DIA MUNDIAL DA ASMA

O que é a asma ?

A asma é uma doença respiratória crónica, bastante comum na nossa sociedade e em outros países desenvolvidos (12‐16% em crianças; 5‐8% em adultos). No entanto, em todos os países há um número substancial de crianças e adultos que têm a sua asma não diagnosticada e que é importante identificar precocemente para se poder tratar e tentar prevenir a evolução para formas graves.

 

Como se diagnostica a asma ?

O diagnóstico de asma deve ser feito, em primeiro lugar, pela presença de sintomas sugestivos, neste caso pela presença de episódios repetitivos de obstrução das vias aéreas (brônquios). Esta obstrução dos brônquios causa sintomas de tosse, pieira ou falta de ar (dispneia) mas também cansaço e/ou sensação de opressão torácica, particularmente durante o exercício físico. Estes sintomas variam ao longo do tempo em frequência (há períodos com crises e períodos sem crises) e/ou intensidade e podem ser desencadeados, entre outros fatores, por exercício ou riso, infeções respiratórias ou exposição a partículas alergénicas ou irritantes.

É a favor do diagnóstico de asma a presença simultânea de vários dos sintomas acima indicados, bem como o agravamento noturno ou durante a madrugada desses mesmos sintomas. Para uma correta avaliação do controlo da asma devem‐se quantificar os sintomas diurnos e noturnos, bem como eventuais limitações à vida do doente.

Um aspeto importante na asma é a demonstração de que os episódios de obstrução das vias aéreas são reversíveis espontaneamente ou após terapêutica e isso deve ser feito através da realização de provas funcionais respiratórias que devem ser pedidas aos doentes asmáticos quer no início do seguimento quer depois com uma regularidade que seja adaptada à gravidade do caso.

É ainda importante no diagnóstico do asmático procurar identificar a que é que ele é alérgico, para se sugerirem medidas específicas.

 

Agora que já sei que tenho asma o que é importante fazer ?

Uma vez estabelecido o diagnóstico de asma, o que se pretende é que o doente tenha uma qualidade de vida normal, semelhante à de indivíduos sem asma. O objetivo do tratamento é, assim, que os doentes, apesar de terem asma, tenham a sua asma controlada, o que é definido pela ausência de limitações à sua vida diária, pela ausência de despertares noturnos por causa da asma e pela não existência de sintomas diurnos ou utilização de medicamentos de alivio mais do que duas vezes por semana. Para tal efeito, em muitos casos será necessário efetuar tratamentos diários com alguns medicamentos, vários dos quais por via inalatória (inaladores) para administrar o medicamento mais diretamente nos brônquios. Deverá também ser estimulada a prática de exercício físico e de uma vida saudável, sem tabaco e sem exposição a fumos, poeiras ou gases irritantes das vias aéreas. Quando se identifica a alergia do doente podem ser usadas vacinas anti-alérgicas e devem ser tomados cuidados para evitar o contacto com as substâncias alergénicas

 

A maior parte dos doentes está controlada ?

Os estudos nacionais revelam que em Portugal cerca de 43% dos asmáticos não tem a sua asma controlada e ainda por cima não têm a percepção desse não controlo da sua doença, o que faz que não procurem ajuda para melhorar a sua asma. Estes doentes não controlados são depois os que têm de recorrer às urgências e também são aqueles em que a função pulmonar se vai degradando, podendo chegar à insuficiência respiratória com incapacidade para a realização de tarefas diárias simples.

 

Então o que é importante fazer ?

Deve-se tentar ter um diagnóstico o mais precoce possível através da avaliação dos sintomas, da função respiratória e de testes de alergia e, depois do diagnóstico, o médico e o doente devem, em conjunto, desenvolver estratégias para conseguir, a todo o momento, perceber o grau de controlo atual para depois adequar a intervenção terapêutica, reforçando-a se o doente não estiver controlado ou mantendo-a ou reduzindo-a se o doente estiver bem controlado há já algum tempo.

 

Manuel Branco Ferreira
Imunoalergologista
Professor da Faculdade de Medicina de Lisboa
Secretário-Geral da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica