“A maioridade é a condição legal para a atribuição da plena capacidade de ação de uma pessoa ou instituição… Antes de atingir a maioridade, o indivíduo ou instituição encontra-se na fase denominada menoridade.”
Decorreu na passada semana de 08 a 12 de Abril, a 16.ª edição da MIFEC – Mostra Internacional de Filmes de Escolas de Cinema., organizada pelo Curso Superior de Cinema da Escola Superior Artística do Porto/ ESAP A edição deste ano contou com filmes de Escolas de Cinema de Portugal, Holanda, França, Roménia, Estados Unidos da América, Espanha, Alemanha, Polónia, Sérvia, Croácia, Cazaquistão, Nepal, Israel e Filipinas. No dia 08 de Abril foi entregue o prémio Aurélio da Paz dos Reis Internacional ao Realizador e Investigador, Mark Cousins no Auditório da Casa do Infante e no último dia da Mostra, dia 12, foi distinguida, à realizadora Margarida Cordeiro, com o prémio Aurélio Paz dos Reis Nacional, no Cinema Trindade.
Julgo que esta Mostra de cinema, provavelmente a mais destacada do cinema novo em Portugal já completou a sua fase inicial para enfrentar os desafios da maturidade no futuro. Além da amostra de filmes, seminários e master class, integraram o programa dirigido não apenas aos alunos da ESAP, como também ao público em geral. Mark Cousins (Belfast 1965) realizador, apresentador e crítico ocasional de cinema. Produtor e diretor prolífico, dentro da sua obra cinematográfica se destaca seu documentário de 15 horas de 2011, The Story of Film: An Odyssey , transmitido como 15 episódios de uma hora no canal More4 ( canal de televisão britânico de acesso aberto) e mais tarde, apresentado no Toronto International Film Festival de 2011.
Em setembro de 2013, começou a ser exibido na Turner Classic Movies/TCM. Com base na sua biblioteca exaustiva de filmes, a TCM complementou cada episódio com curtas e longas-metragens relevantes. O programa recebeu o Prêmio Peabody 2013 “por sua pesquisa inclusiva e unicamente comentada sobre a história do cinema mundial”.
Como entrevistador Mark Cousins realizou interessantes entrevistas a famosos cineastas como David Lynch, Martin Scorcese e Roman Polanski para a serie de TV Scene by Scene. Margarida Cordeiro (Mogadouro 1938) médica psiquiatra e realizadora cinematográfica, destaca-se na vanguarda do Novo Cinema português, na área do documentário, explorando as técnicas do cinema directo. Co-realizou com António Reis a maior parte dos filmes deste cineasta. O casal tornou-se um caso único e paradigmático do cinema português.
“O cinema de António Reis e de Margarida Cordeiro reflete um universo poético sem paralelo no cinema português, abordando temas ligados à memória e à mitologia popular de Portugal”. Na cerimónia de homenagem foi exibido o Filme Trás-os-Montes (1976), filme realizado por Reis e Margarida Cordeiro, documentário ficcionado género muitas vezes referido através do termo docuficção. Especificamente, é uma etnoficção : retrata personagens típicas da Terra Fria, o nordeste montanhoso de Portugal, inventariando hábitos seculares, num ambiente rural majestoso. Dotado de uma linguagem acentuadamente poética distinta da narrativa clássica, é uma das obras representativas do movimento do Novo Cinema e uma das primeiras docuficções portuguesas”.
O filme foi exibido numa belíssima cópia restaurada cedida gentilmente pela Cinemateca Portuguesa. O Júri internacional integrado por Lilia Nemchenko (Rússia), Alfonso Palazón ( Espanha) Manuel Claro, Filipa Rosário (Portugal ) e Roberto Merino ( Chile) , atribuiu os seguintes prémios: Grande Prémio MIFEC ao Filme: José, de João Monteiro, ESAP – Escola Superior Artística do Porto (Portugal). Prémio Especial do Júri; Verniz, de Clara Jost, ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Melhor Filme Português; Às vezes sou pessoa, às vezes sou dinossauro, de Rosana Soares -Escola Superior de Media Artes e Design. Melhor Argumento; Hearth, de Alisher Zhadigerov -T. K. Zhurgenov Kazakh National Art Academy (Cazaquistão).Melhor Realização; Quem me dera em vez de uma câmara ter uma mosca, de Cláudia Craveiro Santos- Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. Melhor Documentário; The Hunger Circus, de Eugen Dedin UNATC – National University of Theatre and Film (Roménia). Menções Honrosas; Time Machine, de Jan Bujnowski- The Polish National Film, Television and Theatre School in Lodz (Polónia) e Beddy-byes, de Albane-Chaumet – ENSAD – École Nationale Superiéure des Arts Decoratifs Paris (França)