JOEL MARQUES AFIRMOU QUE “O FUTURO PASSA POR TERMOS CASA PRÓPRIA”

Numa entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, Joel Marques, presidente do Atlético Clube de Gervide há 7 anos, falou sobre a paixão que o move, sobre as valências e sobre as lacunas deste clube de Vila Nova de Gaia.

Qual é a história do Atlético Clube de Gervide?
O Atlético Clube de Gervide foi fundado no dia 31 de janeiro de 1938 e está sediado em Vila Nova de Gaia. Este clube conta com 81 anos de história e conquistas e é um símbolo de prestígio da cidade. O Gervide sempre se focou no futebol, mas também já teve outras modalidades, entre as quais atletismo, boxe e dança. Posso dizer-lhe que nós temos vindo a revolucionar o clube no que concerne a sua imagem, estrutura e gestão, porque ambicionamos crescer para patamares ainda maiores. O Gervide cresceu imenso e, hoje em dia, é respeitado por toda a gente.

Quais são as modalidades constituintes deste clube?
O Gervide tem, neste momento, no que respeita o futebol, 10 escalões e 192 atletas inscritos na Associação de Futebol do Porto. Dentro desta modalidade também temos equipas mistas com atletas masculinos e femininos, porque tínhamos dificuldades em fundar uma equipa de futebol feminino. Deste modo temos no Futebol de 7, mais especificamente nos escalões Sub-10 e Sub-11, 2 meninas que jogam misto e nos Infantis de 11, que são atletas de 11 e 12 anos, temos 5 raparigas a jogar juntamente com os rapazes e a competir na Associação de Futebol do Porto. A dança é outra modalidade na qual temos apostado, desde junho de 2018, e que tem tido uma grande aderência, uma vez que já temos três escalões de dança e cerca de 50 bailarinos com idades compreendidas entre os 8 e os 25 anos. Posso afirmar-lhe que nós estamos a tentar reabilitar as modalidades que já tivemos em tempos atrás, entre as quais o atletismo.

O Atlético Clube de Gervide tem quantos sócios neste momento?
O Atlético Clube de Gervide perdeu muitos sócios desde que perdeu o campo em junho de 2011 e veio para a Lavandeira. Na altura quando viemos para cá só tínhamos 2 camadas e neste momento temos 10. Neste seguimento, uma das coisas que nós temos vindo a incutir é que todo o pai do atleta seja sócio, por isso, neste momento, devemos ter cerca de 400 ou 450 sócios.

Quantos técnicos efetivos tem o Gervide?
Nós temos 10 técnicos. Nós estivemos 12 anos sem ter seniores e só temos desde os últimos 4 anos, pelo que esta tem sido uma grande aposta nossa e temos apostado na nossa formação e na formação daqueles que, eventualmente, não conseguem entrar nas camadas superiores e vamos buscar jogadores, por exemplo, a Oliveira do Douro ou ao Vila. A nossa camada sénior é composta por jogadores muito jovens, com idades entre os 18 e os 23 anos, tudo miúdos da formação, que jogam por carolice, porque não temos verbas para os remunerar. No que respeita os técnicos, nós temos os treinadores técnicos principais e temos, em todas as camadas, um ou dois seniores a apoiar o técnico principal. No que concerne a dança, nós não tínhamos verbas para ir buscar professores e, por isso, apostamos em sete das nossas bailarinas e oferecemos a cada uma delas um curso no valor de 200 euros. Estas bailarinas tiraram o curso e fazem as coreografias para os três escalões.

Que balanço faz desta época?
Nós começamos há 4 anos, mas o Gervide está a trabalhar muito bem ao nível da formação. O número de atletas tem vindo a aumentar e a expectativa é grande ao nível da equipa principal sénior, porque estamos a tentar subir de divisão, visto que somos a única equipa em Vila Nova de Gaia na segunda divisão distrital. As viagens são longas e, uma vez que a formação do Gervide está a crescer, a aposta é grande, mas acho que temos capacidade para tentarmos subir e tentarmos aguentarmo-nos, no mínimo, na primeira divisão distrital.

Fale-me sobre as conquistas do Atlético Clube de Gervide e sobre a importância destes feitos.
Nós temos tido boas camadas e já tivemos uns bons anos em que andamos na frente. Já chegamos a ter juniores e outros escalões nos primeiros lugares da tabela e podíamos tentar eventualmente subir, mas nunca nos interessou, porque sabemos que não temos sequência nem antecedentes para nos conseguirmos manter e, por isso, achamos que não vale a pena querermos subir se não nos vamos conseguir manter na primeira divisão distrital. O fundamento e o que nós vamos incutindo é que os atletas gostem de cá andar e que se sintam felizes. É sempre bom ganhar, mas nós como estamos numa situação um pouco problemática, porque não temos um espaço próprio e, apesar de agora não notarmos tanto, ainda acontece virem para aqui todos aqueles atletas que não conseguem jogar em mais nenhum clube aqui em Gaia, porque, como todos sabem, a formação agora é paga e em muitos clubes custa entre 35 e 50 euros e nós cobramos 18 euros, ou seja, muitos que não conseguem pagar 30 vêm cá parar para pagar 18. Aqui ainda existe um pouco esse conceito, mas eu acho e estou convencido que se nós tivéssemos casa própria o número de atletas ia certamente disparar e certamente que as condições também seriam outras. A minha alegria é ver que os atletas vêm aos treinos e é ver o campo cheio. Nós temos muitos atletas e andamos sempre no meio da tabela na formação. No que respeita a dança, nós vamos a muitos espetáculos e somos convidados para participar em muitas iniciativas. Posso dar-lhe o exemplo de duas bailarinas que tinhas de apresentar um trabalho a um professor e lembraram-se de organizar um espetáculo, pelo que a ideia foi arranjar, juntamente com o Atlético Clube de Gervide, um espaço que fosse gratuito para elas programarem esse evento para apresentarem à Escola. Nós convidamos mais sete grupos de dança e fizemos uma parceria com a Cooperativa Sol Maior. A entrada para o espetáculo era um bem alimentar e enchemos uma Toyota Hiace de bens alimentares que depois demos ao Sol Maior para serem revertidos a favor dos mais necessitados.

Quais são as suas perspetivas para o futuro do clube?
Eu vou ser muito franco, eu estou na direção há 12 anos e sou presidente há 7 anos, mas começa a ser difícil andarmos nestas condições, porque está-se a tornar muito saturante. Posso dizer-lhe que nós temos trabalhado e temos realizado reuniões com a Câmara Municipal de Gaia e com a Junta de Freguesia de Oliveira do Douro para tentarmos reabilitar o nosso espaço e eu acho que, na minha opinião, é o que nos faz falta, porque isto do Estádio Municipal é muito bonito, mas estamos aqui cinco clubes e é como se andássemos sempre com a casa às costas, pelo que eu acho que o futuro passa por termos casa própria.

Quais são as ambições e projetos que tem em mente para o Atlético Clube de Gervide?
O principal era o campo, isso é óbvio, mas também estamos a tentar reabilitar o atletismo. A nossa prioridade número um é que a Câmara Municipal de Gaia nos dê a alegria de reabilitar o campo. Nós temos uma sede que foi reabilitada com a ajuda da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e com a mão-de-obra dos nossos diretores e associados e fizemos lá uma sala de dança para o 1º escalão. O 2º e o 3º escalão treinam aqui no Estádio Municipal, com a autorização da Câmara Municipal de Gaia, onde temos espaço e condições para isso.

O clube vive de apoios e a realização de projetos depende dos orçamentos, muitas vezes encolhidos, como tal, acha que aquilo que a Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e a Câmara Municipal de Gaia dão ao clube já é o suficiente, ou acredita que podiam ir mais longe?
Eu acredito que a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia continuam a apoiar muito e, desde que eu sou presidente, não me posso queixar, porque se tivermos algum problema a Junta de Freguesia ajuda-nos. A Câmara Municipal também nos ajuda, tal como ajuda todos os outros clubes. Agora o que eu acho é que um clube com 81 anos, cuja história é conhecida por todos, que perdeu o campo que era pelo clube alugado, merecia ter uma casa própria tal como quase todos os clubes em Gaia têm, é só isso que falta e a Câmara Municipal está a par da situação, tal como a Junta de Freguesia. Nós tínhamos duas camadas de formação e agora temos dez, inclusive reabilitamos os seniores e já estamos na quarta época de seniores, pelo que eu acho que o Gervide melhorou significativamente, por isso é que eu acho que a Câmara devia de olhar para nós, porque todos os anos temos vindo a aumentar o número de atletas e a autarquia sabe disso melhor do que ninguém sabe porque dá um grande apoio à formação. Eu acredito que se tivermos casa própria a nossa forma de trabalhar vai ser diferente, porque, neste momento, se nós quisermos marcar um jogo de treino com alguém não podemos, porque temos de pedir à Câmara e se nós formos pedir à Câmara e se os outros quatro clubes também pedirem para a mesma data nós temos um problema porque a data não vai dar para todos e é neste sentido, porque nós tendo a nossa casa conseguimos fazer uma maior gestão. A Câmara sabe que estão aqui cinco clubes e que isto está superlotado e se está superlotado têm de arranjar alternativas para quem precisa e se todos têm o seu campo eu acho que era mais que justo que o Gervide também tivesse um campo próprio. Já sei que vamos ter despesas com a água e com a luz, mas se a sede continuar a trabalhar da forma que trabalha eu acredito que isso não vai ser um problema.

Acredita que o Gervide, tendo casa própria, vai tornar-se mais forte e vai contribuir ainda mais para o desenvolvimento da comunidade na qual está inserido?
Se nós sem condições, apertadíssimos e sempre com a casa às costas conseguimos ter o número de atletas que temos, tendo uma casa própria é óbvio que vamos duplicar isso com certeza e a nossa vida vai ser muito mais facilitada e o agendamento de jogos de treino vai ser muito mais fácil, porque os treinadores pedem-nos, mas nós não conseguimos arranjar nada e temos de estar sempre a pedir favores às equipas de fora e estamos sempre a pedir aos clubes amigos para jogarmos em casa deles, porque aqui é impossível e certamente que, com casa própria, vamos melhorar e vamos crescer muito.

BI:
Joel Marques é natural de Gervide e começou a praticar atletismo no Atlético Clube de Gervide aos 6 anos, até se apaixonar, aos 12 anos, pelo futebol, sendo que, desde então, nunca mais abandonou a modalidade. O presidente do Gervide está à frente dos destinos do clube há 7 anos e faz parte da direção há 12 anos.