“O ESQUECIMENTO QUE ESTE TERRITÓRIO SOFREU NÃO SE APAGA EM QUATRO ANOS”

Na política há 20 anos, Manuel Azevedo tornou-se, em 2013, presidente de quatro freguesias do concelho de Gaia. Chegando ao fim do primeiro mandato, em conversa com o AUDIÊNCIA, o presidente falou sobre os desafios, as particularidades, o futuro e a relação com a Câmara.

 

 

 

Quando é que a política apareceu na sua vida?

Há cerca de vinte anos, como número dois da lista do Partido Socialista que se candidatou à então Junta de Freguesia de Olival. Perdemos essa eleição autárquica e fizemos o nosso trabalho enquanto oposição. Nasceu assim o gosto pela política que, no fundo, está enraizada em todas as vertentes da nossa sociedade. Costumo dizer que tudo é política.

 

Em 2013, assumiu a presidência, quais as dificuldades que encontrou?

Inúmeras. Logo de início pela junção de quatro freguesias. Não são comuns as agregações desta dimensão, estando também a referir-me à imensa área que passou a ser gerida por um único executivo, com escassos cinco elementos. Depois, foi necessário criar procedimentos administrativos, e não só, de maneira a que os serviços da União de Freguesias estivessem sintonizados. Foi inicialmente uma luta diária, com difíceis batalhas, mas passados quatro anos o resultado é francamente positivo.

 

Como é que as ultrapassou?

Sobretudo com muita dedicação de todos os elementos do executivo. Só assim foi possível responder a todos os entraves que enfrentamos ao longo deste mandato. Não há como negar que os níveis de exigência subiram para patamares muito altos, obrigando a que por diversas vezes colocássemos a União de Freguesias à frente da vida pessoal.

 

Durante os quatro anos, quais as obras que marcaram o seu mandato?

Não gosto muito de particularizar obras como meras intervenções de betão ou asfalto. Prefiro valorizar o impacto que as intervenções tiveram no quotidiano das populações. A título de exemplo, as intervenções no Centro de Dia de Crestuma, na Escola Urbano Santos Moura, também em Crestuma, a Rua Central de Lever, o Largo de Santa Isabel em Olival e mesmo o Campo N.º 2 do Sport Clube “Os Dragões Sandinenses”. Todas estas, assim como muitas outras do presente mandato, tiveram, têm e terão impacto no dia-a-dia das populações.

 

Passados quatro anos, como é que estão as freguesias?

Passados quase quatro anos já não consigo falar de forma diferenciada. Tenho plena consciência das particularidades de cada uma, mas a estrutura da União de Freguesias está agora adaptada para servir as populações de todo o território. Entendo que estamos significativamente melhor apetrechados em termos de estruturas e serviços, e aqui, sublinho o papel do executivo da Câmara Municipal de Gaia, ativo, como nunca outro, quer na igualdade de tratamento das freguesias do concelho, assim como na vontade de concretizar as necessidades mais prementes do mesmo. É inegável, a periferia de Gaia também contou nos últimos quatro anos.

 

Mas, o que é que ainda falta fazer?

O esquecimento que este território, longe do centro do concelho, sofreu não se apaga em apenas quatro anos. Temos a ambição de fazer mais e melhor, sobretudo agora com a máquina bem oleada. Em jeito de brincadeira, costumo dizer que oxalá a Câmara Municipal tenha pernas para acompanhar a nossa ambição. Este vasto território tem potencialidades únicas, que pretendemos impulsionar.

 

Sente-se com o dever cumprido?

Sinto-me de consciência tranquila, mas sei que ainda há muito trabalho para fazer. Tenho orgulho no trabalho desenvolvido nos últimos anos, mas a minha intenção é fazer mais e melhor. Ser presidente de Junta não é um emprego das 08h às 20h, é uma responsabilidade constante, uma luta diária de todas as horas.

 

As pessoas reconhecem o seu esforço?

Quem conhece de perto o trabalho desenvolvido saberá quantificar o esforço e dedicação que empreendi durante o meu mandato, todavia não pretendo que reconheçam o esforço, prefiro que concedam que hoje, Sandim, Olival, Lever e Crestuma têm melhores condições para se viver.

 

 

Como é gerir quatro freguesias?

Como já adiantei, é de facto uma tarefa hercúlea. Os problemas são a quadruplicar, as exigências também. Não posso negar que aglomerar quatro freguesias foi um erro crasso, mas, posto isto, há que trabalhar com o que temos e o desafio foi sendo superado com muita abnegação pessoal e de toda a minha equipa. Note-se que mantivemos sempre uma linha de orientação bem definida: preocupando-nos acima de tudo com as pessoas.

 

Que apoios dá a Junta às associações?

O apoio é praticamente diário. Sabemos o importante papel que as associações têm na defesa das origens, costumes e potencialidades dos territórios. Tendo em atenção as disponibilidades, os serviços da União de Freguesias estão sempre ao dispor das associações, muitas vezes fora dos horários de trabalho. Uma das grandes virtudes da atual União de Freguesias foi conseguirmos gerir melhor os recursos humanos e os serviços associados, colocando-os ao dispor das populações.

 

Apesar das dificuldades, vai-se candidatar por mais quatro anos. Ainda tem forças para mais desafios?

Claro que sim. Dificuldade seria sentir que não tinha capacidades para dar resposta aos desafios. Como já referi, agora, com a máquina oleada, tenho a firme convicção que o próximo mandato, se as pessoas permitirem, será ainda mais positivo.

 

O que torna cada uma das freguesias especiais?

As suas gentes. As aldeias, vilas, ou cidades são o resultado das suas gentes, e, por sorte, Sandim, Olival, Lever e Crestuma, têm gente de muita fibra. Temos também um património histórico, cultural e natural vastíssimo. Sinto-me um privilegiado em contribuir, por muito ou pouco que seja, para o panorama recente desta União de Freguesias.

 

 

Ao longo do mandato, como tem sido a relação entre a União das Freguesias e a Câmara?

Com franqueza, e sem partidarismos, só posso deixar largos elogios ao trabalho do município, na pessoa amiga Eduardo Vítor Rodrigues. Não me surpreendem os resultados alcançados, porque a competência e dedicação do atual presidente são inexcedíveis. No caso da relação entre a União de Freguesias e a Câmara Municipal, comparando com o passado não muito distante, só posso afirmar que o benefício para o nosso território é enorme.

 

Olhando para o antes e depois, como avalia o mandato do presidente Eduardo Vítor Rodrigues?

A recuperação do município está aos olhos de todos, é factual. Eduardo Vítor Rodrigues é um presidente muito capaz e só posso avaliar positivamente o seu mandato. Note-se que o atual executivo enfrentou muitas adversidades, acabando por receber uma pesada herança, mas, mesmo assim, o que foi feito nos últimos anos em todo o concelho só demonstra a tenacidade da atual equipa. Ele merece, sem qualquer dúvida, um novo mandato, agora com a casa arrumada e pronto a impulsionar uma cidade com a dimensão de Vila Nova de Gaia.

 

O que é que gostaria que a Câmara fizesse mais por Sandim, Olival, Lever e Crestuma?

A Câmara Municipal já fez muito por esta União de Freguesias, mas podem continuar a contar com os nossos pedidos e projetos. Como já referi, oxalá tenham como acompanhar o nosso ritmo.

 

Enquanto Manuel Azevedo, o que é que o motiva?

Trabalhar diariamente em prol da população. Haverá melhor motivação do que a de melhorar, ou pelo menos tentar melhorar, o quotidiano de milhares de pessoas? A meu ver, não.

 

Abdicou de muitas coisas nestes anos todos de política?

Imensa, sobretudo de tempo para a família. As semanas de trabalho são normalmente muito exigentes, e os fins de semana também têm uma agenda repleta. A verdade é que os dias têm vinte e quatro horas para todos, acabando por sobrar pouco tempo para a vida pessoal.

 

Que sonhos ainda faltam cumprir na freguesia?

Oportunamente, divulgarei alguns projetos que pretendo realizar na União de Freguesias.

 

Qual o seu lema de vida?

Trabalhar em prol do bem comum e dos que me rodeiam.