As celebrações do Dia Nacional do Mutualismo, que assinalaram os 722 anos do Movimento em Portugal, decorreram no passado dia 8 de julho, no Auditório da Assembleia Municipal de Gaia, e contemplaram vários painéis de reflexão e de discussão sobre “o impacto da demografia na Segurança Social e na Saúde”, “o futuro do Mutualismo e da Economia Social” e “o Mutualismo Sem Fronteiras”. O evento contou com a presença de membros do Governo e do mutualismo nacional e internacional.
A sessão de abertura das comemorações do Dia Nacional do Mutualismo, que assinalaram os 722 anos do Movimento em Portugal, foi conduzida por Alberto Souto, secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, que afirmou, em representação do Governo, que “um país que tem uma rede de Associações Mutualistas dinâmica e fazedora é um país melhor, mais humano, com mais esperança”, sublinhando que “as causas sociais e o país social revêem-se bem no movimento solidário e mutualista”.
Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, também marcou presença nas celebrações e foi distinguida com o Prémio Cidadania e Solidariedade, instituído pela União das Mutualidades Portuguesas (UMP), aproveitando a ocasião para realçar o papel que o turismo desenvolve enquanto instrumento de valorização e coesão territorial do nosso país, destacando que “com uma rede de Mutualidades tão presente em todo o país, temos um instrumento extraordinário para conseguirmos chegar mais aos nossos territórios e conseguir que as pessoas estejam mais mobilizadas e beneficiem daquilo que de bom acontece”.
O presidente do Conselho de Administração da União das Mutualidades Portuguesas (UMP), Luís Alberto Silva, fez questão de realçar no Dia Nacional do Mutualismo, “o processo em curso de rejuvenescimento do Movimento, assente na integração de jovens e de mulheres nos órgãos associativos, na capacitação das Associações Mutualistas, na visibilidade da sua ação, na sua dimensão e na internacionalização.
“A UMP tem estado na primeira linha, tem sido o verdadeiro motor desse processo contínuo de renovação e afirmação do Mutualismo em Portugal”, disse o presidente do Conselho de Administração da UMP, lembrando que o crescimento e a afirmação do Movimento Mutualista “dependerão muito do que for capaz de construir, sem receio de inovar, de fazer diferente e de ir ao encontro das necessidades das pessoas” e defendendo que o Movimento Mutualista “tem que estar preparado para apresentar novas soluções de proteção e apoio social e de complementaridade na saúde”, que o envelhecimento da população impulsionará.
Luís Alberto Silva mencionou ainda a revisão da Lei de Bases da Saúde, referindo que “não poderá ignorar as organizações do setor social” e que “desprezar este capital de experiência é prejudicar o utente, é desperdiçar recursos instalados, é fazer tábua rasa do que consagra a Lei de Bases da Economia Social, aprovada por unanimidade no Parlamento”.
Na intervenção que proferiu na sessão de abertura, o dirigente da UMP abordou, também, a necessidade de se abolirem os constrangimentos à abertura de novas farmácias sociais e à prescrição de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica.
Num cenário em que milhares de utentes do Serviço Nacional de Saúde não têm médico de família atribuído, o presidente do Conselho de Administração da UMP considera que “faria todo o sentido que o Estado se dispusesse a convencionar com as clínicas do setor social a criação de Unidades de Saúde Familiar Tipo C”.
Albino Almeida, presidente da Assembleia Municipal de Gaia, enalteceu, em representação da Câmara Municipal de Gaia, território do país onde há mais Associações Mutualistas em atividade, a matriz do Mutualismo, onde “as pessoas se unem por um ideal comum, que é o bem de todos”.
O Dia Nacional do Mutualismo contemplou vários painéis de reflexão e de discussão. “O impacto da demografia na Segurança Social e na Saúde” foi o tema em foco na tertúlia, que reuniu Manuel Delgado, ex-secretário de Estado da Saúde, António Tavares, porta-voz da Secção de Solidariedade e Sociedade e Bem-Estar do Conselho Estratégico Nacional do PSD, Luís Capucha, professor universitário, e Amílcar Moreira, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e foi moderada pelo jornalista do Jornal de Notícias Paulo Ferreira.
“O futuro do Mutualismo e da Economia Social” foi debatido num painel com a participação do jornalista da RTP Daniel Catalão, da dirigente mutualista Jani Silva e de António Gouveia, presidente do Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto, e a moderação de Deolinda Meira, docente e investigadora do Politécnico do Porto.
O programa contemplou ainda apresentação da recém-constituída União Mundial das Mutualidades, por parte de Alfredo Sigliano, presidente da organização, em representação da América, Abdelmoula Abdelmoumni, vice-presidente da UMM, em representação de África, e Luís Alberto Silva, vice-presidente da UMM, em representação da Europa, com moderação do jornalista da RTP João Fernando Ramos.
No Fórum Participativo, dinamizado por Carla Silva e Emanuel Oliveira, o público foi desafiado a recorrer ao telemóvel para interagir e manifestar a sua opinião sobre várias matérias relacionadas com o Mutualismo e a atividade da UMP.
As celebrações culminaram com as distinções atribuídas pela União das Mutualidades Portuguesas ao diretor geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino, representado pelo seu chefe de gabinete, Eugenio Ambrosi, e à secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, que foram agraciados com o Prémio Mutualismo e Solidariedade Internacional. Por sua vez, Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, representado pelo presidente da Assembleia Municipal, Albino Almeida, e Leonor Beleza, foram distinguidos com o Prémio Cidadania e Solidariedade.
O Prémio Inovar Para Melhorar, que distingue um projeto de uma associação mutualista de cariz inovador, que poderá ser replicado, foi atribuído pelo júri ao projeto “Mutualismo Vai à Escola”, d’A Restauradora de Ramalde.
Fernando Paulino, presidente da Associação de Socorros Mútuos Setubalense, foi galardoado com o Prémio Mutualismo e Solidariedade 2018.
As solenidades terminaram com a atuação da Orquestra de Percussão “Rufinos & Rufinas”, que animou a plateia.