Na Gala dos 110 anos da Associação de Futebol do Porto (AFP), foi exaltado o trabalho da instituição ao longo dos tempos e entregues distinções a diversas personalidades do mundo desportivo. Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e João Paulo Correia, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, fizeram questão de marcar presença na cerimónia onde a aposta no futebol e futsal feminino e a construção da nova Academia da Associação de Futebol do Porto foram as estrelas da noite.
Foi no dia 10 de setembro que, na Alfândega do Porto, aconteceu a Gala dos 110 anos da Associação de Futebol do Porto (AFP). A cerimónia, que assinalou o aniversário que se celebrou a 10 de agosto, contou com a presença de diversas personalidades do mundo desportivo, mas também autárquico, destacando-se a presença de Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e de João Paulo Correia, secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
A apresentação da Gala ficou entregue a Inês Gonçalves e foi Rita Rocha quem animou musicalmente o início da noite. No entanto, os presentes puderam, ainda, apreciar um pequeno espetáculo musical protagonizado por Cuca Roseta no andamento da cerimónia.
O Prémio Fundadores foi o primeiro a ter lugar no palco, tendo sido entregue por Fernando Gomes ao Leixões Sport Club e ao Futebol Clube do Porto. Seguiu-se a entrega do Prémio Centenário, que foi dirigido a todos os clubes que, nos últimos dez anos, celebraram os 100 anos da sua existência. O Prémio Centenário foi, então, entregue ao Gondomar Sport Clube, Leça Futebol Clube, Padroense Futebol Clube, Sport Clube Nun´Álvares, Ramaldense Futebol Clube, Club Sportivo Nun’Álvares, Varzim Sport Club, Sporting Clube de Coimbrões e Vilanovense Futebol Clube, todos entregues pelos vereadores do desporto dos municípios ao qual pertencem. Todos tiveram a oportunidade de se dirigir à plateia e enaltecer o seu clube e a relação deste com a AFP.
Depois, a Associação de Futebol do Porto, entregou o Prémio Mérito Olímpico à equipa de arbitragem que esteve presente dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, constituída por Artur Soares Dias, Paulo Soares e Rui Licínio. Por sua vez, o Prémio Dedicação foi entregue a duas personalidades, Carlos Carvalho e Domingos Santos. Lourenço Pinto foi o vencedor do Prémio Carreira, tendo sido, no entanto, o seu filho a receber o prémio em seu nome.
Na reta final da cerimónia, Fernando Gomes recebeu o Prémio Prestígio e Excelência, pelos dez anos à frente da Federação Portuguesa de Futebol e Jorge Nuno Pinto da Costa foi anunciado como vencedor do galardão de Ouro e Mérito da AFP, no entanto, o prémio não foi entregue pelo facto do presidente do Futebol Clube do Porto não se encontrar na Gala, devido à agenda do clube que lidera, tendo sido anunciado que seria entregue, posteriormente, na sede da associação.
Durante o decorrer da cerimónia foram, ainda, transmitidos vídeos sobre os clubes, o desporto, a formação, a futura Academia da Associação de Futebol do Porto e a expressão do futebol e futsal feminino.
Aquando da atribuição do Prémio Prestígio e Excelência, Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol dirigiu-se à enorme plateia e cumprimentando todos os presentes, aproveitou para deixar “uma palavra muito especial para os presidentes das Câmaras e vereadores dos municípios aqui presentes (…) não fosse o apoio das autarquias, nomeadamente nestes três últimos anos, e o desporto português, se calhar, tinha uma prática inferior relativamente àquela que existe”.
“É uma honra receber este prémio pelos 10 anos à frente dos destinos da FPF. É um prémio, que eu continuo a dizer que não é individual, porque em nada da vida conseguimos fazer alguma coisa se não soubermos rodear-nos de pessoas que, connosco, consigam entender o caminho e nos ajudem a concretizar aquilo que são os pressupostos do nosso trabalho”, destacou Fernando Gomes sobre o galardão que lhe foi atribuído.
O presidente da Federação agradeceu ainda o vídeo que fazia referência às mulheres na modalidade, tendo deixado o seu desejo para que “mais meninas e raparigas pratiquem este desporto, dentro daquilo que tem sido a nossa aposta no feminino e que tem dado um salto qualitativo ao longo destes últimos anos”. Mas a grande referência de Fernando Gomes foi para a futura Academia da Associação de Futebol do Porto. Usando a cidade do futebol como exemplo, o presidente da FPF lembrou que teve a “a felicidade de estar presente na assinatura de um protocolo entre a Santa Casa da Misericórdia do Porto e a AFP, para a cedência de um espaço onde vai ser contruída a Academia”, e destacou que “por muito que nos digam que existem infraestruturas adequadas em Portugal, eu continuo a dizer que um dos problemas da prática desportiva no país é a falta de infraestruturas de qualidade e em quantidade, que permitam aos nossos jovens iniciarem a prática desportiva e, por aí, desenvolverem a sua capacidade desportiva”, deixando um apelo claro ao Governo, na pessoa do secretário de Estado João Paulo Correia.
Por sua vez, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, deixou uma mensagem carregada de emoção a José Neves, presidente da Associação de Futebol do Porto. “A AFP é a maior associação de futebol do país, com o maior número de clubes, de atletas, com maior número de jogos por semana, com números muito expressivos. Portanto, a história desta associação fala por si, porque muitas das conquistas do futebol português se deve ao trabalho dos clubes desta associação, dos seus dirigentes, dos seus treinadores, dos seus atletas e dos seus árbitros”, referiu João Paulo Correia.
“A AFP tem procurado ser pioneira no futebol nacional em alguns projetos, não só inovadores, mas também desafiantes e de rutura, como é o caso do futebol feminino, hoje com um número de atletas que não deixam dúvidas de que o trabalho que tem sido feito pelos clubes filiados, é uma aposta vencedora, mas também o projeto da Academia, onde muitos clubes e muitos atletas poderão, no futuro, desenvolver melhor a sua atividade”, terminou, elogiando, o secretário de Estado.
Por fim, para encerrar a cerimónia, José Neves, presidente da entidade que estava de parabéns, subiu ao palco e falou emocionado sobre a história da Associação de Futebol do Porto, uma “história que continua a ser escrita, todos os dias, por todos nós”.
“Hoje, 110 anos depois do nascimento, nós temos mais um sonho à vista de todos. Trata-se da construção da nossa Academia, na cidade do Porto. Uma Academia que será um espaço dedicado à educação, formação e treino da imensa família da nossa associação”, exaltou José Neves sobre o grande projeto que tem em mãos e que diz que será um reforço da identidade da AFP.
No entanto, o presidente da maior Associação de Futebol do país não deixou de pedir apoios. Lembrou todos os presentes que estas instituições “são a raiz dos clubes e das seleções nacionais, dos atletas, dos treinadores, dos árbitros e dos dirigentes. Somos a raiz da grande indústria do futebol (…). Lembro que as raízes precisam de ser regadas”, deixando claro que “um euro aplicado em atividades desportivas evitará milhares de euros pagos pelo Estado em medicamentos ou em outras medidas corretivas. Um euro investido nesta raiz, nesta base, será multiplicado por muitas centenas de milhares. Sabemos que um euro aplicado na formação, na freguesia mais modesta, poderá dar, como já deu, resultados à escala mundial”.
Não esquecendo a realidade pela qual o país passou, José Neves apelidou os tempos da pandemia como “uma das fases mais difíceis da história da Associação de Futebol do Porto”, destacando o esforço financeiro que representou e o trabalho exigente e invisível que esteve por detrás destes meses de bancadas e estádios vazios. Neste âmbito, à semelhança de Fernando Gomes, deixou uma palavra aos municípios, afirmando que “foi graças a eles que nem um clube ficou pelo caminho no meio desta tormenta”.
O desporto no feminino é outra das grandes apostas da Associação e que, no que diz respeito ao número de atletas, tem apresentado valores animadores, no entanto, não chega. “A representação feminina a nível de atletas triplicou nos últimos 10 anos na nossa Associação. Temos, hoje, 1800 atletas entre futebol e futsal, mas queremos crescer ainda mais, também em dirigentes, treinadoras, arbitras e em todas as restantes intervenientes”, explicou José Neves.
“Quem quiser evitar ficar para trás terá que inovar (…). Nós e os clubes temos que liderar o processo de mudança social e cultural e usar os avanços tenológicos de que hoje dispomos. É preciso investir em tecnologia digital. É preciso investir na formação dos dirigentes, dos treinadores e dos colaboradores. É preciso investir nas infraestruturas e esquipamentos. É preciso continuar a investir no trabalho que temos desenvolvido com municípios e agrupamentos de escolas, porque as crianças de hoje serão os adultos de amanhã”, concluiu o presidente da Associação de Futebol do Porto.