“VOU DEIXAR O MEU LUGAR À DISPOSIÇÃO, PORQUE EU NÃO QUERO CONTINUAR”

O Rancho Folclórico e Cultural de Nossa Senhora do Monte de Pedroso promoveu, no passado dia 21 de janeiro, um almoço que assinalou o fim do cantar das janeiras e permitiu cumprir a tradição da matança do porco. Elísio Pinto, vereador da Câmara Municipal de Gaia, Filipe Silva Lopes, presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, Joaquim Tavares, presidente da Assembleia destes territórios, Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, e Joaquim Ferreira Leite, diretor do Jornal AUDIÊNCIA, foram presenças significativas neste evento que foi repleto de alegria e emoção.

 

O Rancho Folclórico e Cultural de Nossa Senhora do Monte reuniu, no passado dia 21 de janeiro, os membros, os sócios e os parceiros da coletividade, com o intuito de cumprir a tradição da matança do porco e assinalar o fim de outro costume popular que é o cantar das janeiras.

O evento contou com a presença de Elísio Pinto, vereador da Câmara Municipal de Gaia, Filipe Silva Lopes, presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, Joaquim Tavares, presidente da Assembleia destes territórios, Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, Joaquim Ferreira Leite, diretor do Jornal AUDIÊNCIA, entre representantes de entidades civis e militares.

Após o almoço, Manuel Pereira da Silva, presidente do Rancho Folclórico e Cultural de Nossa Senhora do Monte, agradeceu aos presentes e “a todas as pessoas que trabalharam para tornar este dia possível e que nos ajudaram a superar este ano difícil”.

Há 36 anos na liderança da coletividade, o dirigente associativo enalteceu que “vou deixar o meu lugar à disposição, porque eu não quero continuar, muito sinceramente. Eu estou cansado, não de vocês, mas entendo que se deve dar o lugar a outros. Deixo-vos este apelo”.

Não escondendo a sua vontade de ver esta instituição com o Estatuto de Utilidade Pública, Manuel Pereira da Silva sublinhou que “nós não somos mais do que ninguém, mas somos diferentes. No folclore somos todos iguais, não há melhores, nem piores, contudo a nossa diferença está na nossa maneira de ser”.

Presente na ocasião, Joaquim Ferreira Leite, diretor do Jornal AUDIÊNCIA, tomou a palavra, salientando que “esta coletividade honra a Freguesia de Pedroso e todo o concelho de Vila Nova de Gaia, no âmbito cultural, porque é uma das instituições que pesa no cumprimento rigoroso do protocolo do folclore do Douro Litoral”.

Posteriormente, o diretor deste órgão de comunicação social dirigiu-se a Manuel Pereira da Silva, reforçando que “é muito importante que não deixemos morrer aquilo que custou tanto a construir. É verdade que este senhor foi aos Açores receber um Troféu, não porque o galardão fosse demasiado valioso em si, mas pelo significado do prémio, pois até então ninguém no concelho se tinha lembrado do Manuel Pereira da Silva e, às vezes, gestos muito simples e humildes são muito importantes. O maior prémio que podemos dar ao Manuel Pereira da Silva é garantir que esta instituição, daqui a 100 anos, se vai manter viva pelo esforço que ele teve e daqueles que o acompanharam na sua caminhada”.

Também Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, fez questão de se dirigir aos presentes, afiançando que “enquanto existirem coletividades como o Rancho Folclórico e Cultural de Nossa Senhora do Monte, nós estamos no bom caminho. Nós, dirigentes associativos, voluntários e benévolos, andamos aqui por paixão, por causas e não estamos à espera de homenagens, porque já estamos habituados a ser pouco valorizados por quem de direito e não é por isso que deixamos de fazer o nosso trabalho e continuamos a desenvolver as nossas atividades, no que diz respeito à cultura, ao recreio, ao desporto e no aspeto social”.

Neste seguimento, Joaquim Tavares, presidente da Assembleia da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, aproveitou a ocasião para “agradecer o convite e enaltecer todo o trabalho que tem vindo a ser feito pelo Rancho Folclórico e Cultura de Nossa Senhora do Monte, em prol da preservação da nossa cultura e do folclore do Douro Litoral e em defesa, também, do nosso passado”.

Por conseguinte, também Filipe Silva Lopes, presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, foi convidado a intervir, destacando que “somos sempre bem recebidos nesta casa”.

Direcionado o seu discurso para o presidente da coletividade, o autarca ressaltou que “o senhor Manuel irá continuar, pois é uma pessoa que faz falta”, enaltecendo que “em ano de eleições, o senhor Manuel já pôs o lugar à disposição. Eu, por acaso, sou daqueles que defende a importância de haver uma mescla entre a irreverência da juventude e a experiência de quem cá está há muitos anos. Eu acho que o Rancho da Nossa Senhora do Monte tem sabido aproveitar muito bem esta simbiose entre a experiência e a juventude e, seguramente, irá assim continuar”.

Na ocasião, o edil assegurou, ainda, que “o Rancho de Nossa Senhora do Monte tem feito um trabalho digno em prol do concelho e da freguesia”, desejando que a coletividade “continue com esta vitalidade, dinamismo, força e vontade de querer fazer mais e melhor, porque a freguesia e o concelho precisam, assim como o folclore”.

Por fim, foi Elísio Pinto, vereador da Câmara Municipal de Gaia, quem encerrou as intervenções, garantindo que “esta instituição, para mim, é uma verdadeira família e quando temos alguém à frente de uma coletividade que nos cativa, mobiliza e até nos emociona, eu penso que a coletividade tem todas as condições para se engrandecer, valorizar e para ser uma instituição de referência”.

Agradecendo ao Rancho Folclórico e Cultural de Nossa Senhora do Monte por tudo o que representa, o edil afirmou que “pertencer a um grupo de folclore, é pertencer a algo que nós todos devemos valorizar. O folclore não é o parente pobre da cultura, mas é algo que enriquece, e de que maneira, a nossa história, o nosso legado, as nossas tradições, assim como os nossos usos e costumes”.

Neste contexto, Elísio Pinto dirigiu, ainda, as suas palavras ao presidente desta coletividade, asseverando que “o senhor tem de continuar a cativar toda esta comunidade e toda esta família, para que o Rancho Folclórico e Cultural de Nossa Senhora do Monte continue a ser a referência, a luz e o farol”.