RANCHO FOLCLÓRICO E CULTURAL NOSSA SENHORA DO MONTE COMEMOROU 36º ANIVERSÁRIO

No dia 29 de setembro, o Rancho Folclórico e Cultural Nossa Senhora do Monte comemorou o seu 36º aniversário com um jantar na sua sede. O jantar contou com a presença de dezenas de pessoas e ficou marcado por ser o primeiro evento realizado no contexto atual de recuperação da pandemia. Eduardo Vítor Rodrigues, Filipe Lopes e Albino Almeida marcaram presença no evento, e todos apontaram este evento como ponto de partida para a normalidade que tanto se procura. Já Manuel Silva, presidente da coletividade, dirigiu palavras emocionadas de agradecimento a quem sempre ajudou o rancho, bem como palavras de apelo para que todos estejam presentes no recomeço dos trabalhos, marcados para dia 8 de outubro, com o primeiro ensaio pós pandemia.

 

 

O 36º aniversário do Rancho Folclórico e Cultural Nossa Senhora do Monte ficou marcado pelo pequeno regresso à normalidade. Depois do período de pandemia, que impediu convívios, ensaios e atuações, a sede do rancho voltou a encher-se, no dia 29 de setembro, para comemorar o aniversário da coletividade. A ementa foi cozido à portuguesa, confecionado na perfeição pelas mulheres do rancho, e na mesa principal sentou-se, ao lado de Manuel Silva, presidente do Rancho Folclórico e Cultural Nossa Senhora do Monte, Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, acompanhado da esposa e do pequeno Salvador, Filipe Lopes, presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, e Albino Almeida, presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia.

A festa começou cedo. Antes mesmo de todos entrarem para o salão da coletividade, após a chegada de Eduardo Vítor Rodrigues, o céu encheu-se de cor, com o fogo de artifício que marcou o início da festa. Manuel Silva encaminhou o presidente da Câmara para a sala e atrás deles todos os convidados, amigos e membros do rancho começaram a ocupar os lugares nas longas mesas. Não tardou até que começassem a chegar às mesas travessas cheias do belo cozido à portuguesa, e toda a gente ajudava a levar uma caneca ou uma travessa, desde os mais velhos aos mais jovens. Seguiu-se o primeiro momento doce da noite. Em cima do palco havia dezenas de sobremesas e, como num casamento, depois de aberta a mesa pelo presidente da coletividade, seguiram-lhe todos os convidados. Só o bolo de aniversário se mantinha imaculado.

Filipe Lopes teve de abandonar o jantar a meio, para ir à Assembleia de Freguesia, mas prometeu regressar para o bolo de aniversário. E voltou. Aquando do seu regresso, foi tempo para discursos emocionados.

Manuel Silva, presidente do Rancho Folclórico e Cultural Nossa Senhora do Monte, começou por agradecer a presença de todos, dando uma palavra especial às cozinheiras. O presidente, que viu nascer este rancho há 36 anos atrás, confessou que a ideia inicial era apenas fazer um bolo e cantar os parabéns ao rancho, tendo em conta a conjuntura atual da pandemia, apenas marcar a data para que não passasse em branco. Mas a dona Rosa disse não. A dona Rosa que dedica muito do seu tempo ao rancho, toma conta do café que se localiza na sede do rancho nas horas de almoço, e segundo Manuel Silva, abdica até de almoçar muitas das vezes, para estar ali a aguantar as pontas, para que a coletividade faça algum dinheiro para pagar as contas. Ela disse não e as colegas juntaram-se a ela. “Vamos jantar todas, vamos fazer um cozido”, contou o presidente do rancho. Foi assim que nasceu a possibilidade de todos se reunirem no jantar. “Eu quis que tivessem cá todos”, referiu Manuel Silva, completando que até os que já não iam aparecendo aos ensaios, porque, segundo ele, “de sexta a oito (8 outubro), é um novo mandato aqui dentro”, referindo-se ao recomeço dos ensaios.

“Estivemos parados, há quase dois anos que não sabemos fazer nada”, continuou Manuel Silva que ainda brincou que todos tinham ganho um pouco de barriga e que ia ser difícil regressar aos ensaios. Mas acima de tudo, o maior pedido, e com as lágrimas nos olhos, foi para com o compromisso que todos têm com o rancho. “Não podem deixar cair esta casa, eu conto com vocês todos. Tenho 73 anos, podia muito bem encostar à parede, mas eu sou um fundador desta casa, como muitos que aqui estão. Conto com   todos no primeiro ensaio. Não vai ser fácil. Vai ser um sacrifício para alguns. Mas eu pergunto: o que vocês tiraram de não vir à sexta feira ao ensaio? Alguma vantagem? Nenhuma! Os telemóveis tomaram conta de nós, tiraram-nos aquela hora em que estávamos todos juntos a cantar, a dançar, cheios de momentos de alegria”, notou Manuel Silva, prometendo que todos esses momentos vão voltar e que o Rancho Folclórico e Cultural Nossa Senhora do Monte vai continuar a elevar o nome da freguesia e do concelho.

Filipe Lopes manteve a postura descontraída e não escondeu o orgulho por este “ser o primeiro evento, digamos assim, pós pandemia, onde nos podemos reunir de forma, mais ao menos, tranquila, onde podemos estar a celebrar mais um aniversario desta importante coletividade da freguesia”. Também o autarca referiu a perda de hábitos do último ano e meio, onde teve de se lidar com coisas que ninguém estava à espera e para as quais ninguém estava pronto, mas o “tempo da pandemia serviu também para aprendizagem enquanto comunidade”.

“O tempo é de recuperação, voltar passo a passo à normalidade, mas também é tempo de responsabilidades”, disse Filipe Lopes, advertindo os presentes para os cuidados a ter no dia a dia para que o caminho seja sempre em frente e não sofra retrocessos, só assim podem regressar os ensaios e o presidente  de Pedroso e Seixezelo foi mais longe e referiu o sentido de prevenção como necessário para que “no próximo ano possamos ter Festa do Caneco, Marés Vivas, Passeio Sénior, Colónia Balnear, entre muitas outros eventos”.

Albino Almeida, presidente da Assembleia Municipal de Gaia também dirigiu algumas palavras aos presentes, dizendo que se não fossem eles “não haveria 36 anos para comemorar” e fazendo uma nota do belo presságio para o futuro da instituição, suportando-se no número de crianças presentes no evento. Albino Almeida também quis deixar bem claro um ensinamento da pandemia: a de todos tomarem conta uns dos outros, dizendo que o jantar acaba por ser uma representação desse cuidado da instituição com a comunidade que a rodeia. Terminou com esse mesmo apelo de zelo: “cuidem uns dos outros, é a melhor coisa que um ser humano pode fazer”.

Para o final ficou a pequena intervenção de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. O edil gaiense admitiu que houve duas fortes razões que o levaram a estar presente no aniversário da coletividade, “em primeiro para agradecer o trabalho que vocês tiveram, já nos fazia falta estes momentos de encontro. Há coisas na vida que só valorizamos quando deixamos de ter, e há um ano e meio que não nos encontrávamos numa sala destas com tanta gente (…) A segunda razão, e a mais importante de todas, pela qual eu vim cá hoje, é que sinto que há uma espécie de renascimento (…) tenho a noção de tudo o que há de ter sido perdido neste tempo: as dinâmicas do ensaio, até a predisposição para sair de casa, afinal de contas nós somos pessoas de hábitos, quando nos habituamos a deitar a uma certa hora, depois se é cedo não se adormece, mas se é tarde também não. Vamos precisar de voltar a esses hábitos, e o que vos quero pedir é que façam esse esforço inicial, voltar aos nossos hábitos não é uma coisa fácil, mas é fundamental para voltarmos a recriar o espirito de coletividade, comunidade e freguesia, que existia no passado e que esta pandemia veio atenuar”.

A estrutura que Manuel Silva comparou a uma “mini empresa” no seu discurso, Eduardo Vítor Rodrigues prometeu continuar a ajudar, relembrando que nem em tempo de pandemia esqueceu o papel importante das associações e coletividades de Gaia. “O nosso pequenino fundo de apoio às coletividades, que ainda assim foram umas boas centenas de milhares de euros, em plena altura covid, para muitos fez diferença entre ter dinheiro ou não ter dinheiro para pagar a luz. Foi apenas uma forma de dizer que estão parados, mas fazem parte do nosso coração, são a nossa identidade”, explicou o autarca gaiense.

Após os discursos, as mulheres do salão tiveram direito a uma rosa amarela, um pequeno e simbólico presente, e seguiu-se o segundo momento doce da noite: cantar os parabéns e partir o bolo de aniversário. Foi Lurdinhas, de 86 anos, membro mais antigo do rancho, que fez as honras da casa, soprou as velas e partiu, juntamente com Eduardo Vítor Rodrigues, o majestoso bolo. Emocionada, Lurdinhas disse que não sabia quanto tempo ainda estaria neste mundo, mas pediu a todos para que não deixassem cair esta casa que tanto gosta.