“SEMPRE QUE TOCO, PRETENDO QUE AS PESSOAS SAIBAM QUE GOSTO DO QUE ESTOU A FAZER”

Com apenas 15 anos de idade, o ribeiragrandense Luís Miguel Martins tem já um percurso musical reconhecido a nível regional e nacional. Começou a tocar piano aos três anos e, depois de alguns interregnos pelo meio, agora sabe que é esta a sua paixão e motivação para o futuro, esperando poder levar a sua mensagem e a sua música ao mundo.

 

 

Para quem não conhece, quem é Luís Miguel Martins?

Sou natural da Ribeira Grande, toda a minha família é açoriana, nasci em 2008, tenho 15 anos, e estudo na Ribeira Grande também. Mas acho que o que mais me define, o meu traço mais pessoal e que mais me diferencia, é a carreira musical, se lhe podemos chamar assim.

 

Como e quando surgiu a paixão pela música?

Eu iniciei o piano muito novo, aos três anos, por vontade própria, tive curiosidade de experimentar o instrumento. Mas não digo que, nessa altura, fosse propriamente uma paixão. Tive uns meses de aulas depois, mas, infelizmente, a Academia fechou e só voltei a tocar aos 7 anos de idade. Tive depois um percurso um pouco atribulado, porque depois a Academia da Ribeira Grande voltou a fechar e tive aulas particulares com o professor Cristóvão, e só depois é que, aos 11 anos, consegui entrar para o Conservatório Regional de Ponta Delgada. Por isso, os meus estudos foram um pouco intermitentes e, só mais tarde houve um momento chave quando ouvi uma peça musical para piano que simplesmente me fez pensar que é isto que quero tentar fazer, e acho que foi aí que ganhei a paixão pela música e por poder tocar o que quiser.

 

Porquê o piano?

Sinceramente, para mim, o piano é um instrumento diferente dos outros, porque consegue ser um instrumento sozinho. Por mais que os outros tenham destaque, o piano não precisa de ninguém, nem de acompanhamentos para se destacar. Só por si, tem toda a sua harmonia envolvente, acho que é mais polivalente até.

 

De que forma consegue aliar os estudos e já uma carreira artística, dado que marca presença em inúmeros eventos a convite, não só, da Câmara Municipal como da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande?

Acho que, acima de tudo, devido a muita motivação e esforço. Obviamente, dou prioridade à escola, mas esforço-me nos dois sentidos. Mas acho que, além de ter algum tipo de organização mental, para conseguir comparecer a tudo, acho que o fundamental é não ver os eventos como trabalhos ou como um frete. Vejo como mais uma oportunidade, mais um objetivo, mais uma forma de espalhar música. No início, era mais custoso, mas depois habituamo-nos a esta vida e já não queremos outra coisa.

 

Considerando que não olha para a participação em eventos como trabalho, mas como uma oportunidade de partilhar música, sente que a cultura está a deixar de ser vista como algo menor?

Aqui no nosso contexto de ilha, sinceramente, sinto que é cada vez mais reconhecida, e isso deixa-me feliz, ao ver que a cultura está a voltar a ganhar um bocadinho de mais espaço no coração das pessoas. Estão a valorizar mais não só o esforço musical, porque queiramos ou não, tocar um instrumento de forma profissional requer muito trabalho. Sinto que cada vez mais é valorizado esse trabalho e, acima de tudo, apreciado. E é por isso que dá gosto tocar para as pessoas.

 

Se pudesse destacar o momento mais marcante do seu percurso até agora, qual seria?

Até agora, o mais marcante diria que foi o primeiro concurso em que participei. Acho que foi o momento que mais me marcou e que me fez entender que era isto que queria fazer para o resto da vida. Isso foi em Aveiro, há dois anos, ainda só estava no Conservatório há um ano, e foi uma experiência incrível porque foi a primeira vez que tive em contacto com músicos de fora e da minha idade. Tive a experiência de conhecer também o contexto musical de Portugal continental porque, queiramos ou não, estamos num certo isolamento aqui nos Açores. E nesse concurso, foi uma experiência diferente porque consegui o primeiro prémio e marcou-me porque não estava habituado a sair da ilha e me mostrar enquanto músico, nem a ser jurado.

 

Que mensagem tenta transmitir através da sua música?

Sinceramente, depende muito que se toca. Mas acho que o mais geral seria dizer que a música é sempre uma forma de espalhar a paixão e o amor pelo que se faz. Sempre que toco, pretendo que as pessoas saibam que gosto do que estou a fazer, e essa também é a beleza da música. Além disso, cada um pode interpretar da forma que achar melhor, ou que melhor se adapta a si mesmo.

 

Quais os projetos para o futuro próximo?

No futuro, pretendo começar a estudar em Ponta Delgada, que está mais próximo do Conservatório. E os próximos projetos passam por participar em concursos para ganhar mais reputação a nível musical para começar a fazer uma carreira a sério. Porque o meu objetivo é realmente poder espalhar este sonho pelo mundo, se fosse possível.

 

Então poderemos assumir que o seu sonho é efetivar uma carreira musical?

Sim, o meu maior sonho é fazer com que toda a gente possa sentir o que realmente a música transmite, e poder levar isso ao mundo.

 

Que mensagem gostaria de transmitir aos nossos leitores e aos ribeiragrandenses?

Gostaria de transmitir uma mensagem que é recorrente aqui nas minhas respostas, que a música não ocupa espaço, é uma coisa que nos pode acompanhar diariamente e, pelo menos a mim, só o facto de ouvir música melhora o meu dia. Acho que a música é um aspeto essencial ao nosso dia a dia e que pode mudar-nos enquanto pessoas e a forma como sentimos e perspetivamos situações. É quase um bem essencial ao nosso dia a dia.