EUNICE MUÑOZ SOBE AO PALCO DO AUDITÓRIO DE GAIA

Considerada por muitos como a melhor atriz portuguesa de sempre, Eunice Muñoz sobe ao palco do Auditório Municipal de Gaia no próximo dia 20 de janeiro, para “amadrinhar” a 11ª edição do Festival de Teatro “CALE-se”, que decorrerá até 24 de março, com representações todos os sábados às 22h00.

Recorde-se que já assumiram igual “papel”, ao longo das anteriores edições deste certame, algumas outras das mais destacadas figuras dos palcos nacionais, como Ruy de Carvalho, Adelaide João, Maria do Céu Guerra, Margarida Carpinteiro, Vítor de Sousa, Rui Mendes, Nicolau Breyner, Fernanda Lapa, António Capelo e Custódia Gallego, cujas carreiras e talento têm dado enorme contributo à nossa cultura, sendo um exemplo para todos os amantes de teatro.

E quem melhor do que Eunice Muñoz pode ser apontado como um exemplo de talento, comprovado por uma tão brilhante carreira nos palcos, na televisão ou no cinema, sempre com uma enorme dedicação e amor a toda a prova à arte de representar, dando assim um inestimável contributo para o enriquecimento da nossa cultura?

Poucos são, aliás, os profissionais de teatro no nosso país que conseguem servir tão a preceito de modelo a seguir pelas novas e futuras gerações de artistas, amadores ou profissionais, ao mesmo tempo que merecem dos espectadores manifestações de carinho tão genuínas e espontâneas, como esta nossa queridíssima atriz, que nos tem brindado com a criação das mais belas e inspiradas personagens ao longo de quase oito décadas de atividade.

Filha e neta de atores e artistas de circo, com uma estreia auspiciosa nos palcos profissionais ainda criança, com apenas 13 anos, Eunice Muñoz é hoje tão consagrada na sua arte como as maiores atrizes de todo o mundo. Dotada de enormes e raras exigências na forma como tem servido a sua profissão, ela reafirma-se em cada papel que representa através do dom da metamorfose que traz no sangue.

Joana D’Arc, Ann Sullivan, Fedra, Leonor Teles, Sarah Bernhardt, Dulcineia e Zerlina, são apenas algumas das muitas figuras femininas que alimentou com o seu talento e o seu génio, ao lado de alguns dos maiores nomes de sempre da cena teatral portuguesa, nos mais diversos palcos nacionais. O Auditório Municipal de Gaia foi um dos poucos teatros onde nunca representou. E enquanto essa oportunidade não surge, ela sobe a este palco para receber do público gaiense os merecidos aplausos por uma carreira sem paralelo.

Após esta justíssima homenagem a Eunice Muñoz, a que se seguem os habituais discursos de circunstância, abre-se então o pano para a apresentação do primeiro espetáculo do “CALE-se” 2018, cujo cartaz reúne dez produções de outros tantos grupos de teatro, oito das quais disputarão entre si os “Prémios CALE”, troféus que distinguem as melhores performances em diversas categorias técnico-artísticas (som, luz, guarda-roupa, cenografia, interpretação masculina e feminina, melhor encenação e melhor espetáculo). Eis o calendário completo do festival, que regressa agora após um interregno forçado, em 2017, devido às obras de requalificação do Auditório Municipal:

20 de janeiro
“A Infinitude do Universo”, de Jorge Geraldo, pelo Grupo de Teatro de Taveiro (Coimbra). Nesta divertida comédia, Artur, um jovem medíocre do nosso tempo, é forçado a participar numa experiência que o obriga a dormir durante um ano. Mas algo corre mal e só acorda mil anos depois, confrontando-se com uma sociedade em que o ser humano se estupidificou. E Artur é então o homem mais inteligente do mundo!…

27 de janeiro
“Violeta”, de Fernando de Rojas, Bizet, Calderón de la Barca e Zorrilla, pelo Cerrado por Obra (Sevilha). Retiradas da sua época, várias mulheres criadas por alguns dos maiores dramaturgos de língua castelhana de sempre saltam para o palco da nossa atualidade, percorrendo toda a obra em cena com formatos intemporais. Violeta é uma delas… e todos nós, recordando que o delito não tem idade e que a dor guarda memória.

3 de fevereiro
“O Anexo”, de Anne Frank/Nádia Santos, pela Associação de Juventude de Idanha-a-Nova – AJIDANHA. Uma história dramática, a partir do famoso diário que a jovem judia Anne Frank escreveu para uma amiga imaginária, escondida num anexo secreto para escapar aos campos de concentração nazi durante a segunda guerra mundial. Um relato comovente que nos convoca contra todas as formas de opressão.

10 de fevereiro
“A Mansão”, de André Domicciano, pelo Teatro Amador do Círculo Católico dos Operários (Vila do Conde). Uma comédia repleta de peripécias e personagens hilariantes, que nos conta a história de uma viúva rica e influente que pretende casar rapidamente a sua única filha. E o que parecia fácil tornou-se numa enorme confusão, com um conjunto de metediços e vigaristas a tentarem meter a mão na sua vasta fortuna.

17 de fevereiro
“Lusíadas?”, uma adaptação livre de “Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões, pelo Teatro Amador de Pombal. A partir da grandiosa obra épica que faz uma síntese da História de Portugal, enquanto narra a descoberta do caminho marítimo para o Oriente por Vasco da Gama, constrói-se um espetáculo recheado de humor e muitas peripécias especialmente dirigido a um público infanto-juvenil e ideal para assistir em família.

24 de fevereiro
“Blacklight MC”, de Paulo Castro de Oliveira e Rui Damas, pelo Teatro Vitrine (Fafe) – texto vencedor do Grande Prémio Inatel/Teatro-Novos Autores. Um drama que visa alertar consciências para as consequências do uso de drogas, tendo por protagonista um outrora bem-sucedido rapper, que vive atualmente os problemas da sua condição de toxicodependente, amargurado pelas armadilhas que a vida coloca no seu caminho.

3 de março
“Alface para 10 Vozes”, a partir de João Carlos Alfacinha da Silva, Alface, pela THEATRON – Associação Cultural (Montemor-o-Novo). Entre o riso e as lágrimas de saudade, dez atores recordam a obra de Alface, Alfacinha de nome, alentejano de origem, que um dia descreveu as memórias da sua cidade, as proezas sexuais do avô e os ensinamentos que ficam para a vida, através de uma torrente de palavras hilariantes.

10 de março
“3 Graças & 6 Sentidos”, de Miguel Mestre, pelo Teatro Contra Senso (Lisboa). Um thriller teatral que se propõe provocar o público, expondo-o a questões tabu que perturbam a sociedade, como a promiscuidade sexual, as doenças sexualmente transmissíveis, a bissexualidade, a violência doméstica, o tráfico de droga, o vício, o roubo de órgãos ou… a morte. Temas horripilantes expostos a nu, sem artifícios…

17 de março
“A Casa de Bernarda Alba”, de Federico Garcia Lorca, pelo Teatro Independente de Loures. Uma obra de terrível austeridade, possuída por uma grande tensão, que transporta uma textura verdadeiramente clássica. Fanatismo, machismo, tirania materna e padecimentos femininos, denunciam o esclerosamento social e a sobrevivência, em pleno século XX, de um código de honra que paralisava Espanha.

24 de março
“Como Estamos de Amores?”, de Emílio Boechat, pelo Cale Estúdio Teatro (Gaia). Uma comédia que aborda, num tom divertido mas de forma séria, o casamento e a falta de comunicação entre duas pessoas que se acomodaram numa relação onde os jogos de agressão são uma constante. Um casamento à beira do fim, em que os dois parceiros se acusam mutuamente desse falhanço, em vez de assumir as culpas próprias.