MAIS UMA INGERÊNCIA EM MARCHA

Revolução colorida é a expressão utilizada para descrever uma série de criminosas operações de mudança de regime efectuadas pela CIA através de técnicas desenvolvidas por ONGs para «implantar a democracia» e outros grupos como a RAND Corporation, instituição norte americana que proporciona pesquisa e análise às Forças Armadas dos Estados Unidos sendo financiada pelo governo e por doações privadas, em actividade desde a década de 1980 e elas foram mesmo utilizadas de forma violenta para derrubar o regime comunista polaco.

Desde então as técnicas foram refinadas e utilizadas juntamente com fortes subornos, para derrubar por exemplo a governação colaborativa de Gorbachov na União Soviética e nos dias de hoje o imperialismo não só mantém como continua a intensificar a sua política de ingerência e de guerra contra os interesses dos povos.

Já em 2013 e no Parlamento Europeu se levantavam as vozes da Esquerda Unida de que o PCP faz parte, denunciando o que consideravam um exemplo da sobranceria e cinismo político da maioria do PE, desrespeitando a soberania nacional de um Estado, promovendo a ingerência nos seus assuntos internos e a sua desestabilização. Trata-se de um verdadeiro manual de intervencionismo contra a Bielorrússia, alegando infundadamente  os «valores democráticos» e a defesa da «sociedade civil», com vista a operar uma mudança de poder político e assegurar o desmantelamento do aparelho produtivo económico e da própria soberania económica e política da Bielorrússia, como tem acontecido relativamente a outros estados que anteriormente integravam a URSS, nomeadamente a Ucrânia, aos quais se promete investimentos avultados e bem estar social, mas que escondem objectivos neocolonialistas.

Em Dezembro de 2016 uma Resolução da União Europeia sobre a Bielorússia também merecia críticas, pois afirmava-se que ela prosseguia uma linha de ingerência e interferência externa relativamente à situação política e social da Bielorrússia tendo em vista a sua mudança interna, para concordar com os interesses da União Europeia, apesar dos proponentes a identificarem como uma aproximação da Bielorússia à UE, mas o que é certo é que a Resolução prosseguia com um chorrilho de considerações, recomendações e exigências que eram absolutamente inaceitáveis numa lógica de relações institucionais com um Estado soberano e que violavam o direito internacional, pois pedia reformas para o sistema eleitoral bielorusso falando de democratização do país, tecia considerações sobre o sistema judicial e os princípios do estado de direito naquele país, promovia o apoio externo a organizações e fontes de informação, ditas independentes, que se posicionavam em directo confronto com o governo bielorusso, apresentava críticas ao modelo de desenvolvimento do país visando o seu condicionamento e alimentava a abordagem de cerco à Federação Russa.

Há dias, os eurodeputados intervieram novamente desta vez na reunião extraordinária da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu sobre a «situação na Bielorússia», onde foram denunciadas como exemplo as intervenções da UE, da NATO e dos EUA, na Síria, Líbia, Iraque, Somália, Iémen, Ucrânia, onde as populações pagaram e pagam em morte, sofrimento, pobreza  e ondas de refugiados, as aventuras do imperialismo no roubo de recursos naturais e na procura do hegemonismo geoestratégico.

O chefe actual da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que Bruxelas não quer converter a Bielorrússia numa «segunda Ucrânia» e ele lá saberá do que fala, no entanto, Svetlana Tikhanovskaya, a adversária do Presidente da Bielorúsia Alexander Lukashenko, em declarações prestadas remotamente a partir da cidade lituana de Vílnius, onde está exilada, sublinhou que esta «não é uma revolução geopolítica» e «a revolução pacífica está a acontecer”, palavras estas que nos lembram outras idênticas em paragens parecidas por este mundo global, mas digam o que disserem o povo bielorusso não deu qualquer autoridade à UE e aos seus aliados para intervir, pois não precisa nem quer deles qualquer gesto de ingerência para tomar decisões sobre os seus próprios interesses e destino.