UM ALERTA À SOCIEDADE GLOBAL

A Associação médico científica «Deutsche Gesellschaft für Psychiatrie, Psychotherapie, Psychosomatik und Nervenheilkunde» publicou há dias um artigo intitulado «Dados básicos sobre doenças mentais na Alemanha» que, sem alarmismos desnecessários, pode constituir, no entanto, fundada preocupação e levar-nos a ponderar sobre que tipo de sociedade estamos a legar aos vindouros.

Lê-se no artigo que «Na Alemanha, cerca de 27,9% da população adulta é afectada por uma doença mental todos os anos, o que corresponde a cerca de 17,8 milhões de pessoas afectadas e sendo  os transtornos mais comuns os relativos a ansiedade (15,4 por cento),  a transtornos afectivos (9,8 por cento), depressão unipolar isoladamente (8,2 por cento) e transtornos causados ​​pelo uso de álcool ou drogas (5,7 por cento).

Infelizmente, muitos especialistas ao tratarem as pessoas carentes de aconselhamento tentam no geral conciliar as causas dos problemas somente com a respectiva sociedade existente, em vez de também incluirem o problema social e cultural no processo terapêutico, pois se o fizessem aprenderiam que os problemas individuais não estão apenas enraizados na história pessoal de cada indivíduo, mas também no tipo de sociedade e cultura desumanas em que nos inserimos.

Assim sendo, não podemos ignorar que ao vivermos em sociedade estamos perante um entendimento de comunidade com um sentimento de pertença, de estar junto, ou seja, o dom da evolução consiste na consciência moral do indivíduo, na percepção da responsabilidade de todos para com todos.

O futuro de nossa cultura ainda depende, pois, de haver um número suficiente de pessoas que sejam capazes de retirar das massas populares aqueles preconceitos que são o pano de fundo ideológico das catástrofes da humanidade, mais do que nunca, dependemos de «espíritos livres» para nos elucidarem sobre o que é verdade e o que é mentira, assim contrariando o pensamento único em voga que alguns nos querem impor.

Alfred Adler , o fundador da psicologia individual, afirmou «Veja com os olhos do outro, ouça com os ouvidos do outro, sinta com o coração do outro», pois juntos, iremos  encontrar uma saída humana psicológica do labirinto dos medos sobre o futuro, ou, citando Bertolt Brecht, «Quando a injustiça vira direito, a resistência vira dever», frase com a qual seguramente concordarão todos aqueles que estão cientes do perigo do neofascismo, do «crime farmacêutico do século» CHD-doença cardíaca coronária e da ameaça de uma nova guerra mundial.

Finalmente, aqui deixo um pequeno trecho de uma declaração psicológica do anarquista russo de mentalidade humanista e príncipe revolucionário Peter Kropotkin: «Um homem em quem é inata a capacidade de se identificar com o que o cerca, um homem que é ele mesmo consciente de seu coração, de sua vontade, coloca suas faculdades livremente a serviço dos outros, sem esperar nenhuma recompensa por elas neste ou em qualquer outro mundo. Ele sente sua força e usa generosamente suas habilidades para amar os outros, inspirar os outros, despertar neles a crença em um futuro melhor e inspirá-los a lutar por esse futuro».

Como sabemos, este pensamento evoluiu tempos depois com a grande Revolução Socialista Soviética em Outubro de 1917, confirmando a razão do Manifesto Comunista quando refere que «a emancipação dos trabalhadores tem que ser obra dos próprios trabalhadores», sendo certo que a Revolução de Outubro foi obra de um povo explorado nos campos por um regime de tipo feudal e nas atividades urbanas industriais por um capitalismo repressivo e voraz muito dependente de capitais estrangeiros.