Depois do interregno e dos constrangimentos impostos pela pandemia da Covid-19, a romaria em honra de S. Gonçalo voltou a sair à rua, na sua data habitual. Assim, no passado dia 15 de janeiro, esta que é a primeira grande festa do ano, a celebrar-se no país, arrancou às 8 horas e foi protagonizada pela Associação de S. Gonçalo Antiga da Rasa, pela Nova Comissão de S. Gonçalo da Rasa e pelos Mareantes do Rio Douro, e atingiu o seu auge às 17 horas, na Igreja de Mafamude. A Câmara Municipal de Gaia também se juntou à festa, aliada à União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, assim como à União de Freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada, que fizeram questão de receber os festeiros nas suas instalações.
A Festa em honra de S. Gonçalo, em Gaia, é a primeira romaria do ano, a celebrar-se no país, e foi assinalada no passado dia 15 de janeiro. As origens são antigas e envolvidas em algum mistério, muito provavelmente pré-cristãs. Certo é que esta tradição está fortemente ligada à comunidade ribeirinha e à formação do território que, atualmente, constitui a cidade de Gaia.
Tradicionalmente, no primeiro domingo, depois do dia 10 de janeiro, o S. Gonçalo, acompanhado por S. Cristóvão e por S. Roque, desfilam pelas ruas do concelho, em proteção, não só dos homens e mulheres do rio e do mar, de quem são santos protetores, como de toda a comunidade gaiense, que afirma, ao som dos bombos, que “ele é nosso. E é, é, é!”.
Esta romaria é protagonizada pela Associação de S. Gonçalo Antiga da Rasa, pela Nova Comissão de S. Gonçalo da Rasa e pelos Mareantes do Rio Douro, que são guardiões das cabeças dos santos e da memória deste costume milenar.
Este ano, os desfiles tiveram início às 8 horas e, neste âmbito, a União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso assinalou este momento com uma receção simbólica à Associação de S. Gonçalo Antiga da Rasa e à Nova Comissão de S. Gonçalo da Rasa, agradecendo a estas centenárias comissões festeiras, por manterem viva a tradição, que contou com a presença de Tiago Braga, presidente da Assembleia da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, Elísio Pinto, vereador da Câmara Municipal de Gaia, e Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, assim como de inúmeros representantes de entidades civis e militares. “É sempre um gosto recebê-los aqui e manter vivas as tradições, por isso a Junta de Freguesia faz questão de dar um apoio, um mimo, para vocês também darem continuidade aos costumes e àquilo que é a nossa primeira romaria do ano e, portanto, estamos, aqui, com todo o gosto e com toda a satisfação. Muito obrigada, uma vez mais, por manterem vivas as nossas raízes e a nossa cultura”, ressaltou Alexandra Amaro, presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, enaltecendo que “nós queremos que vocês estejam sempre por perto”.
Na ocasião, também Elísio Pinto, vereador da Câmara Municipal de Gaia, fez questão de dirigir umas palavras aos festeiros, enfatizando que “importa deixar, em nome do senhor presidente da Câmara, esta palavra de gratidão, por vocês manterem bem vivas estas tradições. Portanto, em nome da autarquia e em nome de todos nós, remeto esta palavra de profundo agradecimento, pela vossa dedicação e entrega e por manterem vivos estes costumes”.
Por conseguinte, também a Junta de Freguesia de Santa Marinha fez questão de cumprir a tradição e receber, nas suas instalações, os Mareantes do Rio Douro. Durante a receção, Paulo Lopes, presidente destes territórios, agradeceu, em nome pessoal e da Junta de Freguesia, “a todos os que estão cá. Hoje, para nós, é um dia especial, porque revejo-me nesta instituição secular e isso tem muito a ver com as suas características particulares, como a simplicidade, pois são pessoas humildes e lutadoras”, felicitando Agostinho Gomes, “o primeiro dos Mareantes”, “pelo seu trabalho e a sua forma de ser e de estar, porque é um homem que preza as tradições”.
Após o almoço, os festeiros passaram pela Câmara Municipal de Gaia e subiram até à varanda do edifício dos Paços do Concelho, para saudarem a multidão, ao lado de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da autarquia gaiense, que sublinhou que “receber-vos não é apenas dar um viva ao fim de semana do S. Gonçalo, é dar um agradecimento a cada um de vós, por manterem vivas as nossas identidades, as nossas tradições e a nossa forma de ser e de estar”.
Posteriormente, a Associação Antiga de S. Gonçalo da Rasa, a Nova Comissão de S. Gonçalo da Rasa e os Mareantes do Rio Douro concentraram-se na Igreja de Mafamude, onde este santo tem o seu altar. Os cortejos terminaram com a chegada dos festeiros a cada uma das suas sedes e, no ar, soaram os gritos em uníssono: “viva o S. Gonçalo!”.
Neste contexto, Paulo Lopes fez questão de voltar a receber os Mareantes do Rio Douro, uma semana depois, no passado dia 22 de janeiro, desta vez na Junta de Freguesia de São Pedro da Afurada. Na ocasião, o edil reforçou que estes festeiros “têm e simbolizam a veracidade, o que incorpora, de certa forma, e caracteriza, cada um dos mandatos, diria até dos anos, do executivo da União de Freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada. É, para mim, motivo de regozijo poder receber-vos, aqui, na casa da democracia desta freguesia, desde logo, porque temos um povo que sabe receber e quer preservar as tradições, ao exemplo daquilo que têm feito, ao longo dos últimos anos, os Mareantes do Rio Douro e nós, para além de sermos defensores desta causa, queremos, também, lutar ao vosso lado por ela, assim como pelo povo de São Pedro da Afurada e de Santa Marinha”.