CANTAR ÀS ESTRELAS – UMA MARCA DA RIBEIRA GRANDE

1 de fevereiro de 1994 marcou uma nova era na cidade e no concelho da Ribeira Grande. Liderado por António Pedro Costa, o executivo camarário empossado no final de 1993 aceitou o desafio do presidente da Câmara Municipal e organizou, com afinco, aquela que seria a primeira edição do Cantar às Estrelas.

 Acredita-se que o Cantar às Estrelas tenha origens pagãs. Relatos da monja Egéria (primeira escritora hispânica), no século III, referem estes festejos de luz na Terra Santa como uma procissão de velas que os primeiros cristãos celebravam de 1 para 2 de fevereiro de cada ano, antecedendo este dia à comemoração da apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém.

 Assim, esta celebração era associada a Nossa Senhora da Luz, da Candelária, das Candeias ou, como é o caso da Ribeira Grande, Nossa Senhora da Estrela, também padroeira da igreja da freguesia da Matriz.

 Na Ribeira Grande em particular, o início das comemorações natalícias começam com as festas em honra de Nossa Senhora da Conceição e vão até às festividades em honra de Nossa Senhora da Estrela, sendo esta data o encerramento das festas de Natal.

 Da mesma forma, e também ligada àquela santa imagem, conta-se que os pescadores de Rabo de Peixe seguiam em multidão até à igreja matriz na madrugada de 1 para 2 de fevereiro, onde previam, conforme o vento, a meteorologia do ano inteiro.

 Durante muitos anos a tradição do Cantar às Estrelas ficou esquecida. Nesta edição do AUDIÊNCIA Ribeira Grande vamos lembrar como tudo recomeçou e perceber em que consistia a tradição que se antecedia a esta festividade ribeiragrandense. Desde a primeira edição em 1994 (na qual participaram apenas 12 grupos no desfile) até aos dias de hoje, em que o número de grupos ultrapassa 30, centenas de pessoas percorrem a Rua Direita, entoando cânticos em honra a Nossa Senhora da Estrela. São mais ainda aqueles que assistem ao desfile, concentrando-se maioritariamente no Largo Hintze Ribeiro.

 O percurso feito pelos grupos de cantadores repentistas que antigamente “corriam” as casas, foi substituído pelo desfile pela Rua Direita, sendo que os grupos param em frente à Câmara Municipal para cumprimentar o executivo e seguem para a Igreja de Nossa Senhora da Estrela, onde prestam a sua homenagem.