O jornal Audiência Grande Porto teve um encontro com um agente da lei…calma, está tudo bem! Fomos conhecer o agente da Polícia Municipal, Ricardo Nunes. Conheço o Ricardo desde os seus 14 anos, e sempre disse que queria ser polícia ou GNR. Tem valores de uma educação acima da média. Ê muito amigo da família, educado, respeita e faz-se respeitar. Estou convencido que a Polícia Municipal de Gondomar, tem um dos melhores jovens agentes, mas fica ao seu critério descobrir agora nesta entrevista exclusiva.
O que é para ti ser polícia? Quando vestes a tua farda o que sentes?
Ser polícia, vestir a farda, é uma missão. É uma forma de ajudar a população, ainda que muitos pensem que só servimos para autuar (risos), nós existimos verdadeiramente para manter a ordem e fazer cumprir a lei. É, por exemplo, identificar situações de famílias carenciadas e encaminhá-las para o apoio social; encontrar animais abandonados na rua e deixá-los num abrigo ou no caso de estarem perdidos entregá-los aos seus donos, entre outras situações.
Quando tiveste o sonho de exercer esta profissão?
Desde a escola básica. Quando estudava já sabia que quando concluísse os estudos queria ingressar nas forças armadas e no final dessa experiência ao serviço do Exército Português iria concorrer a uma força policial.
O trabalho/estudo, para ingressar na polícia, deve ser difícil, conta-nos como foi chegar até aqui?
Foi difícil, mas não impossível. Antes de me candidatar, não tinha a ideia de que a Polícia Municipal intervinha em tantas áreas como a PSP/GNR. No fundo, a única diferença entre elas é a vertente do crime. Em situações de ordem criminal (exceto as que são em flagrante delito) a intervenção da Polícia Municipal cinge-se a encaminhar as mesmas para os órgãos de polícia criminal. Em tudo o resto, a Polícia Municipal tem exatamente as mesmas funções e responsabilidades que a PSP/GNR. Como tal, o curso é bastante complexo, com várias áreas de estudo e, portanto, é preciso ser dedicado e estudar para conseguir não só ser aceite no curso como concluir o mesmo com sucesso. Mas com esforço e dedicação tudo se consegue.
Quando recebeste a notícia que tinhas sido selecionado para ingressares na polícia depois de tanto esforço, como foi a reação/emoção?
Eu já tinha concorrido a vários concursos. Quando fui finalmente aceite no curso foi uma alegria, um objetivo concretizado. E quando finalizei o curso e ingressei na Polícia Municipal foi pensar “finalmente consegui!”. Senti-me realizado.
O apoio da tua família, suponho dos teus pais, foram um pilar nesta decisão?
A minha ideia era fixa. Nenhuma opinião de fora, mesmo que fosse da família, me faria desistir. No entanto, o apoio da minha família foi claramente fundamental, em particular o apoio da minha esposa. Na altura ainda namorava, mas foi sempre ela que lá esteve para me apoiar nos momentos em que me apeteceu desistir (sim, porque houve momentos efetivamente complicados não só a nível da dificuldade dos estudos como a nível psicológico). Era ela que me relembrava os motivos pelos quais eu decidi concorrer e me fazia ver que desistir não era opção.
Há quanto tempo estás na polícia?
Estou na Polícia Municipal há 4 anos.
E passado este tempo, sentes que era este o teu objetivo, estares aqui, seres um agente da lei?
Sim, este era o meu objetivo. É aqui que me revejo enquanto profissional. É isto que eu gosto de fazer. E quando trabalhámos no que gostamos é mais fácil, não custa tanto acordar para ir trabalhar (risos). A disposição é outra. Para além de polícia decidi enveredar também pela área da mediação imobiliária. Também nesta profissão ajudo pessoas, mas de forma diferente (risos). Ajudo as pessoas a encontrarem o seu lar ou o seu espaço de negócio ou até a venderem aquele que terá sido o seu lar, mas que agora ganhará novos donos. É também gratificante ver os sonhos destas pessoas concretizados e termos contribuído para tal.
Conhecemos três dos pilares da polícia, Missão, Visão e Valores. É um juramento ou uma regra. Serve para vos valorizar?
A Missão, Visão e Valores são os pilares de qualquer profissão ou instituição. Sem eles uma instituição não existe. Estes três pilares permitem-nos traçar objetivos claros que nos fazem cumprir o propósito da instituição. É claro que só seremos valorizados se cumprirmos estes três pilares em todas as decisões e ações que tomamos.
Na tua função, já viveste alguma situação que te deixou preocupado?
Sim, algumas situações deixam-me particularmente preocupado. Situações de violência doméstica (apesar de ser competência dos órgãos de polícia criminal, nós presenciamos durante o patrulhamento junto da população e somos obrigados a intervir). Por exemplo, uma vez uma munícipe pediu-nos ajuda porque estava a ser agredida e mesmo depois da situação ter sido controlada, ficamos sempre a pensar em como será quando nós já não estivermos presentes.
O que desejas para o futuro?
Eu trabalho dando sempre o meu melhor. E para que eu possa dar o meu melhor tenho de querer ser mais, saber mais, estar constantemente atualizado e valorizar aquilo que faço, portanto sim, no meu futuro quero sempre ser mais.
Vais ser pai em breve, tens a consciência que estás a contribuir para um futuro ou uma cidade mais segura para o teu filho e para os jovens?
Esse assunto é sensível (risos). Ainda para mais porque é uma menina e, não querendo ser machista ou outro termo qualquer daqueles que agora se usam muito (risos), mas temos sempre um sentido de proteção muito maior com as meninas. Efetivamente, esta profissão faz-me ver muitas coisas que algumas pessoas não têm noção. Por exemplo, de madrugada, ao patrulhar as ruas vejo adolescentes que por aquela hora já deveriam estar por casa precisamente por questões de segurança. O facto de eu saber que existe policiamento na rua deixa-me mais descansado e faz-me acreditar que efetivamente o meu trabalho contribui para a segurança destes jovens.
Para jovens que queiram ingressar nesta polícia, podes deixar uma mensagem, que os incentive?
Se é realmente isto que pretendem dediquem-se. Não venham com a ideia de que será um emprego na função pública ou de que vão receber muito bem. Venham se é realmente isto que querem fazer, se acham que é esta a vossa missão. Se assim for, nenhum obstáculo vos irá impedir de cá chegarem.