PARA SURPRESA DE ALGUNS «GUERREIROS» ELEVAM-SE VOZES DE BOM SENSO

Em entrevista há dias ao jornal Público, Jeffrey Sachs, reputado economista norte americano fez afirmações demolidoras em relação à política externa norte-americana, afirmando que «os Estados Unidos não são uma força para o bem neste mundo, porque estão demasiado orientados para o poder e isto é importante que as pessoas compreendam» e, apresentando exemplos concretos, denuncia uma estratégia suportada por mais de 800 bases militares no estrangeiro e pela multiplicação de ingerências, agressões, leia-se invasões, mas também focos de tensão, política esta de que tanto a Palestina e a Ucrânia desde há muito são vítimas.

É neste contexto que tem particular significado o que afirma em relação às causas da perigosíssima situação no Leste da Europa: «A NATO deve declarar que não irá para a Ucrânia, esta tem sido a causa da guerra desde sempre. Putin já afirmou que se garantirem isso a guerra acaba».

Mas diz mais Jeffrey Sachs: «Os líderes europeus na NATO têm de dizer aos Estados Unidos que isto é a Europa, queremos Paz aqui e a Ucrânia pode ser neutral. Toda a vossa ideia de expandir a NATO até à fronteira russa foi imprudente, parem de jogar com as vidas dos ucranianos a guerra na Ucrânia dura há dez anos, desde o golpe de Maidan, e poderia terminar hoje, se parassem a expansão da NATO».

Com efeito e se observarmos a estória do golpe de estado, apoiado e monitorizado pelos Estados Unidos, que destituiu um presidente eleito democraticamente e colocou na governação ucraniana um acólito nazi, que não se inibe de ostentar nas camisetas o gancho do lobo, símbolo inicial das hordas nazis durante a II Guerra Mundial, a guerra na Ucrânia podia e devia ter sido evitada e a Paz justa e duradoura por que lutamos exigiria reconhecimento, como Jeffrey Sachs reconhece.

Pelo atrás descrito, conclui-se que a origem do conflito reside na estratégia de poder estado unidense que continua a ser instigada pelos falcões do Pentágono e da União Europeia e continuará infelizmente após os resultados da Cimeira da NATO em Washington, comemorativa do 75.o aniversário desta aliança agressiva, desenvolvimentos particularmente graves que é necessário denunciar e combater.

É imperioso agir para tornar a luta pelo desarmamento, pela dissolução da NATO, pela Paz, num movimento poderoso capaz de fazer recuar o imperialismo na sua demencial escalada de confrontação e de guerra.

Para que serve tanta retórica mentirosa de comentadores encartados, salvo honrosas excepções, senão para iludir incautos? Então não se presta atenção ao bom senso de alguns militares experimentados, pois conheceram a «casa» por dentro e não alinham no pensamento único que nos querem impor?

Mark Episkopos é pesquisador da Eurasia no Instituto Quincy de Estado Responsável, sendo também professor adjunto de História na Universidade Marymount e mestre em assuntos internacionais pela Boston University. Ele informou o conteúdo de relatório explosivo que pode ser lido no insuspeito New
York Times, mostrando como Washington alimentou desnecessariamente os piores receios da Rússia e precipitou a invasão.

A mensagem da Casa Branca sobre a guerra na Ucrânia é construída em torno de dois adjectivos simples, ainda poderosos: «Estamos unidos em nossa condenação da guerra de agressão injustificada e não provocada da Rússia contra a Ucrânia» disse o presidente Joe Biden há quase dois anos numa declaração conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A linha «injustificada e não provocada» tem sido usada várias vezes por um coro de altos funcionários e aliados dos Estados Unidos, tornando-se rapidamente um pilar retórico da campanha de pressão máxima de Biden contra o Kremlin.

Entretanto, Kiev rotineiramente empurrava as fronteiras dessa actuação, violando as linhas vermelhas do governo Obama em torno de operações letais, realizando assassinatos de combatentes russos de alto perfil em território controlado por separatistas alinhados à Rússia e uma parceria Kiev-CIA aprofundou-se sob o governo Trump, mais uma vez colocando a mentira da ideia infundada de que o anterior
presidente era de alguma forma receptivo aos interesses da Rússia enquanto estava no cargo.

O problema, no entanto e em vez disso, é uma das percepções básicas de segurança, pois Moscovo advertiu repetidamente, anos antes de 2014, que estava e continua preparado para tomar medidas drásticas para impedir que a Ucrânia seja usada pelo Ocidente como uma base operacional contra a Rússia. No entanto e como relatado detalhadamente pelo New York Times, é precisamente o que tem acontecido nos últimos 10 anos.

A luta pela Paz assume-se hoje como uma luta pela democracia, pela soberania e por um futuro de harmonia entre todas as nações.