GRUPO FINAB: 25 ANOS AO LADO DAS PESSOAS NOS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS

O Grupo FINAB – Agência Funerária, teve início em 1995, com a fundação, por parte de Joaquim Marques, da Agência Funerária Nossa Senhora de Fátima e é uma organização que acredita que só prestando um serviço da mais alta qualidade é que consegue satisfazer as necessidades e vontades dos seus clientes. O agente funerário contou, em entrevista ao AUDIÊNCIA, a história deste Grupo que cimenta o humanismo, a dignidade, a responsabilidade, a solidariedade, a inovação e o profissionalismo, e ressaltou os 25 anos de atividade ao lado das pessoas nos momentos mais difíceis.

 

 

 

O Joaquim Marques é formado em eletrotecnia, mas, um dia, decidiu fundar uma agência funerária. O que o levou a tomar essa decisão?

A minha formação é em eletrotecnia e eu era o responsável pela manutenção elétrica de uma empresa multinacional chamada Ecoplas. Contudo, um dia, eu decidi fundar uma agência funerária, porque a pessoa mais importante da minha vida, a minha avó, estava muito doente e a falecer e eu queria fazer o funeral dela. Posso dizer-lhe que eu, sozinho, há 28 anos atrás, sem dizer nada a ninguém, comecei a fazer um estudo de mercado, através do qual percebi como é que as agências trabalhavam, o que faziam, o que era necessário em termos de documentação, como é que se fazia um óbito, hoje está tudo diferente e é comum, mas, na altura, foi algo inovador e tornou-se, no fundo, um fascínio para mim. Entretanto, a minha avó faleceu e eu fiz-lhe o funeral. Intrinsecamente, foi a pessoa da minha avó, o que ela era para mim e o mal que se ouvia e que ainda hoje se ouve falar do setor funerário, que fez com que eu não quisesse que alguém fizesse o funeral da minha avó, a não ser eu.

 

Qual é a história da fundação do Grupo FINAB?

O Grupo FINAB – Agência Funerária, é uma organização que teve início em 1995, como Agência Funerária Nossa Senhora de Fátima. Em 1998 foi criada uma sociedade de quotas com o nome de Cacilda Marques & Joaquim Marques, Empresa Lutuosa Lda., mas, posteriormente houve uma divisão, como em tudo na vida, há divórcios e também houve divórcio nos sócios. Na altura, eramos dois sócios e, então, eu comprei a quota do outro sócio e fiquei sozinho com a empresa, que se chamava Cacilda Marques e Joaquim Marques. Acontece que, depois, eu já andava a ficar um pouco cansado do pensamento de ter um nome assim, quando estava sozinho. Então, mais tarde, eu denominei a própria empresa e consegui fazer a inscrição de Joaquim Marques, Serviços Fúnebres, Unipessoal Lda., e assim esteve até ao fim do ano transato, pois agora aparece FINAB, Serviços Fúnebres, Lda.. Todavia, eu posso afirmar que a FINAB começou por aparecer, no início, de uma forma muito a medo, por parte da fiscalização e de finanças. Eu admito que estão aí muitas funerárias na ilegalidade, mas também é verdade que existem empresas e setores que estão legais. Nós entendíamos que devia de haver, apesar de hoje dizerem que existe incompatibilidade, mas compatibilidade para uma funerária tratar dos bens dos seus clientes. Eu não posso, isso é um facto, dizer que sou dono de um gabinete jurídico, mas a minha filha, que é a nossa assessoria jurídica, juntamente com outro advogado, tem um gabinete, que não é aqui, é na Rua Soares dos Reis. Portanto, eu se tiver, aqui, um cliente, eu posso sugerir e posso aconselhar que vá aquele gabinete, como também as pessoas que vêm aqui, por vezes, são aconselhadas por outras. Logo, eu não estou aqui a ver onde é que há incompatibilidade. É evidente, com isto tudo, que depois eu pense noutro tipo de nichos de negócio, nomeadamente, que é uma coisa que eu faço, eu compro e vendo casas antigas já recuperadas, porque tenho acesso a uma determinada base de dados, que me permite isso. Desde comprar e vender carros. Portanto, o setor funerário é dos mais ricos que há, mas as pessoas estavam habituadas, como antigamente, a que uma funerária se baseasse a fazer um funeral. Eu fui presidente da Associação dos Agentes Funerários que há em Portugal, durante dez anos, dois como presidente da Assembleia Geral e oito como presidente de direção. Em Portugal, fizeram-se, na história que se conheça, só nos últimos 100 anos, quarto congressos do setor funerário e todos eles descentralizados. Quando se ouve falar em descentralização, eu, na minha associação, enquanto presidente, fiz isso. Eu fiz um congresso em Leiria, fiz um congresso em Olhão, fiz um congresso no Porto e fiz um congresso em Mangualde, com convidados de honra, nomeadamente, grandes mestres de anatomia. Posso dizer-lhe que o nosso padrinho de quase todos estes eventos foi o professor Pinto da Costa. Entretanto, enquanto presidente da Associação, nós fomos pioneiros na realização de formação paga pela CEE, o que, na altura, foi uma coisa fantástica, porque eu acho que é importante que os agentes funerários e os seus colaboradores tenham todos formação. Formação que não tem de ser académica, porque eu disse na Assembleia da República, quando lutei com o decreto nº208 de 1999 e criámos várias valências, entre as quais, quem era licenciado e tinha uma funerária, para ser diretor técnico de uma empresa, não precisava de fazer as 1175 horas, porque tinha já formação e, então, na altura, foi aprovado em Assembleia da República que quem era licenciado tinha a possibilidade de ser diretor técnico só com 600 horas de formação, porque, inclusive, eu fui sempre um apoiante, mas fui sempre um discordante, porque quem está a trabalhar numa funerária faz formação, diariamente, portanto não faz sentido, depois de um dia de trabalho exausto, em termos psíquicos, mentais e físicos, ainda ter de levar com umas 4 horas, como é o caso, no Instituto de Medicina Legal, a trabalhar corpos. Em Gaia podem existir quarto ou cinco empresas de raiz, chamemos de indústria, não é indústria, mas são verdadeiramente empresas. As outras, são todas de raiz familiar e, muitas vezes, nem conseguem ter um esquema de trabalho e a logística necessária para terem férias. Depois, aparecem os serviços feitos pela concorrência, com a competitividade a baixo custo. Hoje, o consumidor preocupa-se demasiado com o preço, mas nem sempre o que é barato é que é bom, nem às vezes o que é caro, também, é caro. Tudo vai em função daquilo que nós fazemos e a prova disso é os inúmeros serviços de eventos fúnebres, que nós temos feito, que em termos de uma leitura natural, são todos iguais, mas não são. Não podemos comprar um funeral de um cidadão comum, com o de um cidadão que trabalhou em prol da nação, que trabalhou em prol do município, ou até da freguesia, não pode ser, porque vai ter um número de pessoas superior, vai existir um conjunto de fatores, que, também, podem, às vezes, esses mesmos, serem os fiscais do nosso próprio trabalho e há empresas desse género, que não estão habilitadas a fazerem esse tipo de serviço e daí, nós termos, entretanto, num conjunto de oito anos, sido, digamos, metralhados, que é a palavra certa, com decretos-lei, que saíram cerca de 35, e com fiscalizações da ASAE, que apareciam por tudo e por nada, todavia deviam voltar a aparecer, mas agora não aparecem. Existem muitas funerárias que trabalham e que começaram a trabalhar sem terem diretores técnicos, o que é obrigatório. Nós formos sempre, também, digamos, cobaias de muitas coisas para o Governo, porque não faz sentido uma funerária ser obrigada a ter, no mínimo, quatro funcionários, não faz, mas o Governo obriga-nos a estas coisas todas e nós fomos sempre restruturando. Hoje, ainda aparecem agências funerárias de vão de escada e é aí que faz falta a fiscalização. Eu posso dizer-lhe que, nesta empresa, nós fomos uma escola de formação e quando as pessoas saem daqui estão aptas, muitas vezes, para abrirem uma funerária. Eu acho que, para que o setor fosse mais qualificado, era muito importante a exigência fiscal a todas as empresas e a prova de como têm os seus impostos em dia. Não é possível que meia dúzia de empresas, como eu referi há pouco, que são boas e fortes e têm os seus impostos e os seus compromissos em dia e que outros não tenham e que ninguém lhes diga nada. Portanto, anda aí muita gente a trabalhar debaixo da escada e isso não faz sentido. É a leitura que eu faço. Outra coisa importante e que entristece está relacionada com o facto de há 25 anos, quando eu vim para este setor dizia-se muito mal e hoje continua-se.

 

Neste seguimento, acredita que 25 anos depois, nada mudou?

Em 25 anos, o que mais mudou foi, digamos, a parte legal, dos decretos-lei, porque houve um esforço titânico das associações, também penso que, efetivamente, existem mais associações, do que o número de agentes funerários. Só para ficar com uma ideia, em Portugal existem 2600 empresas, em Portugal existem quatro associações. Há uma associação que só tem 50 sócios, porque comprou 50 empresas, um Grupo, não vale nada. Gabam-se de que fazem 5000 funerais por ano e eu posso contrariar isso tudo, desmultiplicando tudo isso. Se elas fazem 5000 funerais por ano, as 50 empresas, são, se calhar, e aí já estou a ser benemérito com eles, 100 funerais por cada empresa e uma empresa normal faz 150. Portanto, nós ainda conseguimos ser maiores do que estas empresas que, afinal, só se tornaram fortes porque, efetivamente, quiseram juntar-se. Essa ambição, também, passou pelo Grupo FINAB. Eu, há cerca de 5 anos, fiz um convite a seis agentes funerários, que eu considerei, das freguesias circunvizinhas, que eram as funerárias que estavam sempre presentes e que faziam mais funerais, a criarmos uma Sociedade Anónima, ou seja, todos nós íamos ficar mais ricos, porque toda a gente se queixava que não tinha férias, toda a gente se queixava que não havia dinheiro, então essa Sociedade Anónima iria ter seis administradores e cada administrador era dono de uma funerária, então, os meus carros, as minhas urnas e todos meus utensílios iriam para essa Sociedade Anónima, o que representaria o meu capital social e, nomeadamente, para os outros era a mesma coisa. Claro que iria fazer-se uma avaliação, porque eu podia ter mais carros, do que os outros e os outros podiam ter carros mais caros do que os meus, pelo que tínhamos de dar um valor social a cada sócio. Portanto, não tinha de ser o valor igual para todos. Na altura, nós fizemos essa reunião e fizemos mais duas, porém, quando chegamos ao momento de fazermos a escritura dessa Sociedade Anónima, posso dizer-lhe que ninguém apareceu e que, ainda hoje, estou à espera do dinheiro. Portanto, isto quer dizer que o setor funerário anda mesmo em baixo, em termos monetários e que não anda assim tão bem quanto parece, que é a ideia que as pessoas têm de que as funerárias, os donos e as pessoas que trabalham com elas, que ganham muito dinheiro, mas não ganham assim tanto, porque caso contrário teriam feito este projeto, que eu acho que era um projeto interessante e que era uma forma de combater as empresas mais pequenas, que, posteriormente, também poderiam vir a fazer parte deste projeto. Assim entendendo, assim não se fez, porque o denominador comum dos 25 anos, que eu falava anteriormente, é que cada agente funerário olha para o seu umbigo. Os agentes funerários não se reúnem, não discutem os problemas do setor e quando se reúnem numa ou noutra autarquia, reuniões nas quais eu faço sempre questão de estar presente e de dar a minha opinião, para o bem do setor, mas há sempre alguém que tem de ser do contra e, com isto, eu não tenho de ser o dono da razão, mas podíamos juntar a minha razão, com razão dos outros e fazer uma única razão. Contudo, não há hipótese, porque uns querem agradar a gregos e a troianos e eu penso que há uma coisa que é muito importante, que é a parte da autarquia, que não deixa de ser nossa parceira e é nossa parceira, porque a maior parte das autarquias do concelho de Vila Nova de Gaia são as “donas” dos cemitérios e são elas que estão a reger os cemitérios e, daí, cada um, de cada autarquia fazer o seu regulamento cemiterial e isso está mal, porque existe, a nível nacional, um regulamento cemiterial e deviam fazer as coisas de forma a que fosse, na generalidade, tudo por igual. Depois, há quem tenha mais sensibilidade e menos sensibilidade, mas no caso das autarquias, não tenho dúvidas de que, quem tem maior densidade populacional, tem um presidente mais ativo, porque é obrigatório. Acontece que, às vezes, são os agentes funerários das terras, que querem fazer as regras e que levam, às vezes, o presidente de Junta, o que não devia de ser, mas levam, ou até o responsável do cemitério, a entrarem em erros, dando-lhes palpites. Quando bastava aos mesmos, pegarem no regulamento do cemitério e ponto final, porque há muita gente que está responsável por estas entidades e que não tem o mínimo de formação. Portanto, eu acho que a Junta também um papel muito importante, não é ser fiscal de ninguém, mas é ser responsável. A maior parte das pessoas não sabem do que eu vou dizer agora, que é o seguinte, assim que uma urna entra dentro do espaço do cemitério, que no fundo está a ser gerido pela autarquia, a funerária, em questão, deixa de ter responsabilidade, seja do que for. Tudo o que acontecer dali para dentro é da responsabilidade da autarquia. Relativamente à parte associativa, o agente funerário tem uma grande particularidade, porque conhece um mundo de gente e sendo conhecido isso é uma mais-valia para uma autarquia, porque se apoia quem vai a eleições, depois é obrigado a fazer parte disto ou daquilo e eu acho que as autarquias deviam criar, todas, um código de conduta e deviam, aqui, de chamar à responsabilidade dos agentes funerários, pedindo-lhes que lhes dessem dicas, pois são eles que estão no mercado. Isto faz-me lembrar quando, há muito tempo, nasceu o certificado de óbito e ao qual chamavam de certidão de óbito, porque o legislador, que na altura fez isso, não era agente funerário, não era ninguém formado nesta área e devia ter estado mais atento, então trocou os nomes todos. Como também nós, hoje, temos um número, que é a guia de transporte, curiosamente, e como a cereja fica bem no bolo, eu posso dizer-lhe que eu fui o primeiro indivíduo, em Portugal, a fazer, simbolicamente, o número um do Sistema Informático de Certificados de Óbito (SICO), porque eu era presidente da Associação. A Associação estava no centro do país e o primeiro óbito, simbolicamente, foi feito numa das outras regiões. Então, como presidente, foi a razão pela qual eu o fiz, mas, depois, tive o cuidado de entregar, a uns pessoalmente e a outros por e-mail, um dossier a toda a gente no qual explicava como era o SICO, porque o SICO era a pior coisa que nos ia acontecer e foi assim que, na altura, fui criticado. Hoje não sou, porque, hoje, eu sei que é a melhor coisa que há. Em Vila Nova de Gaia, a única empresa que tem um Centro Funerário, sou eu e porquê? Isto é muito interessante, porque hoje é preciso condições para se ter uma empresa, não é só montar a funerária. A maior parte dos centros funerários das outras empresas, são os carros funerários, nos quais deixam o corpo, quando vão buscá-lo às 19 horas, às 21 horas ou às 23 horas, a igreja está fechada e como não podem colocar o corpo em lada nenhum, então fica dentro do carro e isto é grave. Contudo, dizem às pessoas que fica nas instalações ou no centro funerário, quando, basicamente, colocam o carro na garagem e isto é grave.

 

O que está na origem do nome FINAB?

FINAB é BANIF ao contrário. Eu sou um homem multifacetado, então, dentro do próprio setor funerário, eu para além de ser agente funerário, tenho outras atividades. Aliás, eu não sei qual é a atividade que eu não tenho, porque eu consigo resolver tudo. Eu fui promotor financeiro do Banif, no tempo em que o Banif era Banif e tive o privilégio de conhecer o dono do Banif, como, depois, tive o privilégio de conhecer o assessor, que era o doutor Marques dos Santos. O senhor Horácio Roque, que era o dono, foi casado três vezes e era de Cedofeita e eu fiz o funeral da mãe dele, há 20 anos. Então, depois de termos tido uma reunião, na qual o senhor Horário Roque me pagou pelos honorários, ele perguntou-me se eu não queria ser promotor financeiro e eu disse-lhe “eu não sei o que isso é” e ele respondeu-me “não faz mal, é uma coisa só para tu ganhares dinheiro”. Então, eu fiquei nomeado promotor financeiro do Banif, no concelho de Gaia, ou seja, na altura, existiam dois bancos no concelho de Gaia do Banif, um na Avenida da República e posteriormente um que abriu em Arcozelo. Então, curiosamente, um dia o senhor Horácio Roque enviou-me um e-mail indicando que eu tinha de ir a Lisboa, à Avenida José Malhoa, que era a sede social do Banif, isto tudo passados 4 anos. Eu não sabia o que é que ele queria, mas quando eu cheguei lá ele apenas me disse “vais criar uma empresa para teres tu diretamente as aplicações e os efeitos de crédito de habitação” e na altura ele disse “temos que criar um símbolo” e o símbolo foi criado, que é o nosso atual logotipo. Então, eu criei essa empresa, em nome individual. Mas, relativamente ao nome da empresa, a ideia surgiu-me durante a noite, que é quando eu penso nestas coisas, e comecei a imaginar Banif ao contrário, FINAB e depois fui fazer pesquisas e então foi onde me apareceram duas empresas na América, que se chamavam FINAB, uma era de seguros e outra era de aplicações e verifiquei que elas não estavam registadas, então registei eu FINAB. Depois, o símbolo, o que é? São os ponteiros do relógio, que têm de rodar sempre, porque apesar do grupo estar ligado ao setor funerário e estar ligado à morte, eu quero dizer às pessoas que, mesmo depois da morte, a vida vai continuar. O azul e o verde, porquê? Porque eu acho que já o luto, o preto, os escuros, já são negros e o azul e o verde, foram, na altura as cores que eu escolhi, porque a nossa forma de publicidade tem de ser suave, não pode ser mórbida.

 

Quais são os principais objetivos desta empresa funerária?

A FINAB pretende continuar a realizar cerimónias fúnebres dignas e humanas, que proporcionem, aos nossos clientes, familiares e amigos conforto no momento difícil e de dor. Valorizar a condição humana é uma das nossas principais preocupações, porque além de profissionais, somos sobretudo humanos e sabemos como estes momentos são extremamente difíceis para quem nos procura. Eu acredito que só prestando um serviço da mais alta qualidade é que se consegue satisfazer as necessidades e vontades dos nossos clientes e é com este objetivo em mento que os nossos profissionais são objeto de formação e atualizações constantes. Posso referir ainda que nós pretendemos continuar a prestar o serviço que temos prestado à população do concelho de Gaia e queremos fazê-lo com o lema “sermos melhores hoje do que ontem e sermos melhores amanhã do que hoje”.

 

Quais são os serviços e produtos que a FINAB tem para oferecer?

Nós temos uma vasta panóplia de serviços para oferecer, que estão, inclusivamente, discriminados no nosso site e alguns dos quais, nomeadamente, são fora do comum. Muitas pessoas admiravam-se quando viam um músico a tocar um violino, uma harpa ou um xilofone num funeral e admiravam-se, também, quando ouviam um tenor, ou um barítono a cantarem numa cerimónia fúnebre. Nós fomos pioneiros e, posso dizer-lhe que, alguns tentaram fazer o mesmo, mas com gravadores. Porém, isto não é assim que se faz, é preciso, de facto, termos conhecimentos musicais, porque a música da arte sacra não está, infelizmente, ao alcance de qualquer um, porque é muito cara. Posso afirmar-lhe que é um trabalho fora de série, digamos, que é o nosso sete estrelas, mas que, efetivamente, nota-se uma diferença, que também, tem a ver com o nosso violinista, que foi o chefe de violinos de Guimarães – Capital Europeia da Cultura, que o Gaspar, um indivíduo fora do comum, a pessoa que toca a harpa, também, faz parte do Conservatório e depois os nossos tenores também são professores e cantores do Conservatório de Música do Porto. Portanto, estamos a falar de um nível superior.

 

Considerando a atual situação pandémica que vivemos, de que forma é que a proliferação da covid-19 em Portugal está a impactar o setor funerário? Como é que se encontra o mercado, neste momento?

Nós temos uma tabela de preços, mais económicos, que rondam os 995 euros, mas, depois, eu tenho de levar um carro, o carro é eu, eu investi, e os clientes têm de pagar, ou seja, existe um conjunto de fatores, que influenciam o valor. Dentro deste tipo de serviço que, quer nós queiramos, quer não, tem sofrido adaptações sempre por cada empresa. Eu não posso falar pelas outras, eu falo pela minha e só para que percebam, no dia 14 de março, quando se iniciou a pandemia, eu julgava que eram só os outros que iam ter clientes com covid-19, que eu não ia ter nenhum e que os meus clientes iam continuar a ser os mesmos, tal como que tudo ia ser feito da mesma forma, mas eu estava completamente errado. Acontece que, a 17 de março, eu recebi uma chamada, logo na primeira hora, de um cliente e amigo, porque os clientes, aqui, têm uma particularidade, porque depois um serviço, tornaram-se nossos amigos, é uma diferença, mas que eu penso que quando se ajuda alguém, num momento difícil, as outras empresas também de certeza que passam por aí, se não passam, deviam aproveitar, porque isso era ótimo, porque é uma forma de fidelizarmos os clientes, mas isso cada um é que sabe como tem de fazer. O que acontece é o seguinte, quando eu recebi a chamada eu decidi não fazer o nosso primeiro funeral covid. Portanto, um agente funerário foi convidado a fazer um funeral covid e estava a pensar seriamente em não o fazer e porquê? Ouvimos tantas coisas e, mais uma vez, o setor funerário foi a cobaia, porque tivemos de ir para a frente, como já tinham ido os digníssimos técnicos de saúde que andavam lá, mas nós também tivemos que ir para a frente e fomos como? Sem formação, sem informação e cada um foi fazendo as coisas, digamos, como achou que seria o ideal. Acontece que, então, eu, pela primeira vez, não fiz o funeral. Eu contratei uma equipa, que, na altura, já se estava a preparar para tal e convidei-a fazer o trabalho. Assim, eu fui o relações públicas, pura e simplesmente. Parecia que a covid-19 era uma coisa assim muito horrorosa e não é, se for tratada como deve de ser, porquê? O Hospital de Gaia passou por um período muito mau e durante o qual me assustou. Como é que era possível termos corpos com covid-19, no mesmo sítio onde estavam os corpos normais? Isso era impossível, mas lá existiam, como também existem coisas muito estranhas. Como é que é possível dizer num documento que é uma morte natural e a família a diz-me que ele tem covid-19? Isso também acontece. Portanto, após os primeiros três serviços, para os quais eu pedi a ajuda extra, eu tive a oportunidade de me ir preparando para o futuro, porque tinha de aprender. Então, fomos aprendendo, também, com os mesmos, ao ponto de, depois, fazermos um código de conduta e fazermos uma coisa que se chama de plano de contingência para a covid-19, no âmbito do qual, quem fosse ao hospital, não iria ao funeral, numa semana alternada. Para quê? Porque se houvesse o azar de algum dos funcionários ficar infetado, nós tínhamos a garantia de que tínhamos dois que estariam disponíveis. E dois porquê? Porque nós temos mais funcionários, mas numa situação em que os principais têm de estar sempre na linha da frente, eu, então, dividi este pequenino grupo dois, a dois e depois eu era o relações públicas, que estava na frente e que seria a pessoa até mais afetada, caso houvesse covid-19, porque eu é que ia a casa de toda a gente, mas também se eu apanhasse o covid-19, era só eu que o ia apanhar. Então, os meus colegas estavam na retaguarda, para me poderem ajudar, que é aquilo que acontece aqui, ainda hoje. Depois, também temos a empresa de higiene e segurança, que nos tem ajudado imenso, assim como a informação que a Direção-Geral da Saúde nos tem transmitido. Eu tenho, se calhar, informações privilegiadas, porque trabalho com pessoas que estão mesmo na Direção-Geral da Saúde, que me foram sempre orientando e dizendo, basicamente, quais eram os procedimentos. A história do mais barato está relacionada com o facto de irmos ao hospital. O mais barato, nunca é barato, porque a partir do momento em que as pessoas têm de ir ao hospital e se tiverem a conduta de que é um covid, então não podem ir com roupas normais e têm de utilizar roupas descartáveis, que têm que ser pagas por quem? Pelo consumidor final, pois não sou eu que as vou pagar. Portanto, como é que é possível que me falem em funerais, que já são mais económicos? As pessoas podem dizer é o seguinte, e isso eu concordo plenamente, telefonou uma pessoa hoje, é um funeral mais impessoal, porque é o de uma tristeza profunda sabermos que alguém está numa urna e que nós não vimos, porque a Direção-Geral da Saúde diz que o covid só tem duas hipóteses, ou vai cremado, ou vai numa inumação, mas nestas duas, simultaneamente, o corpo tem de ir do hospital direto ao crematório ou ao cemitério. Portanto, ninguém vai ver ninguém e eu não tenho certeza nenhuma, porque as pessoas questionam-me muitas vezes, é o meu pai que está lá? É a minha mãe? E como é que eu tenho a certeza disso? Eu não tenho certeza nenhuma, o que eu tenho são papéis, que me dizem que aquele documento representa fulano e eu tenho de acreditar que realmente é quem está lá. Nós estamos numa tristeza profunda e se as pessoas já têm dificuldade em fazer o seu luto, então é que vão ficar piores. Também é verdade que não há outra forma de fazermos as coisas. Agora, com esta história da urna estar fechada e das pessoas, também, às vezes, infetadas positivamente, nós usamos as novas tecnologias, logo que os senhores responsáveis pelas igrejas ou por outras religiões permitam e fazemos gravações, que permitem que as pessoas que estejam em casa possam assistir ao funeral. Para além disso, também tiramos fotografias e, enfim, fazemos muitas outras coisas, que não se faziam antigamente e que podem vir a atenuar a dor junto de cada um. Agora o problema é a covid-19. Eu acho que já ninguém morre do coração, ninguém morre do fígado, ninguém morre de nada, é covid-19. É uma coisa estranha. Agora, também há uma coisa a que nós temos assistido, que é uma coisa impressionante, as pessoas não têm capacidade de sofrimento. Eu sei que as pessoas hoje já sofrem muito a todos os níveis e há um conjunto de fatores que, se calhar, está a prejudicar mais a parte familiar, do que propriamente a morte. Eu acho que é assim, nós no ciclo de vida, sabemos que nascemos e sabemos temos de morrer. Se for de uma morte natural, com uma longevidade enorme, é a coisa mais natural. O que é pena é quando são jovens que falecem, que se matam a eles próprios ou então de acidentes, mas, para mim, enquanto agente funerário, a morte que mais dor me dá é eu pensar que alguém saiu para ir trabalhar de manhã e não chegou a casa. Não é fácil fazer um funeral destes, não é fácil. Nós somos agentes funerários, que é aquilo que me apaixona, somos contabilistas, somos comerciais, somos psicólogos e sabe Deus mais o que é que nós não somos, porque as pessoas agarram-se, de tal ordem, a nós, que depois nós temos de lhes resolver os problemas todos. Uma das coisas que eu acho que era muito importante, era termos um grupo de psicólogos, para estarem de serviço e fazerem a comunicação do falecimento às famílias, porque é um momento. Nós temos duas psicólogas para mortes violentas. Hoje há uma coisa que antigamente não havia, é a preocupação, porquê? Porque os agentes funerários, também, entraram numa situação na qual a Segurança Social pagava o funeral e em tempos, quando era seis vezes o IAS, ajudava a pagar o funeral de facto, aliás até ajudava a pagar e sobrava. Hoje, a pagar três vezes o IAS, e eu estou convencido de que vai passar para uma vez o IAS, daí eu ter sempre exortado que devíamos de ter seguros de morte. A Real Seguros, na altura, há cerca de cinco ou seis anos, fez uma campanha disso, de seguros de morte. Eu tenho cerca de 90 apólices, alguns já foram falecendo e, de facto, as pessoas, se não tivessem essas apólices, não tinham meios de pagar o meu trabalho. Nós temos todos que pensar que as Associações de Socorros Mútuos e mútuo é a ajuda, as pessoas têm de começar a pensar que devíamos ser todos mais unidos, até nessa área, porque vai deixar de haver possibilidade das pessoas pagarem os seus próprios serviços fúnebres e não me digam que é o Estado que tem de pagar, isso não vale a pena, porque Portugal é o único país da Europa, onde se paga para morrer, nos outros países ninguém paga, porque têm seguros de morte. Há muitos portugueses que passam a vida a juntar tostões para pagarem os seus próprios funerais e eu acho que nós não tínhamos necessidade de estar a pensar nisso. Não são os filhos que têm de pagar a morte de alguém, nem os pais querem que os filhos fiquem com uma dívida. Então, nada melhor do que os agentes funerários unirem-se todos e pensarem, todos, no mesmo tom, e tentarem fazer um estudo.

 

O Grupo FINAB tem quatro lojas, nomeadamente na Madalena, no Candal, em Coimbrões e em Oliveira do Douro. O que está na base da escolha destas Freguesias?

O Grupo FINAB tem 4 lojas, mais especificamente na Madalena, no Candal, em Coimbrões e em Oliveira do Douro. A loja da Madalena foi onde se iniciou a Funerária Nossa Senhora de Fátima e foi assim que ela começou, em nome individual. Agora, nós temos uma loja nova para abrir, porque eu, de vez em quando, gosto de dar uma prenda a mim próprio. Então, nestes 25 anos já dei uma prenda, que foi um carro funerário novo, para nós, e agora abrimos uma loja nova em Mangualde. Mangualde que fica no distrito de Viseu. Posso dizer-lhe que esta é uma história engraçada, porque Mangualde é uma terra que está unida por laços familiares, onde eu, com alguma paciência, lá está, fiz um estudo há 4 anos, mas só agora que eu realizo a abertura da loja. Eu nunca faço seja o que for para amanhã, não, porque nós temos que considerar as nossas empresas, como a nossa família e se não for bem estruturada, a meio há um divórcio, o que não pode ser. Eu sou um homem muito astuto e assertivo, porque eu já tive uma loja em Sanguedo, já tive uma loja em Valadares e já tive uma loja em Avintes, que faziam serviços, mas não era o meu objetivo, não era aquilo que eu queria alcançar. Ao contrário do que é o ser humano natural, “coitado, não dá e vai embora”, não, eu não quero é ficar enterrado. Eu acho que há uma coisa, em termos de gestão de empresas, as lojas têm de ser todas autossustentáveis, pois se não forem, não vale a pena. Depois disso, temos carros funerários, nos quais nós temos uma vaidade, porque temos um carro que ninguém tem, que é uma limusine. Quando eu comprei a limusine ouvia-se que toda a gente ia comprar, mas passados estes anos todos, ainda estão a pensar em comprar e eu já estou a pensar em vender aquela. Portanto, porquê? Porque, na altura, a limousine, digamos que, foi o carro da moda, uma vaidade e nós temos de estar sempre na vanguarda, mas eu não vivo de vaidade, eu vivo daquilo que diz na responsabilidade social. Eu tenho de trabalhar, tenho de ganhar dinheiro, mas também tenho a obrigação de ajudar as pessoas. Agora, eu ajudar as pessoas não é dar-lhes nada, que não sejam orientações e nós, aí, somos uma escola e temos dado orientações quer a quem cá está, mesmo quando se vão embora, porque eu, na multinacional onde eu trabalhei, era responsável, na altura, da comissão trabalhadores de onde eu tirei um curso. Posso afirmar-lhe que se aprende muito quando estamos de facto interessados em ajudar os nossos colegas de atividade e, daí, então, eu fiquei sempre com essa informação e com os conhecimentos que, ainda hoje, me dão muito jeito, a todos os níveis. As portas abrem-se sempre e, daí, existirem sempre pessoas que querem vir trabalhar connosco.

 

Quais são os seus anseios e as suas perspetivas para o futuro desta empresa funerária?

Portanto, depois de ter feito um estudo de mercado, que é sempre a mesma história, cheguei à conclusão de que eu não consigo, aqui, no concelho de Gaia, fazer mais serviços do que aqueles que eu faço. Porém, como nosso objetivo é aumentar o número de serviços, nós temos de nos expandir. Eu não falei muito na parte do departamento internacional, mas é onde nós temos tido bastante sucesso. Todavia, aí, é com parcerias que eu faço. Nós vamos muitas vezes para França, Holanda, Bélgica e Espanha, que também é uma constante. Hoje, nós temos uma quota no mercado de Gaia, na ordem dos 14% de óbitos. O que eu gostava de deixar nesta entrevista era para termos algum cuidado com esta pandemia, porque em caso de pandemia, as pessoas que têm dificuldades financeiras e que têm créditos, se falacem, ninguém lhes paga os seguros e ninguém sabe disso. É uma lei do Código Civil Geral de Portugal. Se um de nós tem o azar de morrer e tem um crédito de habitação e o motivo é a covid-19, os nossos parceiros e familiares não recebem nada da casa, porque em pandemia, eles não pagam nada a ninguém e isso faz parte do Código Civil. No setor funerário, o que é que pode cair mais tarde com isto é o pensamento de que os homens da funerária não trataram bem dos papéis, porque é muito fácil culpar o agente funerário por qualquer coisa que não funcione bem. Agora, a coisa mais rica que pode haver no setor funerário, são os passeios que se dá, também, e você vai pensar que eu sou louco, nos cemitérios do Porto, que estão, neste momento, galardoados pela UNESCO. O professor doutor Francisco Simões tem feito um trabalho fora do comum e é uma pena que eu só me veja lá a mim, como agente funerário. Eu não vejo lá mais ninguém, por isso ou eles não gostam de passear nos cemitérios, ou não gostam de saber da história cemiterial, o que é bem diferente. Estes passeios, normalmente, são noturnos, onde também acontecem sessões de música de arte sacra, com os músicos da Conservatória, em cada paragem. Basicamente, a vida de um agente funerário passar por estar atento a estes pormenores, porque os serviços, eles vão vendendo.

 

O Joaquim Marques já foi galardoado com o Troféu Empresário do Ano, do Jornal AUDIÊNCIA. Qual é a importância e o significado de tal distinção?

Eu senti-me a pessoa mais pequenina, no momento em que recebi o Troféu AUDIÊNCIA, no Teatro Sá da Bandeira. No ano seguinte, eu fui convidado para ir à Ribeira Grande e, posso dizer-lhe, que fiquei maravilhado, não só pela forma como fui recebido pelo Joaquim Ferreira Leite, diretor do Jornal AUDIÊNCIA, como pela hospitalidade e pela própria Ilha de São Miguel.