MOINHOS DO PICO TÊM ROTEIRO E EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

MiratecArts lançou o Roteiro dos Moinhos do Pico na sessão de abertura da exposição Fringe, na Foto_Galeria, na vila da Madalena.

Este é um projeto ao qual ainda falta muito para estar completo. Fotógrafos Davide Sousa e Pedro Silva começaram a catalogar os moinhos de vento em existência e muitos em ruínas. Terra Garcia falou sobre a importância desses monumentos e referiu-se ao momento oportuno deste interesse, pois ainda se sabe muitas histórias à volta destas lindas peças que hoje são peças de arte na paisagem da ilha do Pico.

Terry Costa, diretor artístico da MiratecArts, avançou que estamos apenas no início e na primeira versão do roteiro, “pois só agora iniciamos este projeto ao colocar em público, esperando conseguir melhor apoio da cidadania para encontrar todos os moinhos da ilha.” Assim, a organização faz um apelo aos residentes que comuniquem com a MiratecArts se souberem de vestígios de moinhos nas suas localidades ou se têm histórias para contar. “Estamos criando uma sinergia entre a história, a etnografia, o conto, a fotografia e construindo um projeto artístico que é simultâneamente uma ferramenta turística de grande valor que espero incentive mais entidades, e por que não privados, a restaurar os moinhos do Pico?” terminou Terry Costa na sua intervenção.

Terra Garcia, na sua escrita introdutória à exposição fotográfica, transporta-nos a tempos de outrora. Deixamos aqui um pequeno excerto, esperando que toda a população residente e visitantes, a partir dele, dêm um saltinho à Foto_Galeria da MiratecArts, localizada no primeiro piso do edifício dos Bombeiros Voluntários da Madalena – está aberto 24 horas, e vale a pena

“Moinhos de vento foram, durante séculos, valiosas peças incluídas na paisagem humanizada desta ilha. Eram engenhos indispensáveis e perfeitamente integrados no ambiente natural. Impunham-se como testemunhos da vivência rural das nossas gentes. Foram cenários de muitas estórias, palcos de encontro e de convívio que o tempo fez esquecer. Foram, também, registos de vida a colorir a aridez dos campos e a temperar muitas canseiras despendidas no labor intenso do amanho das terras. Os nossos moinhos de vento, moldados pelo traço flamengo, graciosos no seu conjunto linear, eram sinal de alguma abundância depois de muito suor despendido em inúmeras tarefas que a vida exigia. Por isso, em cada lugar, um moinho constituía, também, parte significativa da identidade de um povo, reflexo da vontade, da fé, do apego à terra e à vida, dos sonhos sempre limitados pelos penosos êxitos da sobrevivência. Depois das ermidas derramadas por sobre a crosta vulcânica da ilha, eram os moinhos os mais genuínos testemunhos das condições de vida e do esforço humano dos nossos antepassados. Conservemos e respeitemos quantos ainda existem e o que resta daqueles que, ao longo dos tempos, sucumbiram com as suas lendas e estórias, seus segredos, seus costumes e tradições…”