ARCOZELO FOI UMA VILA DE CIRCO DURANTE DEZ DIAS

A Freguesia de Arcozelo, em Vila Nova de Gaia, foi, pelo segundo ano consecutivo, o palco da primeira Vila de Circo em Portugal com programação totalmente gratuita.

O CUPULA Circus Village Festival foi organizado pelo Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), a convite da Junta de Freguesia de Arcozelo e decorreu entre os dias 13 e 22 de setembro, junto ao Parque das Merendas e ao Passadiço de Arcozelo.

O festival, que se realizou pela primeira vez em 2018, teve como principal objetivo a fomentação e o acompanhamento do crescimento do circo contemporâneo em Portugal, aproximando, através da promoção da partilha e do intercâmbio internacional, o “novo circo” à comunidade através de ações diretas com a população local e de uma programação abrangente.

O evento incluiu mais de 70 espetáculos de circo contemporâneo, workshops, concertos, debates, intercâmbios de escolas de circo e espaços de treino e partilha abertos à comunidade, que se realizaram tanto na Praia de Miramar, como na Praia da Aguda, no Palco Vila, no Circo de Papel, na Tenda CUPULA, na Escola Primária e no Espaço Vila.

Maria Adelina Pereira, presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, afirmou ao AUDIÊNCIA que a segunda edição do CUPULA foi estruturada “sempre numa perspetiva de unir e de trazer ao centro, mas, às vezes, é preciso ir aos locais buscar as pessoas e foi isso o que fez com que nós dispersássemos, um pouco, alguns momentos, para mostrar aquilo que se está a fazer, para que as pessoas percebessem que não acontecia tudo aqui, porque o CUPULA foi feito para não centralizar tudo aqui. Eu acho que isto é, de facto, a tal pretensão de união, de criamos união à volta de um evento, que vai trazendo as pessoas até cá e isso tem dado resultados. Nós também temos uma espécie de um parque de campismo pontual no Parque de Manutenção, que vai ser recuperado, e criamos uma estrutura com banhos e casas de banho e muitos dos artistas também estão lá acampados”, acrescentando que “eu acho que foi uma aposta ganha nesta junção e neste desejo de realmente criar união e daí queremos que este seja um acontecimento da Vila”.

A primeira edição do CUPULA Circus Village Festival aconteceu ao longo de três dias, enquanto a segunda foi alargada para 10 dias. A presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo esclareceu, a este propósito, que “o alargamento tem sido muito interessante, porque acaba por criar mais a ideia de uma Vila de Circo e tudo isso torna-se mais visível ao fim de dois fins de semana, porque os artistas vão andando por aqui, vão conversando com as pessoas. O parque das merendas tem uma vida criada pelas refeições, pela música, pelos exercícios que os artistas vão fazendo ali. Portanto, há, de facto, uma vivência muito mais intensa”.

No que concerne a gratuitidade do evento, a autarca explicou que “é preciso criar hábitos, é preciso que as pessoas venham a estes espetáculos, porque, normalmente quando se fala em circo, parece que, à partida, já ninguém quer aderir, porque o circo tradicional já não tem o encanto que tinha e, como tudo na vida, é preciso ir renovando as coisas, é preciso ir cirando novas dinâmicas, para que as coisas sejam atrativas. Portanto, as pessoas têm de vir cá e têm de ver que não é aquele circo. Estes espetáculos têm música, têm teatro, têm dança, têm o circo propriamente dito, têm humor, são realizados unicamente com pessoas, e de facto são espetáculos completamente diferentes. Mas não basta dizer, as pessoas têm de vir cá e se fosse para pagar bilhete, se calhar, a adesão era muito menor, ao passo que, quando vêm e veem o que aqui se passa toda a gente fica encantada. O que interessa é que as pessoas venham, que percebam o que se está a passar, é uma outra abordagem ao circo e os espetáculos contam sempre uma história, são diferentes e completamente distintos. O facto de ser gratuito é para que as pessoas percebam que isto é outro tipo de arte e é preciso que as pessoas criem o hábito de vir e de apreciar a arte e para isso tivemos de nos socorrer de patrocínios, para suportarmos as despesas”.

Maria Adelina Pereira aproveitou ainda a ocasião para enaltecer que “nós tentamos que haja algo diferente todos os anos e vamos apresentar, a cada ano, coisas diferentes, para ser um ponto de atração para as pessoas virem, porque senão nós começamos, ao fim de poucos anos, a sentir que é mais do mesmo. Eu penso que para o ano teremos mais novidades”.