SULDOURO: RECOLHA SELETIVA DE EMBALAGENS PORTA-A-PORTA É GRATUITA E VAI ABRANGER MAIS DE 40 MIL HABITAÇÕES

O AUDIÊNCIA saiu à rua com a Suldouro, no âmbito da implantação do projeto de recolha seletiva porta-a-porta de resíduos recicláveis de embalagens, em Canelas. A ação contou com a presença de Arménio Costa, presidente da Junta de Freguesia de Canelas, Rui Silva, administrador delegado da Suldouro, e César Oliveira, administrador não-executivo na Suldouro em representação do Município de Vila Nova de Gaia.

A Suldouro, empresa responsável pela recolha de resíduos urbanos de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira, está a ampliar a área de cobertura do serviço de recolha seletiva porta-a-porta. Esta iniciativa, que começou em 2016, com um projeto piloto, passa pela entrega gratuita de três contentores de 140 litros aos habitantes dos municípios de Vila Nova de Gaia e de Santa Maria da Feira, para a separação de resíduos recicláveis de papel/cartão, plástico/metal/ECAL e vidro em casa, e pela sua respetiva recolha.

Rui Silva, administrador delegado da Suldouro, afirmou ao AUDIÊNCIA que “esta ação, que contempla um projeto de recolha diferenciadora, é de extrema importância” e vai permitir atingir “as metas estabelecidas pelo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020), que serão cerca de 45 quilos de resíduos por habitante/ano”.

“Primeiro identificamos, nos concelhos de Vila Nova de Gaia e de Santa Maria da Feira, a tipologia das habitações que reúnem as condições necessárias para este tipo de recolha. Posteriormente, distribuímos uma carta informativa pelas casas suscetíveis de integrar o projeto”, explicou o administrador delegado da Suldouro, acrescentando que “as pessoas que vivem em moradias têm, por uma questão de espaço, a possibilidade de receber e de acondicionar estes contentores, que nós entregamos gratuitamente aos munícipes interessados. Nós distribuímos calendário de recolha, momento da cedência dos equipamentos, e aquilo que a pessoa tem de fazer é colocar, no dia indicado, o respetivo contentor junto ao portão da habitação, para nós, quando passarmos com as nossas viaturas, realizarmos a recolha fluxo a fluxo e aumentarmos, deste modo, as taxas de reciclagem nestes dois concelhos”.

A Suldouro pretende implementar este método de recolha em 40 mil habitações, no conjunto dos dois municípios. Até agora, cerca de 13 mil habitações já têm os contentores, na área de intervenção da empresa.

“Estamos a cerca de um terço daquilo que é o objetivo do programa e vamos continuar. A distribuição acontece a um ritmo muito elevado. Nós estamos a entregar aproximadamente 1300 contentores por semana, portanto é uma ação bastante exigente em termos logísticos, mas que tem dado muito bons resultados, uma vez que a população atingida consegue níveis de recolha acima dos 60 quilos de resíduos habitante/ano, o que quer dizer que este tipo de recolha, juntamente com a questão dos ecopontos, é aquilo que nos vai fazer cumprir as metas ambientes que são definidas pela União Europeia”, referiu Rui Silva, salientando que “nós estamos a executar este projeto freguesia a freguesia, mas o nosso objetivo não é parar quando alcançarmos as 40 mil habitações. Neste momento, das pessoas que nós contactamos, o nosso grau de adesão é de cerca de 50% e isso é algo que nós queremos aumentar. Eu acredito que quando a adesão aumentar vamos ter a necessidade de colocar mais contentores e assim faremos, porque este projeto está a ter um efeito de contágio muito grande”.

Em causa está “termos uma postura ativa e proactiva para o bem do ambiente, porque estes materiais, que nós conseguimos recuperar, têm, de facto, um novo caminho e uma nova vida na indústria recicladora e, portanto, é um ciclo virtuoso que pretende, com isto, deixar, de uma vez por todas, aquela resistência, porque é efetivamente tratado”, enalteceu Rui Silva.

O administrador delegado da Suldouro sublinhou ainda que “é fundamental acompanharmos este projeto com uma equipa de sensibilização e de educação ambiental”, é a prática e foi o que aconteceu na Rua da Ribeira Grande, em Canelas, no momento da entrega dos contentores aos moradores, aquando da implantação do novo método de recolha seletiva de embalagens porta-a-porta na localidade, precisamente para “voltar a dizer às pessoas que esta ação, de facto, tem valor. É evidente que as pessoas pagam para que os seus resíduos sejam tratados, mas as pessoas precisam de perceber que, se nós não reciclarmos o que vai acontecer é que vamos pagar mais pelo tratamento de resíduos, que, como é cada vez mais exigente, tem um custo elevado e é um encargo para as pessoas. Por outro lado, os recicláveis contrabalançam esse custo, isto é, nós recebemos um valor de contrapartida pelo encaminhamento dos recicláveis que fazemos, para as entidades gestores dos resíduos de embalagem. Esse valor de contrapartida acaba por contribuir para a diminuição do valor que cada um de nós terá de pagar pelo tratamento de resíduos, como tal, o facto de reciclarmos mais vai fazer com que não se aumente a tarifa que se paga. Se nós, hoje, que é impensável, deixássemos de reciclar iriamos pagar, no mínimo, mais um terço daquilo que pagamos hoje pela Taxa de Resíduos Sólidos Urbanos, bastante mais, logo, esse papel é importante, não é só o benefício ambiental, que esse é o mais importante, mas também tem um benefício económico para as populações, aparece é de forma indireta para o cálculo da tarifa”.

Arménio Costa, presidente da Junta de Freguesia de Canelas, fez questão de estar presente no momento da implantação deste projeto na localidade e destacou que “nós somos parceiros fundamentais neste processo de recolha seletiva que em boa hora veio para Canelas e queremos que a nossa população adira em força. Nós queremos ser uma referência no município e, para além de sermos uma das freguesias com maior número demográfico, também queremos estar na linha da frente na defesa do ambiente, que também é uma das bandeiras que acompanha o senhor presidente da Câmara de Gaia. Nós temos de trabalhar em rede e temos de lutar e sensibilizar as pessoas para que o ambiente seja uma prioridade, porque não temos um plano B, não temos outro planete, temos este e, por isso, temos de cuidar dele”.

Neste seguimento, César Oliveira, administrador não-executivo na Suldouro em representação do Município de Vila Nova de Gaia, revelou que “o município de Gaia é, no contexto nacional, um município claramente à frente, naquilo que é a atenção que dedica ao ambiente, desde logo com a recolha seletiva que se faz não só do plástico, do vidro e do cartão, mas também dos resíduos sólidos urbanos, que se tratam cada vez melhor, com as recolhas assíduas e com a limpeza dos setores. Portanto, este é um serviço, entre muitos que existem no município, que nos vai permitir atingir aquilo que são os rankings do ambiente e do tratamento de resíduos e as metas que também nos são impostas pela comunidade europeia. Ainda há poucos dias ouvi o senhor Al Gore, numa conferência que aqui houve e que foi acolhida pelo município de Gaia, que apresentou números e estatísticas que são muitíssimo preocupantes”.

“Existem pessoas que acolhem o serviço de recolha seletiva de embalagens porta-a-porta de uma forma muito aberta e muito espontânea, mas existem outras que são um pouco contidas e que evocam as crises e afirmam que a iniciativa vai tirar postos de trabalho, mas isso não é válido, porque quanto mais nós recolhermos, mais trabalho damos, uma vez que precisamos de mais mão-de-obra. O tratar dos recicláveis é uma fábrica, é uma unidade industrial importantíssima que tem atrás de si uma receita para aliviar a Taxa de Resíduos Sólidos Urbanos e isto é real”, mencionou César Oliveira, assegurando que “sinto-me orgulhoso por ser representante de um município que tanta atenção dá ao ambiente, que tem um alcance tão transversal que às vezes não é devidamente valorizado. Esta é mais uma etapa de um caminho de sucesso, que nós pretendemos todos para o nosso ambiente em Portugal e em Gaia de uma forma especial”.

Os canelenses aderiram ao projeto da Suldouro e falaram com o AUDIÊNCIA sobre a importância do mesmo. Neste contexto, Emília Santos disse que “vou aderir, porque acho que é uma boa ação da Suldouro e é funcional. Nós vamos fazer com que o meio ambiente não fique tão poluído e vai ser bom para todos nós”.

Já Ermelinda Cunha asseverou que “esta ação é boa, porque os ecopontos encontram-se distantes da minha habitação e assim é mais cómodo. Eu separo, mas nem toda a gente o faz”. Enquanto Aida Freitas esclareceu que “eu aderi porque acho que é uma boa ideia. Nós não separávamos porque não temos ecopontos aqui perto, mas agora que tenho os contentores vou começar a separar”. Por sua vez, Elisabete Rocha contou que “assim fazemos a separação do lixo, o que evita que ele fique no chão, como se costuma ver. Com os contentores é mais prático, mesmo para quem tem famílias numerosas, como é o meu caso, e eu acho que é importante.

Canelas vai ficar muito mais limpa e eu acredito que tudo pode melhorar”. Por fim, Joaquim Ferreira declarou que é uma pessoa “muito sensível ao ambiente. Nós cá em casa já reciclámos há muito tempo, mas era de uma forma um pouco rudimentar, pois colocávamos em sacos e só nos ecopontos é que fazíamos propriamente a separação e quando vi este sistema achei muito interessante e estava á espera que ele chegasse. Eu acho importante porque a tendência é para facilitar. Toda a gente defende o ambiente, mas também temos de ter as condições mínimas e às vezes não é fácil, porque os ecopontos estão longe e assim é mais prático”.

Rui Silva aproveitou ainda a ocasião para divulgar que “a Suldouro realiza campanhas de recolha de resíduos de embalagens nas escolas e ações de sensibilização e de educação ambiental, patrocina eco-eventos e tem parcerias com IPSS e outras instituições”, porque “a nossa ideia é estar muito mais presente na comunidade e dizer às pessoas que, de facto, os recicláveis têm valor e fazem bem à sociedade, a todos os níveis”.

O administrador delegado da Suldouro realçou que, “nós temos projetos interessantes, como é o caso da Campanha Toneladas de Ajuda. Um programa pioneiro em Portugal, que acaba por desafiar as escolas a recolherem recicláveis, em troca de um valor de contrapartida, que vai reverter a favor das causas sociais que forem nomeadas pelas respetivas instituições de ensino”.