A IRRESPONSABILIDADE MILITARISTA E GEOESTRATÉGICA

«A situação em torno da Ucrânia deteriorou-se acentuadamente nas últimas semanas. Uma saraivada de acusações de intenção de ocupar aquele País foi lançada contra a Rússia. A verdadeira causa da crise é que os marionetistas americanos, da liderança de Kiev e dos bandos Bandera estão tentando persistentemente organizar um matadouro em Donbass. Em busca de seus objectivos geopolíticos, eles estão novamente preparados para encenar o derramamento de sangue», afirmou recentemente Guennady Zyuganov, Secretário-Geral do PC da Rússia.

Com efeito e se nos detivermos sobre as últimas notícias veiculadas há uns tempos a esta parte por vários meios chamados de comunicação social, nacionais e internacionais, culminando agora com a «invasão» da Ucrânia pela Rússia que iria acontecer no passado dia 16 de Fevereiro, assim asseguraram também o presidente norte-americano Biden, o primeiro ministro britânico Johnson, a presidente da Comissão Europeia Von der Leyen e demais aliados, estamos realmente perante um cenário de delírio preocupante.

Falhada a data da invasão, será que vamos aguardar por nova marcação porque a operação mediática não surtiu efeito, pois o presidente Putin não alinhou nesta perigosa aventura, ou continuaremos a assistir a novos episódios grotescos?

O tratamento do problema da Ucrânia é realmente um caso exemplar da forma alienante e mistificadora como a comunicação social dominante se comporta deontologicamente, mas mostra ainda claramente como a União Europeia se encontra sem liderança própria ao seguir sem reservas a política externa estado unidense de expansão geoestratégica que já mostrou sobejamente quais foram os resultados no Afeganistão, Iraque, Líbia, Sudão, Somália, Iémen e Síria, por exemplo.

Para já, a possibilidade de guerra com data marcada pelos senhores das guerras passou, porém, Biden tenderá a procurar uma saída para a estratégia onde se meteu e que tem como objectivos, entre outros, que se esqueça a proposta de segurança colectiva apresentada pela Rússia em 17 de Dezembro passado e os acordos de 2014 em Minsk, tudo isto para acabar com o poder de Moscovo sobre o abastecimento de combustíveis fósseis à Europa, destruindo mesmo o gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha.

Desta vez, os norte americanos querem usar os ucranianos como «carne para canhão» proporcionando cobertura política a um regime onde pondera o nazismo, suprimentos de armas sofisticadas, envio de instrutores ocidentais, assim empurrando abertamente as autoridades de Kiev para uma aventura militar com repercussões globais impensáveis se alguém acender o fósforo.

Entretanto, o líder da cidade separatista de Donetsk, Denis Pushilin, anunciou sábado passado, um decreto de mobilização geral na região afirmando que as tropas do exército ucraniano preparam um ataque contra a região e horas depois, a mobilização também foi declarada na cidade de Lugansk e milhares de pessoas foram deslocadas das regiões de Lugansk e Donetsk para a região russa de Rostov.

Em resumo, podemos bem considerar que nos encontramos de novo ameaçados globalmente pela irresponsabilidade militarista ao serviço de interesses que pretendem governar o mundo sem obstáculos, com mãos livres de qualquer sanção ou escrutínio, colocando em perigo muitos milhões de seres humanos e como tal resta-nos lutar pela Paz, o bom entendimento entre povos soberanos e separar o trigo do joio na comunicação, porque para o mundo continuar não existe plano B.