“UMA OBRA DA TROFA PARA A POPULAÇÃO, PARA A REGIÃO, PARA O NORTE E PARA O PAÍS”

O município da Trofa inaugurou, no passado dia 5 de novembro, o tão ansiado edifício dos Paços do Concelho, deixando, assim, de ser o único de 308 do país, sem uma sede da democracia. Localizada nas antigas instalações da Indústria Alimentar Trofense, com vista para os parques Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro, a abertura daquela que se assume como sendo a “Casa de Todos”, contemplou uma sessão solene, que contou com a presença de inúmeras individualidades, nomeadamente Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial. Depois da visita oficial ao novo espaço, a população também teve a oportunidade de percorrer os recantos da sua nova sede e, mais tarde, de desfrutar de um momento musical, protagonizado pela fadista Mariza, que encerrou as celebrações desta data histórica para a Trofa e os trofenses. 

 

 

O tão almejado sonho trofense tornou-se realidade, no passado dia 5 de novembro, com a inauguração do novo edifício dos Paços do Concelho. Esta data foi assinalada com um programa recheado de atividades, que contemplou uma cerimónia solene, que contou com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, Carlos Miguel, secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Luísa Salgueiro, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Manuel Linda, bispo do Porto, entre inúmeros autarcas, líderes de partidos políticos e representantes de entidades civis, militares e religiosas.

A Banda de Música da Trofa marcou a abertura da sessão, com a interpretação do Hino Nacional, seguindo-se a atuação do Coro dos Meninos Cantores do Município da Trofa, que cantou o hino deste concelho, da autoria de Valter Hugo Mãe, com vista para os parques Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro. 

Mais de mil pessoas fizeram questão de estarem presentes neste dia, que simbolizou o início de uma nova era para todos os trofenses, uma vez que, passados cerca de 24 anos da sua independência administrativa, este município deixou de ser o único, de 308 do país, sem um edifício-sede. 

“Hoje faz-se justiça”, começou por afirmar Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, durante a sua intervenção, que foi a primeira da manhã, referindo que a visita realizada, recentemente, às antigas instalações deixou-a estupefacta. “Constatei, no primeiro impacto, que aquele era um edifício que não permitia acessibilidade. Vi uma sala de reuniões ser utilizada como multiusos e um gabinete do presidente da Câmara Municipal, que deveria ser para o seu dia a dia, a ser, também, um local para receber os munícipes, figuras de Estado e realizar reuniões camarárias. Um executivo com gabinetes em quartos, um deles interior e sem janela, o chamado +1 de uma vivenda construída para albergar uma família, mas onde coube uma equipa que, essa sim, também teve de se adaptar e transformar. Vi gabinetes improvisados no antigo terraço e casas de banho transformadas em arquivo”, lembrou a ministra, reforçando que este edifício foi utilizado, durante mais de 20 anos, pelos funcionários desta autarquia e expressando gratidão pelo seu profissionalismo e dedicação.

Segundo Ana Abrunhosa, “hoje, tudo muda”, com a inauguração de um espaço “preparado para as novas gerações e dinâmicas económicas, sociais e culturais deste território, pensado para o futuro, autossustentável, em termos de energia e água, e, por isso, amigo do ambiente. Este é, sobretudo, um espaço, onde se corporiza o espírito que queremos na gestão autárquica e que, cada vez mais, os autarcas praticam, a transparência, a prestação de contas, pois é assim que funcionam as nossas autarquias”.

A ministra da Coesão Territorial terminou a sua intervenção com uma mensagem a todos os presidentes presentes, aludindo que “todos vós, no vosso dia a dia, fazem, na pequena ou grande obra, o que o senhor presidente da Trofa fez, dedicam o vosso dia à missão pública, transformam sonhos pequenos ou grandes em realidade, mas uma coisa é certa, todos os dias melhoram a vida das gentes e dos territórios que servem”, ressaltando, ainda, que a data de 5 de novembro de 2022 deve ser recordada, tal como 19 de novembro de 1998, “dia histórico em que mais de 10 mil trofenses se deslocaram a Lisboa, para celebrarem a aprovação da criação do concelho da Trofa, em frente à Assembleia da República” e 25 de Abril de 1974.  

Foram necessários 24 anos, para que os trofenses pudessem chegar a casa e Sérgio Humberto, presidente da Câmara Municipal da Trofa, assinalou a concretização deste sonho ao lado da equipa que o acompanha, assim como de um dos funcionários mais antigos da autarquia, Abel Oliveira, e da colaboradora mais recente, Sílvia Gonçalves.   

Assegurando que este é o discurso mais fácil e, ao mesmo tempo, mais emotivo da sua vida política, o edil agradeceu a presença de todos, principalmente de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, por, após cinco tentativas, ter aceitado o convite que lhe foi endereçado e por “esta proximidade, é um homem do povo e é isto o que os políticos devem ser”.

Quase três anos depois do início da obra, o novo edifício dos Paços do Concelho da Trofa foi construído no local onde se encontrava a antiga Indústria Alimentar Trofense e contou com um investimento total superior a 11 milhões de euros. Neste contexto, Sérgio Humberto dirigiu-se a Ana Abrunhosa agradecendo-lhe “não pelo subsídio que deu, recentemente, de cerca de 850 mil euros ao município da Trofa, porque olhou para aqueles mapas todos e viu que, dos financiamento dos Fundos Comunitários, só tínhamos 1,5 milhões, numa obra de 11, mas pelo gesto, a atitude e o sentimento que teve, não para com o Sérgio Humberto, mas para com a população da Trofa”.

Admitindo ter convidado representantes de todos os partidos políticos, essencialmente, presentes na zona Norte do país, o autarca mostrou-se grato pela “vossa presença e pela vossa amizade, porque ser político e, verdadeiramente, ser autarca é um enorme ato de coragem e, muitas vezes, de loucura. É preciso gostarmos, verdadeiramente, daquilo que fazemos. Eu estou no meu terceiro mandato, só tenho mais três anos, mas dificilmente vou ter algum cargo tão digno como ser presidente da Câmara Municipal. Foi a melhor coisa que me podia ter acontecido, eu amo aquilo que faço e é um enorme orgulho ser autarca de um território, aqui, em Portugal”.

Para o presidente da Câmara Municipal, esta é “uma obra de todos e uma obra da Trofa para a população, para a região, para o Norte e para o país”, que foi projetada pelo arquiteto trofense, José Carlos Oliveira. “Está, aqui, um edifício singular, ímpar e o cinzento escuro tem muita ligação à Trofa. (…) Também isto tem muito do nosso legado, que nós quisemos preservar”, sublinhou o edil, evidenciando que “a partir de segunda-feira [7 de novembro], os trofenses podem vir aqui, tratar de tudo, no mesmo sítio, e orgulhar-se de um edifício, que eu espero que os meus colegas presidentes de Câmara também invejem, porque é sinal de que está bem concebido”.

Frisando que a “Casa de Todos” é uma realidade e que o futuro passa, cada vez mais, pela Trofa, Sérgio Humberto encerrou o seu discurso, destacando que os Paços do Concelho representam a identidade trofense e assumem-se como sendo um verdadeiro legado para as gerações vindouras.

A atuação do Coro dos Meninos Cantores do Município da Trofa antecedeu a surpresa preparada pelo concelho para o Presidente da República, de modo a assinalar a primeira vez que aceitou o convite deste executivo, com um vídeo referente a 20 de agosto de 1972, quando o seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, então ministro das Corporações e Previdência Social e da Saúde e Assistência, visitou a PRE – Fábrica de Produtos Elétricos, nesta localidade, aquando da comemoração do Dia Nacional do Eletricista. 

Emocionado, Marcelo Rebelo de Sousa tomou a palavra e recordou o seu pai e as viagens de comboio que este fazia até à Trofa, assim como a história da criação deste concelho, por desagregação face a Santo Tirso, que acompanhou enquanto líder da oposição ao Governo e por influência do, então, líder parlamentar do PSD, Luís Marques Mendes, admitindo que este foi um dos maiores problemas que enfrentou. “E pelo meio, lá fui tentando apaziguar os de Santo Tirso. Foi um processo longo, porque os nortenhos são ligeiramente teimosos. Foi um longo período, esse, e terminou bem, e não era fácil que terminasse bem”, referiu o Presidente da República, elogiando a população “persistente e apaixonada” da Trofa.

Enaltecendo que “o dia de hoje é impressionante”, o Chefe de Estado asseverou que “isto não é o fim de um caminho, isto é um recomeço. Até agora, havia município, mas não havia Paços do Concelho definitivos. (…) Desculpe-me presidente, você é apaixonante e apaixonado, mas eu acho ainda mais apaixonante o povo da Trofa, pois, de facto, são milhares que aqui estão”.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou, ainda, a ocasião para evocar a luta constante dos trofenses e, uma vez mais, Luís Marques Mendes a quem associa a teimosia e a obstinação pela independência do concelho. “Eu não direi que é um dos «pais» da Trofa, mas dêem-lhe o título de «tio» da Trofa, porque ele merece e, depois, que bom ver tudo isto, com uma ministra do partido que não queria criar o concelho, quase um quarto de século mais tarde, a apoiar entusiasticamente, assim como um secretário de Estado, que é praticamente da casa. As voltas que o mundo dá, tinham-se poupado dois anos de espera naquela altura, mas a vida é assim. Estamos todos vivos para podermos testemunhar este momento e contarmos aos vindouros”, salientou o Presidente da República, no final da sua intervenção.

Após o momento dos discursos, o presidente da Câmara Municipal da Trofa, Sérgio Humberto, e o Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, descerraram a placa de inauguração do edifício dos Paços do Concelho, que, posteriormente, foi benzido pelo bispo do Porto, Manuel Linda, no início da primeira visita oficial ao espaço, que também contou com a participação dos vereadores da autarquia, Ana Abrunhosa, Carlos Miguel, Isabel Cruz, presidente da Assembleia Municipal da Trofa, António Cunha, Luís Montenegro, presidente do PSD, e Nuno Melo, presidente do CDS-PP.  

A celebração desta data histórica prosseguiu durante a tarde, na qual a população teve a oportunidade de visitar a nova “Casa de Todos”, tendo encerrado com um concerto da célebre fadista Mariza.