CELEBRANDO OS 45 ANOS DO FANTASPORTO

Este ano o Fantas, como popularmente chamamos, o Fantasporto/Festival Internacional de Cinema do Porto cumpre 45 anos de vida.

Inicialmente nas suas origens o festival teve uma marcada tendência e atração pela exibição de filmes do gênero fantástico, de terror, ficção científica, cinema gore, sobrenatural, e de filmes inspirados na literatura gótica, como Drácula, Frankenstein, ou a Múmia. 

Da equipa inicial dos seus programadores, resistem, Beatriz Pacheco Pereira e Mário Dorminsky . Nestes últimos anos, também João Dorminsky ,que é o responsável pela comunicação, desenhos gráficos e audiovisuais.

Depois de 45 anos, não há dúvida, que este é o festival da cidade, o festival que levou o nome da cidade do Porto além-fronteiras, e é um dos mais populares festivais ou mostras de cinema em Portugal. 

 

Foram várias as edições no antigo Teatro Carlos Alberto, cinema que curiosamente foi um dos cinemas mais populares da cidade do Porto, hoje nesta edição (a terceira) no Batalha, Centro do Cinema entre 28 de Fevereiro e 9 de Março.

 

Nas edições passadas no Carlos Alberto, o Fantas foi também palco de encontros, lançamento de livros temáticos, e exposições plásticas, entre as quais destaco, uma protagonizada por mim e o artista plástico José Manuel Pereira, um dos fundadores do festival e outra do ceramista de Vila Nova de Gaia, Tosco– Fernando Vilar, artista já desaparecido, e que bem merece uma amostra da sua obra de singular expressão plástica.

Foi ele o autor do troféu que premiou os vencedores num dos certames. 

 

Na programação deste ano, como nas anteriores, há sempre um espaço para a produção cinematográfica realizada pelas escolas de cinema do Porto, onde já se destacaram filmes da licenciatura de cinema da Escola Superior Artística do Porto/ESAP, da Escola Soares dos Reis, da Universidade Católica e da Universidade Lusófona.

 

A 45.ª edição do evento arranca a 28 de fevereiro com a estreia mundial do filme “Criadores de Ídolos”, do português Luís Diogo, e encerra a 9 de março com “Stealing Pulp Fiction”, de Danny Turkiewicz (EUA), filme que se assume como uma homenagem irreverente ao universo de Quentin Tarantino.

Da produção europeia, o Fantasporto exibirá os vencedores dos prémios de Cannes e Veneza, assim como dos candidatos às nomeações dos Óscares.  Pelo Batalha, passarão, ainda, obras da América do Sul e da Nova Zelândia, assim como a estreia do cinema de Singapura no festival. Significativa será também a seleção dos filmes do Canadá, dos Estados Unidos e até de Portugal. O cinema do Irão está de volta, depois de já ter vencido, no último Fantasporto, a melhor curta-metragem do festival. A cinematografia de Taiwan será homenageada, com “uma dezena de filmes da sua história cinematográfica”, projetando “uma retrospectiva sobre a História da Mulher, desde os anos 70 até à atualidade”. Uma seleção de cinco filmes que exploram a emancipação feminina, as restrições sociais e a luta contra a opressão, abordando temas como vingança, repressão, sexualidade e as expectativas impostas às mulheres.   A organização ainda destaca a exibição dos filmes vindos da China, Filipinas e Japão.

Este ano, para variar, o festival abre em português com a antestreia mundial de “Criadores de Ídolos”, o filme mais recente do realizador Luís Diogo, que também estará a concurso – um thriller intrigante que mistura história e conspiração, protagonizado por José Fidalgo, Ricardo Carriço e Rafaela Sá, a organização espera contar com a presença do elenco e da equipa técnica.

Além das secções competitivas (24 longas-metragens e 27 curtas-metragens), do alinhamento desta edição histórica faz ainda parte a Semana dos Realizadores, a Seleção Oficial Orient Express, as Movie Talks, lançamentos de livros e muito mais.

O evento reúne o melhor do cinema internacional, destacando obras provenientes dos Estados Unidos, Europa e das principais produtoras asiáticas, incluindo a China, Filipinas e Japão. Além disso, contará com antestreias mundiais de grandes estúdios como Paralax, Toho, Sony, Toei e Warner Japão, trazendo filmes inovadores assinados por realizadores consagrados.

O Japão mantém o protagonismo no Fantasporto, apresentando algumas das suas produções mais criativas dos últimos anos. Por outro lado, o cinema europeu não ficará atrás, com obras premiadas em Cannes e Veneza, além de filmes que representarão os seus países na corrida aos Óscares.

De destacar a estreia do cinema do Sri Lanka, com uma superprodução realizada em parceria com os Estados Unidos, e a homenagem ao cinema de Taiwan, com a exibição de uma seleção de filmes que retratam a história das mulheres desde os anos 70 até à atualidade. 

Como em edições anteriores a América do Sul, Nova Zelândia e o Canadá também terão presença garantida, enquanto o cinema português reforça a sua representatividade.

A organização destaca que para esta edição de 2025 recebeu mais de 600 longas-metragens e 1300 curtas, oriundas de 71 países, o que demonstra o impacto global do festival. Este ano, o Fantasporto contará com a presença de 50 convidados internacionais, incluindo realizadores, produtores, atores e jornalistas, com muitos mais a caminho, à medida que os convites oficiais forem enviados. O festival mantém uma forte promoção internacional, recebendo atenção de publicações de renome como a Variety, que destacou a longevidade e o impacto mundial dos seus fundadores e da programação. Além da exibição de filmes, o Fantasporto promove mais de 20 Movie Talks, debates que exploram temas relevantes no mundo do audiovisual. Outras atividades paralelas também enriquecerão a experiência dos visitantes. (informação compilada da organização do Fantasporto 2025).

Finalmente sublinhar que este, é o meu festival, que junto ao Fitei/Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica e ultimamente o DDD/os Dias da Dança, são os três momentos altos de encontro internacional das artes performativas e cinematográficas com a cidade do Porto.

Decorreu ainda na semana passada, a Berlinale- o Festival de Cinema de Berlim- na sua edição 75, entre os vários filmes apresentados, gostava de destacar, do género documental, o filme Bajo las banderas , el sol, (2025) realização do Paraguai, de Juanjo Pereira. “120 horas de imagens de arquivo: isto é o que resta dos 35 anos da ditadura de Stroessner no Paraguai. A partir desse conjunto de imagens raras encontradas ao redor do mundo, o filme reconstrói a história de uma das ditaduras mais duradouras do século XX, cujos efeitos ainda são sentidos hoje”.

Destaco este filme pelo facto que, de todas as ditaduras de América latina, esta foi uma das mais sangrentas, prolongadas, e das menos referenciadas ou denunciadas internacionalmente!

Parte do material para a realização deste filme veio da Espanha. “Franco pagou para Stroessner viajar pela Europa e Japão, porque o ditador espanhol queria ganhar popularidade na América do Sul. Então encontrei essa reportagem na Espanha”, explica o cineasta. “Fui lançando as redes pouco a pouco. O principal material estava em Assunção [capital do Paraguai]. Durante a pandemia, consegui concentrar-me muito nessa pesquisa, entrando em contato com arquivos e agências como a Reuters ao redor do mundo e vendo o que havia em cada lugar.” O filme começa, nas imagens iniciais, com o que resta de uma enorme estátua de Stroessner  que os populares derrubaram. O restante do conjunto escultórico permanece. Para derrubá-lo, eles cortaram a gigantesca figura de metal nos tornozelos e a abaixaram. “Stroessner morreu na cama, no exílio, com sua riqueza intacta, e se durou 35 anos como presidente foi porque em cada bloco de apartamentos havia um informante do Partido Colorado”, diz Pereira. “Os pés (da estatua) ainda estão lá, assim como seu legado no Paraguai.” A sombra dos ditadores cresce no tempo e na tela. (El País- Gregorio Belinchón- 21/02/25)

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