“AÇORES, UMA CAÇA AO SONHO AMERICANO” CONTA A HISTÓRIA DA BALEAÇÃO AOS MAIS NOVOS

A Associação dos Emigrantes Açorianos, sediada no Museu da Emigração Açoreana, na Ribeira Grande, lançou o seu primeiro livro intitulado “Açores, uma caça ao sonho americano”. Com pesquisa de Rui Faria, texto de Patrícia Carreiro, ilustrações de Romeu Cruz e tradução de Cristina Oliveira, foi lançado a 18 de dezembro, no Museu da Emigração.

 “Açores, uma caça ao sonho americano” é um livro infantojuvenil bilíngue que conta como os primeiros açorianos chegaram aos Estados Unidos da América através da caça à baleia. De acordo com Rui Faria, “a Associação sempre teve a ideia de construir algo palpável como é um livro”. O tema para o primeiro acabou por ser a baleação que “nos leva à América: ao Havai, à Costa Oeste da Califórnia e faz parte de nós (açorianos) até 1985. Assim surgiu o livro infantojuvenil, que acaba por ser uma “ficção bem construída” por “ficarmos a saber mais sobre a nossa própria história”.

 Após a pesquisa feita, foi possível “perceber os meandros e os pormenores, bem como todos os porquês da caça à baleia”, diz Patrícia Carreiro. Passando da realidade à ficção, “uma criança de tenra idade descobre que antigamente alguém matava baleias para comer”. Aquilo que parecia pouco credível e estranho para o protagonista, Salvador, tem um porquê.

 Na história “Salvador descobre que o próprio avô [Samuel] era baleeiro, mas para ele ser-se baleeiro era matar baleias. Então ele tem que perceber como é que tudo se passou para justificar-se o porquê daquela atitude”.

 Aos personagens juntam-se Malhadinha, uma “amiga” que Salvador vai encontrar e que lhe conta como é que ela e a família viviam quando eram caçados, dando também a perspetiva do Homem, porque “afinal as baleias percebiam o porquê de tudo aquilo, mas também sofriam”.

 “A história foi surgindo a passo e passo. Quando chegou ao final, há a sensação de ter aprendido muito mais com uma pesquisa mais intensa e com um propósito específico”, afirma a escritora que, agora, pretende que os leitores e a diáspora percebam aquilo “que nós fomos durante muito tempo”.

 Romeu Cruz, autor das ilustrações, confessa que ilustrar este livro também foi um desafio, o qual necessitou pesquisa e inspiração em várias imagens e documentários. “Há algumas imagens em que eu me baseei na história da caça à baleia e em imagens de alguns livros”, mas há outras que, pela riqueza da estória, “foram sugeridas pelo texto”.

Ainda no dia do lançamento do livro foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal da Ribeira Grande e a Associação dos Emigrantes Açorianos, que visa a dinamização da futura Praça do Emigrante na Avenida José Nunes da Ponte.