Prometendo aos gaienses “seriedade, empenho, respeito, trabalho e dedicação”, Eduardo Vítor Rodrigues recandidata-se ao cargo de presidente da Câmara de Gaia para mais quatro anos e está confiante na vitória. “Acredito que vou ganhar e por muitos. Não pela vitória em si, mas pelo reconhecimento do trabalho feito”, afirma, criticando ainda os adversários que, a seu ver, falam em renovação “quando representam o passado mais aparelhista e radical”.
Em maio deu uma entrevista ao AUDIÊNCIA onde afirmava que a sua recandidatura estaria dependente do partido e da opinião “de um conjunto de pessoas” relevantes para si. Agora que já assumiu a recandidatura à Câmara de Gaia, o que lhe disseram essas pessoas que o motivaram a tomar a decisão?
A minha candidatura não é uma decisão de um homem só, muito menos uma obsessão pessoal. Não deixaria nunca de exercer o inevitável juízo crítico sobre o que foi feito e o grau de cumprimento dos compromissos assumidos. Foi o que fiz. Senti um reconhecimento do trabalho feito, das dificuldades existentes, do novo ciclo e do novo modelo de gestão política da cidade. E essa avaliação foi alargada, não se circunscreveu ao partido, foi muito além disso. A nível local, os munícipes avaliam a ação das pessoas, mais do que a mera vinculação partidária. E é assim que tem que ser. Exigência e abrangência, como se exige de uma democracia madura. E temos que reconhecer que os recursos são sempre menores do que as necessidades. Daí a necessidade de avaliar as opções. Ouvi muita gente, senti o pulsar das pessoas e das instituições, avaliei a confiança que tinham em mim. E isso foi muito motivador, ao mesmo tempo que me responsabilizou. Continuarei com redobrada energia e uma maior responsabilidade, agora que tenho uma base de apoio bem mais alargada.
Presume-se que fez, por isso, uma avaliação positiva. Assente em quê?
Tenho orgulho no trabalho feito. Com menos recursos do que no passado, com uma dívida elevada, sem quadro comunitário, com problemas estruturais para resolver, acho que o balanço é muito positivo. Apoiamos a 1ª fase do Hospital de Gaia, contratualizamos o protocolo para a obra do Centro de Saúde da Madalena e do Centro de Saúde de Vilar de Andorinho (este já em fase avançada), arrancamos com os concursos para a reabilitação das obras das escolas EB 2/3 Sophia de Mello Breyner, Dr. Costa Matos e Valadares, investimos na reabilitação das escolas do 1º ciclo, melhoramos substancialmente os apoios sociais, criamos o Centro de Emprego e Formação Profissional, assumimos um programa ambicioso de melhoria de pavimentos e espaços públicos. Para não falar do novo Parque de São Paio ou do arranque da iluminação eco-eficiente no concelho. Recriamos a forma de fazer política, assumimos uma política de proximidade, apostamos nas boas contas, no pagamento atempado para evitar juros de mora, no apoio às instituições e aos seus projetos. Trouxemos Gaia para um novo patamar de internacionalização e de eventos, com o Red Bull Air Race ou a F1 de Motonáutica. Apoiamos empresas e emprego, como na Cerâmica Valadares. E assumimos a necessidade de reestruturar as empresas municipais, que são hoje orgulho de todos e não sacos de boys.
Está confiante na vitória? Acredita que poderá ter uma maioria absoluta?
Acredito que vou ganhar e por muitos. Não pela vitória em si, mas pelo reconhecimento do trabalho feito. Não pela vitória enquanto poder, mas pela garantia das condições de trabalho na Câmara. Mas, mais do que o resultado, preocupa-me a abstenção e o excesso de confiança. Ninguém pode ficar em casa, todos têm que exercer o direito de voto, que é também um dever de cidadania. Quero muito lutar contra a abstenção, tive um mandato de grande proximidade para contrariar o afastamento entre a política e os políticos. E quero que as pessoas votem, se possível em mim, mas que votem. Há quem esteja a fazer o papel cínico de esperar pela abstenção para ter um resultado melhorzinho…
Caso não consiga a maioria, coloca a possibilidade de fazer acordos? Se sim, com quem?
Os acordos na gestão autárquica são, para mim, normais. Este mandato houve mais vereadores com pelouros do que eu precisava para governar com maioria. Isto porque lhes reconheci valor. É disso que dependem os acordos: da competência e do valor. Neste momento, não vejo isso na principal lista adversária. Vejo, isso sim, uma sede de poder, um radicalismo atroz e um modelo execrável de ataque pessoal. Infelizmente, ao fim de uma dezena de possíveis candidatos, o PSD apresentou a solução mais frágil e menos credível. Compensa isso com o radicalismo e a política feita com a faca nos dentes.
Mas pondera voltar a fazer acordos, caso vença as eleições?
Com este atual PSD de Gaia, nunca. De resto, não fecho a porta. Respeito muito todos os candidatos, mas não me podem pedir para trabalhar com alguém a quem eu não entregava nem a gestão do meu condomínio.
Tem alguns nomes de peso a apoiá-lo, como Guilherme Aguiar, que em 2013 concorreu contra si. Isso dá-lhe mais confiança para este desafio?
A confiança vem-me do povo. Vem-me das atitudes tomadas, das medidas concretizadas, dos compromissos cumpridos. Num tempo de descrença e de desvalorização da política, importa garantir o cumprimento da palavra e o exemplo. E, por isso, acho que sou merecedor de uma nova confiança, não só pelo que eu digo, mas também pelo que fiz durante este mandato. Claro que não escondo a alegria de ver muitos militantes e simpatizantes de outros partidos a apoiarem-me, depois da deserção que ocorreu no PSD local, com as posturas assumidas pela atual chefia. Pessoas que não se revêm na forma de ação política deste PSD-Gaia. Gente da esquerda à direta, porque nas autarquias, as ideologias dão um lugar de destaque às pessoas e aos seus exemplos. De facto, são nomes de peso, que só aumentam a minha responsabilidade e o meu compromisso com o projeto.
Como vê o apoio de Luís Filipe Menezes a José Cancela Moura?
É irrelevante. Eu represento um novo ciclo e uma nova forma de fazer política.
Recentemente, José Cancela Moura, referiu-se ao seu executivo como “muito fraquinho”. O que tem a dizer sobre isso?
Se isso fosse uma avaliação credível, poderia aceitar. Mas é a avaliação feita por alguém que, veja bem, foi corrido da vereação pelo Dr. Menezes, que passou pela Gaianima sem nada de relevante que se conheça, exceto uma tentativa de agressão, de onde foi corrido pelo Dr. Menezes, aceitou um tacho no Parque Biológico, por uns meses, área onde deixou um rasto de nada. E fala em renovação, quando representa o passado, e o passado mais aparelhista e radical. Que apresente ideias, debata projetos e deixe de atacar pessoas que estão a léguas dele.
Já se iniciou o julgamento da Gaianima. Haverá consequências políticas?
Não comento casos judiciais. Li a acusação, tirei as ilações, mais nada. Depois da longa investigação, é tempo de julgar. E isso não é comigo.
O mesmo adversário político tem feito acusações de demagogia e de mentira na abordagem às contas municipais e ao empréstimo de saneamento financeiro. Como reage?
Atónito. Nem queria acreditar. Que critique a ação da Câmara, que me critique a mim, que persiga nos seus discursos a minha família, isso é uma questão de forma de ser e de caráter. Mas tem algo de subjetivo. Agora, contrariar números claros, apreciações do Tribunal de Contas, dados objetivos, isso ultrapassa tudo. Se há coisa que é indiscutível é a situação financeira da Câmara. Até podem dizer que era boa dívida, mas que ela existe, isso existe. E que eu travei e inverti essa tendência, quer na Câmara, quer nas Empresas Municipais, isso é inquestionável. E estava convencido que o candidato do PSD era um dos principais adeptos do Saneamento Financeiro, mas até aí me surpreendi… Ele não percebe muito de contas, tem a escola do despesismo e dos boys. E tem, para piorar, o radicalismo de quem não tem limites. E em tudo é preciso ter limites, mesmo na política.
Continua, também, a ter uns críticos persistentes nas redes sociais…
Durante este mandato, os meus problemas só tiveram uma razão: empregos, tachos. Como não dei o que alguns queriam ou despedi quem envergonhava os impostos dos cidadãos, ganhei inimigos de estimação. Mas o meu advogado convive bem com isso.
Um dos slogans da sua campanha é “Eu Confio”. Porquê a escolha desta frase?
Foi a inspiração da minha forma de governação e da minha forma de ser. A valorização dos políticos passa pela confiança. As pessoas perderam confiança na política e em muitos políticos. É preciso mostrar, na prática, que é possível merecer a confiança. Por outro lado, tenho a pretensão de acreditar que a mereço. Há quatro anos, percebi muita gente que não deu o benefício da dúvida e entendeu não votar. Era uma candidatura nova, não tinha provado ser merecedor dessa confiança plena, pedi que as pessoas arriscassem, que não as desiludiria. Volvidos quatro anos, as pessoas conhecem-me, viram o meu trabalho, sabem qual é a minha forma de ser e de estar. O risco não existe, peço a sua confiança e acho que a mereço.
Quais os principais projetos que estão presentes no seu programa eleitoral?
Os principais eixos do trabalho são objetivos: manter as contas no verde, a finalização da reabilitação do nosso Hospital e a construção de dois centros de saúde, a reabilitação de escolas EB 2/3 financiadas (Costa Matos, Sophia de Mello Breyner, Valadares), o programa Gai@prende+ e o apoio às crianças com NEE, alargando o seu âmbito ao 2º ciclo com o programa digital e experimental. Além disso, criar uma parceria para a expansão da linha de Metro, construir o novo Centro Cultural e de Congressos e um parque temático, bem como o reforço do programa de captação de investimento e de emprego. Também a reabilitação da rede viária e de equipamentos e espaços públicos faz parte dos nossos objetivos, assim como a participação da melhoria dos transportes, agora que passamos a ter mais responsabilidade delegadas neste domínio. Depois, a construção do novo e moderno Centro Animal, já lançado a concurso, o trabalho conjunto com a Câmara do Porto para a construção da ponte pedonal, mas também para a organização de eventos, e muito mais. E não há nada mais demonstrável do que este exemplo: se fomos capazes, em equipa e com os gaienses, de fazer tanto em três anos e meio, o que não poderemos fazer juntos, e de inovar pelo futuro de Gaia e dos gaienses, agora que respiramos e que nos apresentamos como um município estável, humanista e de boas contas.
O que pode prometer aos gaienses, caso vença as eleições?
Seriedade, empenho, respeito, trabalho e dedicação.