PORTUGAL UM PAÍS MUITO ESPECIAL

Somos na verdade um país muito especial, cerca de 80% da população é proprietária da sua própria habitação permanente, enquanto na maioria dos países da Europa é o contrário apenas cerca de 30% têm casas próprias, e aqui começa um dos problemas, quando há crise e o desemprego bate á porta de um dos conjugues é difícil pagar. Quando a taxa de juros sobe é o cabo das tormentas e a maioria entra em incumprimento. Num passado recente foram aos milhares os portugueses a perderem as suas casas e pior ainda, ficaram a dever ao Banco, afinal como é? Algo não bate certo, ou melhor não batia porque agora a lei mudou, mas porque não mudou também para aqueles milhares que mesmo perdendo as suas casas o seu bem maior, continuaram endividados?

Mas porque é que os bancos aceitaram endividamentos superiores a um salário por conjugue ou seja uma carga de esforço o dobro da Europa?

Mas não nos ficamos por aqui, a restante população que não tem casa própria, qualquer dia deixa também de ter dinheiro para pagar a renda, tais são os valores praticados, os descaramentos dos senhorios na forma de despejo e aumentos de renda. A quem é que serve o “AL – alojamento local”, tão praticado nos grandes centros urbanos em Portugal e tão pouco vistos por essa Europa fora?

Em qualquer país da Europa a média de renda não ultrapassa os 50% do salário de um dos conjugues. Em Portugal apenas no interior e pequenas aldeias, pois no restante país as rendas são uma vergonha, nas grandes cidades e vilas um salário mínimo não é suficiente para pagar a renda de casa, mas afinal quem pactua e tem pactuado com estas situações?

Os últimos anos foram catastróficos com a pandemia a mandar milhares para o desemprego. Mais recentemente as taxas de juros começam a aumentar, os combustíveis e custos de vida, como se diz na minha terrinha, “casa onde não há pão, todos berram e ninguém tem razão”, mas diga-se que aqui o Zé Povinho até tem razão para fazer um manguito e não pequeno diga-se. Tudo aumenta, menos os salários em proporção com o custo de vida. Efeitos da guerra dizem uns, mas se falarmos de combustíveis, o Barril de Brent já em finais de 2000 estava ao preço de hoje e o preço de litro de venda actual é mais do dobro, penso que isto seja um problema de matemática de gatunos, sabem somar e multiplicar mas não dividir nem subtrair “é a vidinha!”.

Os portugueses actualmente debatem-se com um problema ainda pior, as subidas das rendas, mas continuamos a apelar ao investimento estrangeiro, e o português? Como pode o simples trabalhador da classe média e baixa, pagar rendas superiores ao salário mínimo. Como pode o comum do cidadão ir ao supermercado e pagar por um carrinho de compras básico tanto ou mais do que em Espanha (dobro do salário mínimo) França, (três vezes e meia mais o salário mínimo em Portugal), Alemanha (quatro vezes mais) e Suíça (com seis vezes mais o salário mínimo português). Esta foi a realidade que encontrei no meu regresso definitivo a Portugal.

Penso que 2023, será ainda pior as rendas aumentaram, o custo de vida em média já subiu mais de 12% e os salários? Como é que um simples trabalhador com salário líquido de 750 € pode pagar uma renda mais a alimentação e as pequenas coisas elementares do dia-a-dia incluindo o transporte para o trabalho? Não falando na educação dos filhos e aqueles que precisam de medicamentos.

As grandes empresas embaladas pela pandemia e pela guerra não olham a meios para conseguir os fins, anunciam milhões de lucro, o pobre do trabalhador começa a ver onde pode cortar para não passar fome, os mais idosos começam a não comprar medicamentos, para poderem comer, enfim uma cadeia em que de um lado estão os governantes e grandes multinacionais sem escrúpulos, do outro lado o comum do cidadão que manda fazer mais uns furos no cinto, porque começa a passar fome.

Os governantes que foram colocados no governo pelos portugueses deviam governar e não governarem-se, deviam ser mais sensíveis e estar atentos a este flagelo que a todos afecta menos àqueles que ganham milhares e aos que têm lucros de milhões.

O País precisa de acreditar no país, mas será que os nossos governantes se incomodam com o sofrimento de quem passa fome e da tão propagada pobreza envergonhada?

Infelizmente este foi o País real que encontrei no meu regresso definitivo a Portugal.