REGIÃO DO BARROSO FOI DECLARADA PATRIMÓNIO AGRÍCOLA MUNDIAL

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) declarou que a região do Barroso, que engloba dos municípios de Montalegre e Boticas, é património agrícola mundial. A cerimónia de entrega do certificado realizou-se no passado dia 19 de abril, em Roma, em Itália, cidade onde está sediada a FAO.

O processo de candidatura do Barroso foi iniciado, em 2016, pela Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), tendo sido, depois, formalizado junto da FAO pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. A candidatura envolveu ainda a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade do Minho (UM).

O território do Barroso foi designado o primeiro sítio GIAHS – Sistema Importante do Património Agrícola Mundial em Portugal e o terceiro na Europa e na Ásia Central, no âmbito de uma iniciativa da FAO para “a promoção da consciencialização e do reconhecimento nacional e internacional dos sistemas de património agrícola”, com o objetivo de alertar para a importância de “proteger os bens e serviços sociais, culturais, económicos e ambientais que estes fornecem aos agricultores familiares, aos povos indígenas e às comunidades locais” e fomentar “uma abordagem integrada que combina agricultura sustentável e desenvolvimento rural”.

Orlando Alves, presidente da Câmara Municipal de Montalegre, afirmou que esta distinção é uma “alavanca de desenvolvimento” que urge “saber exponenciar” e que “premeia o trabalho esforçado, desenvolvido num território muito difícil”.

Barroso é uma região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas. No que respeita o ponto de vista cultural, os habitantes do Barroso desenvolveram e mantiveram formas de organização social, práticas e rituais que os diferenciam da maioria das populações do país, em termos de hábitos, linguagem e valores.

“Isto resulta das condições endógenas e do isolamento geográfico, bem como dos limitados recursos naturais que os levaram a desenvolver métodos de exploração e uso conscientes com a sua sustentabilidade. O comunitarismo é um dos valores e costumes mais característico de Barroso, intimamente associado às práticas rurais de vida coletiva e à necessidade de adaptação ao meio ambiente. A paisagem montanhosa está historicamente relacionada com os sistemas agrícolas tradicionais, em grande parte baseados na criação de gado e na produção de cereais”, revelou a Câmara Municipal de Montalegre.