O Challenger 150, coordenado pela bióloga Ana Hilário do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), pretende investigar as profundezas dos oceanos. O projeto tem um prazo de dez anos e conta com mais de 45 investigadores, oriundos de 17 países diferentes.
O Challenger 150, em alusão ao ponto mais profundo do planeta (o Challenger Deep), é um novo programa com cientistas de todo o mundo que se propõem trazer à superfície o conhecimento que ainda se esconde nas profundezas dos oceanos, uma vez que depois de Marte, o mar profundo será o lugar mais enigmático para a Humanidade.
A bióloga portuguesa Ana Hilário, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), quer dar um grande “mergulho” para a Humanidade e fazer com que o Challenger 150 seja uma referência da Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável.
“O mar profundo [vastas extensões de água e fundos marinhos entre os 200 e os 11000 metros abaixo da superfície do oceano] é reconhecido globalmente como uma importante fronteira da ciência e da descoberta”, apontou a bióloga marinha Ana Hilário, coordenadora da Challenger 150, a par com Kerry Howell, investigadora na Universidade de Plymouth (Reino Unido) e especialista em Ecologia do Mar Profundo.
Apesar do fundo do mar representar 60 por cento da superfície da Terra, pouco se sabe sobre ele e, para colmatar esta lacuna, Ana Hilário e Kerry Howell juntaram à sua volta uma equipa de cientistas de 45 instituições, oriundos de 17 países, num programa de investigação, com a duração de dez anos, dedicado ao estudo do mar profundo. De Portugal, para além da equipa da UA, contribuíram também cientistas do CIIMAR (Universidade do Porto), do Okeanos (Universidade dos Açores) e do CIMA (Universidade do Algarve). “Um dos grandes objetivos do Challenger 150 é a capacitação e aumento da diversidade no seio da comunidade científica, uma vez que atualmente a investigação no oceano profundo é conduzida principalmente por nações desenvolvidas com recursos financeiros suficientes e acesso a infraestruturas oceanográficas”, explicou a bióloga portuguesa.
Este programa, esperam os cientistas, irá também gerar mais dados geológicos, físicos, biogeoquímicos e biológicos através da inovação e da aplicação de novas tecnologias, e utilizar estes dados para compreender como as mudanças no mar profundo afetam todo o meio marinho e a vida no planeta. Este novo conhecimento será usado para apoiar a tomada de decisões sobre questões como a exploração mineira nos fundos oceânicos, a pesca e a conservação da biodiversidade, bem como a política climática.