“AS MAIORES FALHAS EM GAIA SÃO A INEXISTÊNCIA DE UMA VERDADEIRA REDE DE TRANSPORTES E A POUCA QUANTIDADE DE ESPAÇOS PÚBLICOS DE QUALIDADE”

Ana Poças é a candidata a presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia pelo LIVRE. Acredita num concelho melhor para se viver, estudar e trabalhar. A candidata defende a necessidade de uma rede de transportes melhorada e ente todo o concelho para que o transporte entre casa, trabalho, escola, serviços seja mais facilitada, a essa rede acha necessária a existência de mapas da rede de transportes, horários das linhas que passam e um sistema de informação do tempo que falta para a chegada dos próximos autocarros. Outra questão que a candidata defende é a da redução da velocidade em Gaia, para que haja maior segurança nas deslocações a pé. A isto junta-se a preocupação de Ana Poças com os espaços verdes, que acredita que deviam ser mais e próximos das pessoas, para melhorar a qualidade de vida dos gaienses.

 

 

Como surgiu o convite e porque decidiu candidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia?

Candidato-me à Câmara de Gaia porque quero inspirar quem cá vive a imaginar como Gaia pode ser um concelho muito melhor para viver, com uma excelente rede de transportes públicos, repleta de espaço público de qualidade, pequenos e grandes parques perto de onde vivemos, e condições nos arruamentos que convidem ao andar a pé e de bicicleta nas viagens curtas de dia-a-dia, para a escola, trabalho, compras, serviços. É imperativo reduzirmos a nossa dependência de combustíveis fósseis o quanto antes, mas é possível fazê-lo melhorando a qualidade de vida nos nossos concelhos. É preciso coragem política para realmente preparar Gaia para o século XXI, e para envolver os cidadãos nestas transformações profundas e necessárias. O LIVRE é o único partido em que se escolhem os candidatos através de primárias abertas (eleições internas). Qualquer pessoa alinhada com os princípios do LIVRE, mesmo sendo independente, como é o meu caso, pode-se auto propor para ser candidata. Foi o que fiz e depois de um processo de debates e votações fui confirmada como a cabeça de lista do LIVRE à Câmara de Gaia.

 

Quais são as principais motivações da sua candidatura?

Candidato-me em parte porque acho importante usar a minha voz, como mulher e como jovem, e mostrar que a política pode, e deve, ser discutida, e feita também por nós. Em parte, também me candidato por uma questão de coerência. Como alguém que trabalha na área da sustentabilidade, e que está bem ciente da gravidade das crises que enfrentamos, a crise climática, de injustiça social, e ecológica, e da urgência com que é preciso enfrentá-las. Não há segurança social nem económica num planeta assolado por catástrofes climáticas e ecológicas. Por outro lado, é evidente que problemas sistémicos necessitam de soluções sistémicas. Não o podemos resolver apelando somente a escolhas individuais sustentáveis. Devemos perceber de que forma as estruturas na sociedade e nas nossas cidades formatam os estilos de vida que levamos, e os sistemas de produção e consumo existentes. As autarquias têm um papel fundamental que devem desempenhar com ambição e proatividade e de forma agregadora e instigadora das mudanças estruturais necessárias para que o bem-estar de toda a gente e a sustentabilidade sejam a norma, e não a excepção.

 

Como avalia o trabalho que o atual executivo tem realizado ao longo dos últimos oito anos?

Valorizo aspetos como a requalificação da zona ribeirinha e da escarpa da Serra do Pilar, ligando pela primeira vez diretamente toda a costa ribeirinha. Aspetos como o trabalho feito a nível da AMP e mais além para poder haver um passe único. A consulta pública para o PDM também foi uma excelente iniciativa, mas é imperativo que os principais problemas levantados pelos munícipes em cada freguesia sejam efetivamente objetivos principais no próximo mandato, independentemente da composição do executivo.

 

Como vê a evolução do concelho de Gaia nestes últimos anos? O que teria feito de diferente?

Gaia é um concelho rico em diversidade de paisagens e multiplicidade de centros, história e identidades, pelos seus inúmeros lugares e 15 freguesias. No entanto, a inexistência de uma verdadeira rede de transportes públicos dificulta o acesso ao emprego, às escolas, aos serviços, à cultura, ao comércio, e aos locais de interesse que existem espalhados por todo o município. As condições nas ruas são, regra geral, bastante hostis para quem se desloca a pé. A falta de passeios em condições e a elevada velocidade praticada são motivos de insegurança, que contribuem para que muitas pessoas sintam que não é confortável nem seguro deslocar-se a pé, e muito menos deixar crianças irem sozinhas para a escola. Para além disso, não se pode esperar reduzir a dependência automóvel quando a rede municipal de transportes públicos é inexistente, porque nunca é comunicada como tal. Não há sequer um mapa com todas as linhas de transportes públicos de Gaia. Este mapa deveria estar presente em todas as paragens de transportes, juntamente com os horários das linhas que lá passam. E, obviamente, também disponível online e em apps.

 

Se for eleita, o que anseia concretizar durante o seu primeiro mandato, em prol do desenvolvimento da população e do concelho?

As maiores falhas em Gaia são a inexistência de uma verdadeira rede de transportes e a pouca quantidade de espaços públicos de qualidade. Com ou sem concessão de transportes públicos finalizada, é básico e essencial centralizar informação sobre percursos das linhas e horários numa plataforma digital facilmente consultável. Paralelamente, urge atualizar as paragens de transportes com abrigos, assentos, distâncias seguras das vias de trânsito, passadeiras elevadas para se aceder em segurança, mapas da rede, horários das linhas que passam, sinalização bem visível do nome da paragem, e sistema de informação do tempo que falta para a chegada dos próximos autocarros. Para além disso, é essencial estudar a criação, extensão ou alteração de linhas de forma a conectar diretamente centros de emprego e zonas comerciais com zonas residenciais, e outros hubs de transportes (estações de metro e de comboio). Uma boa rede de transportes é a base de qualquer cidade que se preze, potencia a economia, o emprego, uma maior igualdade de oportunidades e maior inclusão, ao assegurar uma boa acessibilidade generalizada a serviços, comércio, emprego, escolas, cultura. A nível do espaço público, é essencial qualificar as nossas ruas de forma a serem cada vez mais espaços convidativos às deslocações a pé de todos, crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida. É essencial limitar a velocidade máxima a 30km/h nas zonas centrais das freguesias, em torno de escolas, e em áreas residenciais, para que se possa andar a pé em segurança, diminuindo o risco de acidentes. Em 2019 houve mais de 900 acidentes rodoviários com vítimas, em Gaia. Melhorando o espaço público, aumentando o espaço para pessoas nos centros das freguesias podemos reavivar o comércio local. Aumentando o número de parques verdes é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas que deverão facilmente aceder a um local de natureza perto de suas casas, para fazer exercício, conviver e relaxar.

 

Em caso de vitória, pode mencionar alguns projetos que serão implementados nas áreas da educação, saúde, desporto, cultura, ação social e ambiente?

Precisamos de uma rede de percursos seguros cicláveis que cobrisse o concelho. Isto seria feito, em parte, com ciclovias dedicadas e, em parte, com zonas 30 (conseguidas com medidas físicas de acalmia de tráfego). Isto seria não só bom para promover a saúde, o desporto, as deslocações seguras e independentes dos jovens, mas também facilitaria a redução do uso automóvel, reduzindo a poluição e a dependência de combustíveis fósseis. Mais investimento na cultura e história de Gaia é também importante.

 

Que equipamentos/infraestruturas acredita que enriqueceriam e proporcionariam melhor qualidade de vida em Vila Nova de Gaia?

Precisamos de espaços verdes públicos, acessíveis a pé, a toda a gente. De espaço público convidativo aos jovens, crianças e idosos que tantas vezes confinam em casa por falta de transportes, e de espaços seguros, confortáveis e agradáveis onde estar. Precisamos de ruas seguras com passeios, e agradáveis, com árvores (sombra) e flores. Precisamos de bancos pelas ruas, para quem tem dificuldades em andar e precisa de pausar amiúde. Precisamos de zonas 30 em todas as zonas residenciais, para que as crianças possam brincar lá fora em segurança.

 

Relativamente ao projeto autárquico que lidera para este concelho, pode falar-nos sobre a equipa que a está a acompanhar ao longo deste desafio?

É diversa e multifacetada.

 

Que mensagem gostaria de deixar à população?

Reparem nas condições que existem para deslocações a pé nas zonas onde vivemos. Imaginem como podemos tornar as nossas ruas e espaços públicos, zonas muito melhores para viver e conviver.

 

Lista de Candidatos do LIVRE à Câmara Municipal de Gaia

  • Ana Poças
  • Diogo Magalhães
  • Inês Viana
  • Renato Mendes
  • Sara Pereira
  • Daniel Moura
  • Idalina Pimenta
  • José Bouças
  • Inês Pala
  • José Melo
  • Maria dos Santos
  • João Poças
  • Ana Guerra
  • Nuno Ferreira
  • Maria Loureiro
  • Guilherme Mota