IDENTIDADE AÇORIANA EXPRESSA EM CIRCUITO EXPOSITIVO

A exposição em circuito “Epicentro: Milagre” foi inaugurada a 25 de setembro, no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas. A mostra que pretende representar a identidade açoriana é da responsabilidade de cinco autores e é composta por trabalhos que exploram o som, a fotografia, o cinema e a instalação.

 

 

A inauguração da mostra “Epicentro: Milagre”, com a curadoria Tremor de António Pedro Lopes, Joaquim Durães, Luís Banrezes e Márcio Laranjeira, contou com a presença dos artistas cujas obras compõem esta exposição em circuito: Berru, Francisco Lacerda, João Ferreira, Tito Mouraz, Vincent Moon & Priscilla Termon apresentaram o “Epicentro: Milagre” aos presentes, entre estes a Diretora Regional da Cultura, Susana Costa, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, e o vereador da cultura da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Paulo Mendes.

“«Epicentro» do lugar que treme (o início de um tremor) e «milagre» do que é intangível, não sabemos explicar ou dar o nome”, começa por esclarecer António Pedro Lopes, acerca do título da exposição.

Os artistas que preenchem esta mostra foram convidados “para virem viver os Açores e perceber como é que eles podem levar isso a outro lugar, seja do ponto de vista documental, ficcional ou de imersão”. Desta feita, resultaram cinco salas que compõem a exposição, sendo que todas elas pretendem passar ao visitante uma experiência diferente.

Lançado o desafio, resulta esta exposição coletiva que “olha a forma da nossa condição geográfica (enquanto insular) e cria uma identidade cultural que depois se materializa em rituais e em crenças, sejam religiosas ou pagãs”.

Tendo data de abertura em março mas adiada devido à situação pandémica por que o mundo atravessa, o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas foi o sítio escolhido para expor “Epicentro: Milagre”. No entanto, de acordo com António Pedro Lopes, este é um espaço que “tem muito para trabalhar na forma como se abre, convida, traz para dentro e inclui. (…) Acho que todo este espaço tem que ser pensado para acolher todos os públicos e todas as suas diferenças”.

Chegados à terceira sala de exposição encontramos a mostra fotográfica de João Ferreira, que, entre outros registos, retrata o percurso do rancho de romeiros de Rabo de Peixe em diferentes anos.

Tendo uma ligação aos Açores através do bizavô e da avó materna e mesmo já estando em São Miguel, foi em 2016, aquando da sua passagem pelo Tremor, que o fotógrafo se cruzou com as Romarias Quaresmais.

Ainda que não conhecesse esta tradição micaelense, algumas fotografias foram feitas neste ano, embora o intuito não fosse “fazer trabalho”. No inverno desse mesmo ano, “a curiosidade cresceu e voltei cá para fazer alguma pesquisa bibliográfica para tentar perceber as Romarias”. Seguidamente, em 2017, com o intuito de começar a fazer um trabalho mais profundo e dedicado ao rancho de Rabo de Peixe, recebe o convite do Mestre para integrar na romaria do ano seguinte.

“Em 2018 venho para participar como romeiro. Foi bom para me ligar mais às pessoas e para fazer um trabalho mais denso como pretendia”. Esta experiência por que passou fê-lo repetir em 2019, “o último ano em que desenvolvi este trabalho”.

“Epicentro: Milagre” está em exposição no Arquipélago até 10 de janeiro. Aos domingos a entrada é gratuita, e de terça a sábado o custo para visitar a mostra é de 3€. Ainda em exposição neste Centro de Artes de forma gratuita está “Exercícios de Memória”, de Luís Brum.