NOVA CARRINHA É O PRIMEIRO SONHO DE NATAL CONCRETIZADO

Nesta época de quadra natalícia, o Jornal AUDIÊNCIA esteve à conversa com Albano Melo Garcia, presidente da Casa do Povo da Ribeira Grande quase há 30 anos, para saber os seus anseios para o Natal e para o próximo ano que se avizinha. Albano Melo Garcia contou-nos sobre a lista que fez para o Pai Natal de conquistas que espera ver alcançadas até ao final do ano 2023, como a remodelação do edifico da Casa do Povo e a construção de um miniginásio. Um dos desejos já está concretizado, que era a aquisição de uma carrinha com rampa e lugar para cadeiras de rodas, para apoiar o CATL Anjo da Guarda e as crianças com necessidades especiais. No dia 3 de dezembro, nas cerimónias do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, Albano apelou à necessidade de defesa dos direitos das crianças com tais necessidades especiais, a aquisição da carrinha foi um passo nesse sentido da melhoria das suas condições de vida. 2023 também deverá significar o afastamento do presidente da Casa do Povo. Depois de 30 anos, Albano Melo Garcia admite que está na hora de dar o lugar aos mais novos, que acredita que terão mais resistência que ele para as lutas futuras.

Estamos próximos da época natalícia, portanto, quais são as principais preocupações para este Natal da Casa do Povo?

Natal é tempo de partilha, de solidariedade, tempo de amor e de esperança para com as famílias desfavorecidas. Claro que, este ano, como é sabido, foi um ano atípico, e continua a ser. Há algumas condicionantes, como a de não haver convívios. Este ano não vai haver, novamente, o convívio dos idosos, com alguma mágoa minha e tristeza, mas mais vale a pena prevenir do que depois acontecer alguma desgraça, como já aconteceu num concelho aqui muito próximo da Ribeira Grande. Portanto, não vai haver o convívio, mas o Pai Natal vai às casas das famílias mais desfavorecidas levar uma prendinha, um mimo que vamos proporcionar. Depois, em termos do pacote de Natal, nós já escrevemos a cartinha ao Pai Natal, onde escrevemos o que gostaríamos de ter neste Natal, e até ao final do ano de 2022. Primeiro, graças a Deus, nós já temos uma carrinha que nos foi proporcionada, com o apoio da Câmara Municipal. Há duas semanas que temos uma carrinha mista, com lugares sentados e espaço para cadeiras de rodas, era uma lacuna que tínhamos e eu não descansei enquanto não comprei isso, para dar melhores condições às crianças com necessidades educativas especiais, do nosso CATL Anjo da Guarda. A carrinha é mais direcionada para aquelas crianças, mas também para serviço fora desse âmbito, servindo a comunidade ribeira-grandense e as outras crianças das outras instituições. Outra dos nossos pedidos são as obras, a remodelação no edifício. Ou seja, como é sabido, em praça pública, o ISSA (Instituto de Segurança Social dos Açores) vai sair deste edifício, que é propriedade da Casa do Povo. O edifício está com muitas lacunas e precisa de muitos trabalhos, uma remodelação total. Pedimos, face a isso, que o senhor presidente e vice-presidente nos premeiem nesta matéria, e nos ajudem a pôr o edifício em condições, para criar mais estruturas em prol dos ribeira-grandenses, uma das quais é um CATL para 40 crianças, porque ainda temos uma lista de espera de 60 crianças, ou seja, é uma necessidade imperiosa criar mais uma estrutura de um ATL em prol das crianças da Ribeira Grande, também com a preocupação de libertar os pais para estes trabalharem, ganharem o pão de cada dia. Quanto aos outros pontos da nossa lista, nós gostaríamos de ver, e eu acredito que vamos ver, porque o presidente da Câmara já confirmou que até ao dia 31 de março vamos ter o miniginásio, no Centro de Artes dos Tempos Livres. Este vai proporcionar uma mais valia às crianças dos CATL’s, porque poderá desenvolver-se desporto, cultura e educação, ou seja, volei, basket, dança, dança folclore, educação de trabalhos de logística, trabalhos direcionados com as educadoras. É uma mais valia. Para além desta situação, nós estamos preocupados com a regularização da situação dos trabalhadores. Foi uma das bandeiras que o senhor presidente da Câmara demonstrou ao longo da campanha eleitoral, que no novo plano de atividades e orçamento ia trazer este ponto, ou seja, proporcionar contratos de trabalho, em vez dos funcionários estarem a recibos verdes. Entretanto, eu acredito e confio no que o senhor presidente da Câmara diz. No dia 31 março a Casa do Povo faz 55 anos de existência e temos um programa com algumas atividades na área da cultura, desporto e educação, que não serão só feitas naquela atura, mas que vão até ao fim do ano de 2022 e irão abranger os patamares da juventude, sénior e infância.

Voltando ao Natal de 2021, vamos estar associados ao evento da Câmara, a Aldeia de Natal, e vamos apresentar os cumprimentos habituais ao senhor presidente, à Câmara Municipal, como já fazemos há muitos anos. Isso é uma das coisas importantes que iremos fazer nesta quadra.

Sobre o Governo Regional, a cedência destas instalações e as obras de remodelação, já há algum contacto neste sentido ou é apenas um desejo para o qual ainda não obteve feedback?

Já há contactos nesse sentido. Já tivemos com o senhor vice-presidente do ISSA, o senhor Otávio Torres. Fomos muito bem recebidos e ele manifestou que, certamente, irá ajudar, porque é uma obrigação do Governo, uma vez que estiveram aqui 25 anos, sem pagar qualquer valor de renda. É de inteira justiça que se concretize isto, porque muito se tem feito nestas ilhas e muitas Casas do Povo têm tirado milhões e milhões de euros às secretarias. Nós não temos feito isso, temos debruçado-nos mais sobre a infância e quem nos tem ajudado muito é a Câmara, com um subsídio que vem do Governo, atribuído aos Traquinas. Está previsto eles saírem daqui, os dois serviços, em meados de fevereiro, depois lançarmos os nossos trabalhos. Há umas alterações a fazer aqui no edifício. Passar o museu para a parte de baixo onde está instalada, ainda hoje, a Segurança Social, com um salão para exposições e também de trabalhos de formação. A sala do meio será ocupada com outras atividades que ainda não estão decididas.

Falou aí do folclore, que já esteve num ponto bastante adiantado, mas que a pandemia atrasou, não é? Agora vai ter de começar, praticamente, do zero, correto?

Pois, infelizmente é isso. Nós tínhamos aqui um grupo sénior que era a trave mestra desta instituição, só que aí há dez anos foi desfeita por um grupo que entendeu que não queria continuar. Foi triste, mas não podemos fazer mais nada. Quanto ao grupo infantil, na altura do auge já havia altos e baixos, porque infelizmente os pais não se apercebem da mensagem que é pôr os filhos em atividades desportivas, lúdicas e culturais, para que as crianças fiquem ocupadas para não caírem nos malefícios que a sociedade nos proporciona.

Acredita que 2022 vai ser um ano bom?

Sim, exatamente, eu acredito que 2022 nos vai proporcionar esses itens que acabei de dizer, que é o miniginásio, a remodelação total da Casa do Povo. A Câmara, por sua vez, vai pintar o exterior todo do edifício, graças a Deus, já é um grande benefício. Antes de 2023 gostaria de proporcionar o melhor para a Casa do Povo.

Fala em 2023 porque está a pensar sair nessa altura, certo?

Sim, porque já são praticamente 30 anos e também acho que os jovens de 40 e 30 anos têm mais resistência, porque já me falta alguma, não é vontade, mas também estou um bocado adoentado.

Nota que isto, no que diz respeito a coletividades, há uma enorme falta de pessoas que queiram assumir estas instituições onde não se pode ganhar dinheiro e onde tem de se contribuir bastante, pelo menos com trabalho?

É verdade. Eu subo estas escadas, que são 40, cerca de sete ou oito vezes por dia, mas faço isto de alma e coração.

Para finalizar, quer deixar algumas palavras?

Quero desejar votos sinceros às instituições democráticas, ou seja, especialmente ao Governo Regional, à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia, mas também às instituições de solidariedade social, à nossa Igreja Matriz da Senhora da Estrela, aos nossos sócios, aos nossos colaboradores que são o nosso braço direito aqui na Casa do Povo, população em geral, e, finalmente, ao Jornal Audiência, pela disponibilidade que tem sempre em estar aqui quando eu preciso e o faz sempre com muito gosto.