodos de redução» que lhes permitem concluir negócios anteriores à declaração das sanções, com excepção do petróleo e gás natural.

Por outro lado e embora a administração Biden tenha ordenado a apreensão de iates de luxo de russos ricos com supostas ligações ao presidente Putin, a Associeted Press descobriu que empresas dos Estados Unidos e da União Europeia ainda estão a importar milhões de dólares em metal de uma empresa russa que fabrica peças para caças VKS-Forças Aeroespaciais Russas, o que coloca em destaque uma hipocrisia na campanha de sanções ocidentais para evitar negócios, pois enquanto uns seguem incondicionalmente as «orientações» de Washington, outros há que continuam a manter ligações económicas com Moscovo e até as expandem, casos, por exemplo, da Turquia membro da NATO que duplicou este ano as importações de petróleo da Rússia e da Índia que continua a manter e reforçar fortes ligações económicas.

Perante esta situação, duas perguntas lógicas merecem ser colocadas à consideração dos povos europeus, nomeadamente os que integram a União Europeia: quando o inverno chegar Washington enviará alimentos, petróleo, gás e outros produtos essenciais, ou seja, ajudará a alimentar milhões de cidadãos, a aquecer casas e abastecer economias? Como é que a União Europeia e outros governos explicarão aos seus eleitores que todo este sacrifício já em progresso vale a pena para que a dita democracia de Kiev  possa continuar a sacrificar o seu povo transformado em carne para canhão, perante uma decisão do imperialismo estado unidense e do seu braço armado NATO que não desistem da sua obsessão de controlo global geoestratégico?

As sanções à Rússia impedem a Gazprom de operar o North Stream 1, o único que leva gás russo para a Alemanha, após o fecho forçado do gasoduto North Stream 2, medida que o Kremlin justifica pelo facto das sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia, Grã-Bretanha e Canadá terem interrompido o sistema de manutenção técnica dos componentes da turbina que garantem o bombeamento e são importados.

No entanto, a estratégia está bem à vista, ou seja, Estados Unidos e União Europeia  impedem que a Europa receba o gás russo a preços baixos decididos  nos acordos de longo prazo anteriormente feitos com a Rússia, obrigando os consumidores europeus a comprá-lo no mercado à vista a preços extremamente mais elevados e definidos de acordo com especulações e mecanismos orientados pela Bolsa de Valores de Amesterdão, que agora faz parte de uma grande «holding» norte americana.

Em última análise, começa a desenhar-se um período convulsivo para a humanidade caracterizado pelo desmantelamento hegemónico de uma potência que nunca se absteve de utilizar a sua força militar e métodos repressivos para impor a sua ideologia, mas agora encontra de novo quem lhe faz frente.

Aos povos compete continuar a luta pela Paz, única forma de poderem usufruir plenamente de uma vida com mais justiça social e desenvolvimento económico que traga benefícios para todos e não só para alguns, sendo essencial a mobilização contra a guerra, pelos direitos dos povos, pela cooperação e a segurança na Europa, pelo respeito dos direitos da Carta das Nações Unidas e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.