Os Estados Unidos fecharam oficialmente o seu consulado em Jerusalém, que será agregado à sua embaixada em Israel.
O consulado servia sobretudo palestinos e durante décadas funcionou como principal canal de comunicação entre o governo estado-unidense e a direcção palestina, pois anteriormente o consulado reportava os assuntos palestinos directamente a Washington. Agora o seu pessoal foi integrado na embaixada dos EUA em Israel como «Unidade de Assuntos Palestinos», sob a autoridade do embaixador David Friedman, que é um feroz inimigo dos palestinos e desde há muito apoia e angaria fundos para o movimento dos colonos israelitas na Cisjordânia.
Por outro lado, os EUA abandonam a designação «ocupados por Israel» para territórios palestinos e Montes Golã sírios a darmos crédito a um relatório sobre direitos humanos divulgado recentemente pelo Departamento de Estado que não se refere à Cisjordânia e aos Montes Golã como territórios ocupados por Israel.
Em vez disso, é usada a expressão «controlado por Israel», o que indicia uma viragem relativamente à anterior posição de Washington de se recusar reconhecer a soberania de Israel sobre estas áreas, ocupadas e anexadas unilateralmente.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou que o facto de os Estados Unidos abandonarem o termo «ocupação» não altera «a situação real do território palestino ocupado desde 1967 e os Golãs como territórios sob ocupação israelita, de acordo com as resoluções da ONU e o direito internacional», acrescentando que se trata de «uma continuação da abordagem hostil da administração estado-unidense em relação ao nosso povo palestino».
O direito internacional não reconhece a dominação de Israel nesses territórios e considera ilegais todos os colonatos, que Israel vem construindo a um ritmo cada vez mais acelerado na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
A administração do presidente Donald Trump tem seguido uma agressiva política pró-israelita e antipalestina ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel e mudar para aí a embaixada dos EUA em Maio do ano passado, ao arrepio das resoluções da ONU e desprezando a reivindicação palestina de fazer de Jerusalém Oriental a capital do seu futuro Estado independente.
Por outro lado, Trump quer destinar mais 5 milhões de dólares aos designados «heróicos» Capacetes Brancos a operar na Síria e afinal não mostra vontade de sair deste País como declarou há dias atrás.
O governo sírio tem denunciado repetidamente as actividades terroristas dos Capacetes Brancos e a ligação dos seus membros a vários grupos islamitas e o Exército Árabe Sírio tem revelado documentos que expõem a suposta organização humanitária como uma sucursal da Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, e que evidenciam o seu papel na encenação de ataques químicos contra civis, com o objectivo de «culpar» Damasco e assim justificar ataques e um maior intervencionismo das potências ocidentais.
Fundados em 2013 por James Le Mesurier, antigo oficial do Exército britânico, os Capacetes Brancos actuaram e actuam em zonas controladas por grupos terroristas, receberam fundos avultados através da USAID-Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional e de vários países ocidentais, o que levou o governo sírio a denunciar mais esta forma de envolvimento de países como os EUA, a França e o Reino Unido no apoio ao terrorismo que flagela a Síria desde 2011.
Esse envolvimento ficou também patente quando, em Julho do ano passado, em plena ofensiva do Exército Árabe Sírio e seus aliados no Sudoeste do país, forças israelitas terem levado a cabo uma operação secreta com o intuito de salvar 800 membros dos Capacetes Brancos e suas famílias, inicialmente evacuados pelas forças sionistas do Sudoeste da Síria para a Jordânia, tendo sido depois enviados para os EUA, Canadá, Reino Unido França e Alemanha.
Culminando este resumo de acontecimentos que tornam a zona em causa um barril de pólvora, não é desconhecido que ao longo do século XX, o wahabismo saudita deu amplo apoio a organizações radicais de cariz terrorista, como os Talibãs, por associar a administração estatal à Lei Islâmica, ou Sharia, e por perpetrar reformas nas cidades tradicionais da Arábia, que formam o seio do islamismo e essas reformas caracterizam-se pela desfiguração, quando não destruição completa, das construções tradicionais do Islão, como os mausoléus onde ficavam os parentes de Maomé, a mesquita de Fatimah Al-Zahra, a filha de Maomé, o cemitério de Al-Ma ala em Meca e o de Al-Baqi em Medina que foram inteiramente dinamitados.
Essa destruição do patrimônio histórico da própria tradição islâmica foi e ainda é empreendida como forma de impedimento das peregrinações «não ortodoxas» que eram feitas aos túmulos por outros seguidores do islamismo e a conduta que membros dos Talibãs assumem, no Afeganistão por exemplo, ao destruírem estátuas de Buda ou a postura que o Estado Islâmico adopta, no Iraque e na Síria, de saquear e demolir museus com artefatos da Antiga Mesopotâmia são reflexos dessa perspectiva wahabita.