AS FESTAS DOS SANTOS POPULARES – PARTE I

As festas dos Santos populares não se distinguem apenas pelo convívio com a sardinha, a broa ou a carne na grelha, também representações teatrais dedicadas a estas figuras se encenam juntando a hagiografia e o teatro.

Ficam aqui alguns exemplos para ajudar a recordar: Auto de Santo António, “uma reminiscência das várias adaptações d’ A História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, herdou o imaginário dos turcos e do rei Ferrabrás mas com um texto original que expõe uma contenda religiosa inspirada na ocupação árabe da Península Ibérica. Os turcos pretendem comprar cereais aos cristãos, mas estes apenas os vendem sob a conversão cristã. É convocada a intervenção mal sucedida do Doutor de Leis para a resolução do problema. Intervêm também dois populares com os “burros cansados” que têm a mesma saída que o Doutor de Leis, à canada dos turcos e fogo das espingardas dos cristãos.

Travada a batalha, tombam todos os soldados, sendo chamados o Enterrador, o Barbeiro e o criado do Barbeiro. O rei cristão, o Almocreve, invoca auxílio celeste e surge um anjo que ressuscita os soldados e converte e baptiza os turcos. Ao som das Contradanças, todos os elementos louvam Santo António e dançam para dar término à representação. As entradas em palco são precedidas pelo trabalho dos arredas que “varrem” o público.

Também peculiar é a participação dos bufarinheiros, os espiões que transmitem ao seu rei informações dos inimigos. Pela Associação Desportiva e Cultural de Portela Susã, Viana do Castelo. (Publicada por eiXpressões 2011 13/6/11) Junto a esta tradição encontramos uma outra também singular e muito bela a construção de “cascatas” ou “lapinhas” (como se lhes chama na ilha da madeira) As cascatas são por assim dizer uma representação do mundo festivo ou do mundo em festa, sabemos o lugar que tem e tiveram as festividades na história da Humanidade.

Se analisamos o calendário do Imperio Romano vamos encontrar aproximadamente 10 festas em cada mês. “Na Roma antiga as festas mais importantes eram as saturnais e as bacanais, que nos influenciaram. A história registra uma série de festas e celebrações de características carnavalescas entre os mais variados povos. Tudo era pretexto para comemorações: a abertura do ano agrícola, a fecundidade, a colheita, os mortos, os deuses.

Na Europa, de onde veio grande parte das tradições brasileiras, as festas mais importantes eram as saturnais e as bacanais dos romanos. “Não será difícil estabelecer uma relação direta entre as cascatas e os presépios de Natal. Lembramos que os primeiros presépios se atribuem a São Francisco de Assis, assim nos lembra o autor de “PRESÉPIO” Rivaldo R.Ribeiro, que “foi na cidade italiana de Gréccio, na noite de Natal de Jesus no ano 1223 que São Francisco criou o primeiro presépio, com uma representação cênica do nascimento de Jesus numa manjedoura de palhas, acompanhado pelos animais. Era um lugar simples mais enriquecido com muita ternura e amor. Depois São Francisco chamou os moradores próximos para que estivessem no local, para que assim relembrassem a noite do nascimento em Belém do Menino-Deus.

O nascimento de Jesus num estábulo junto com os animais, Deus nos quis dar um recado claro e sem dúvidas sobre a humildade e a beleza da pobreza quando é uma alternativa de vida. Abandonando o materialismo que nos subverte da condição humana em seres predadores da natureza e da vida.”

Assim as cascatas em escada descendente ou ascendente representam também o caminho do sagrado em elevação, na qual se misturam as figuras populares com os santos populares. As lapinhas: “De uma maneira geral, na tradição madeirense existem dois géneros de presépios (também conhecidos por lapinhas): a escadinha e a rochinha. A escadinha reproduz de certa maneira o altar onde o Menino é enaltecido no cimo do último degrau.

Alvitra-se que foi introduzido no arquipélago por colonos algarvios ou por religiosos franciscanos (?), que foram os precursores do culto do Presépio. A tradição da escadinha é habitual no Algarve e nos Açores . Nestas regiões, este tipo de presépio é conhecido por altarinho.

Para além do atual espaço geográfico português, a mesma tradição é ainda hoje usada nos países que falam a língua portuguesa, designadamente no Brasil. (in madeira-gentes-lugares) Em Vila Nova de Gaia, ainda algumas coletividades mantem a tradição da construção das cascatas, particularmente em duas, o Sporting Club Candalense e no Centro Democrático D’Instrução Latino Coelho. Neste último uma cascata sem “efeitos especiais” que nas palavras do Presidente da coletividade, Sr. José Correia da Silva, albergava aproximadamente 1400 figuras em barro.