As candidaturas ao Prémio Literário Vitorino Nemésio já abriram e vão decorrer até ao próximo dia 7 de março. Esta iniciativa, que é promovida pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), visa incentivar a produção literária em toda a lusofonia, destacando tanto jovens talentos, quanto autores já consagrados.
O Centro de Estudos Natália Correia, em Ponta Delgada, acolheu, no passado dia 13 de novembro, a cerimónia de apresentação da primeira edição do Prémio Literário Vitorino Nemésio, promovido pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), cujas candidaturas abriram a 6 de janeiro e decorrerão até 7 de março. A sessão contou com a presença de Luís Garcia, presidente da ALRAA, e Pedro Nascimento Cabral, presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, assim como representantes de entidades civis, políticas, académicas e militares.
Composto por “figuras de reconhecido mérito no panorama literário e cultural, que asseguram a excelência e o rigor que este prémio literário merece”, o júri será constituído por nomes como Eduardo Ferraz da Rosa, na qualidade de presidente, Manuela Bulcão, curadora, e ainda Onésimo Teotónio de Almeida, Susana Goulart Costa e Urbano Bettencourt.
Na ocasião, as intervenções foram inauguradas por Pedro Nascimento Cabral, que fez questão de reforçar que o “Prémio Literário Vitorino Nemésio faz a justa homenagem ao escritor e pensador açoriano, bem como ao seu pendor universalista, legado pelo escritor aos Açores e ao país, através do seu pensamento filosófico desassombrado e humanista”.
Assegurando que este prémio “projeta a escrita e a obra de Vitorino Nemésio, a nível nacional”, o edil ressaltou a importância de “cativar para a literatura, nos seus vários géneros, no sentido de que a cultura é um fator de desenvolvimento, de mudança e de civilidade”.
“Ao instituir o Prémio Literário Vitorino Nemésio, a nossa Assembleia Legislativa, além de prestigiar o mérito daquele que foi um grande açoriano, português e universalista, dá um enorme contributo para a divulgação da literatura de um dos seus maiores, mas também adiciona, a nosso ver, uma importante vertente para o conhecimento da cultura e da história dos Açores, consubstanciada na palavra açorianidade”, referiu o autarca pontadelgadense.
Seguidamente, foi a curadora do Prémio Literário Vitorino Nemésio quem tomou a palavra. “É com uma enorme honra que me associo ao Prémio Literário Vitorino Nemésio, assumindo a sua curadoria nacional e internacional, destacando três importantes características, que serão: objetivo, missão e prémio”, afirmou Manuela Bulcão, assegurando que o facto de o certame estar “voltado para novos autores, traduz-se numa relação híbrida entre a cultura açoriana e a cultura dos países de acolhimento. A diáspora açoriana tem um papel fundamental na preservação da tradição, da língua e das memórias coletivas dos Açores”.
Afiançando que “um prémio que valoriza produção literária na diáspora ajuda a manter viva a identidade cultural nas novas gerações”, a poetisa destacou que “ao incentivar estes autores, o prémio contribui para a difusão da cultura açoriana noutros países, promovendo o orgulho nas origens e reforçando a ligação entre as comunidades da diáspora e a sua terra natal”.
Segundo Manuela Bulcão, “ao vencedor será atribuído o prémio pecuniário no valor de 2500 euros, que será tratado como rendimento de propriedade intelectual, bem como a publicação de até 300 exemplares da obra vencedora, constando na respetiva edição a referência ao prémio. O autor premiado ainda terá direito a 10% dos direitos de autor da edição da obra. Qualquer reedição posterior, deverá fazer menção na capa ao Prémio Literário Vitorino Nemésio, atribuído pela ALRAA, e o ano em que foi obtido. Se o júri entender, poderá atribuir até duas menções honrosas, sem haver direito a qualquer valor pecuniário”.
Posteriormente, Eduardo Ferraz da Rosa foi convidado a dirigir-se aos presentes, salientando que “uma literatura, além do seu irredutível carácter estético, é também uma plataforma excelente para pensar, não só naquela literatura, mas ainda em muitas questões culturais e históricas que nela deixam, deixaram ou podem deixar futuramente rastos e novos sulcos profundos”.
“O júri que tenho a honra e o prazer de presidir, traduz na sua posição, mostra evidente experiência de estudo e de investigação, no exercício da sua profissão, na sua maioria na área do ensino, na orientação científica e na sua própria formação superior, mas também na integração académica e mesmo na profissão e até no seu dever de ofício. Por outro lado, o nosso júri reflete, demonstra e concretiza uma interdisciplinaridade e áreas científicas e académicas que giram todas à volta daquilo que é comum chamar as humanidades. Por isso, este júri garante uma pluralidade de olhares, leituras e mundos de sentido, de imaginário e, também, de verdade. Essa pluralidade, de resto, é adequadamente afirmada pela metodologia dos seus trabalhos e pelo objeto material e temático deste concurso e do seu prémio: o romance”, frisou o presidente do júri do Prémio Literário Vitorino Nemésio.
Por fim, foi Luís Garcia quem encerrou a apresentação da primeira edição deste prémio literário, salientando que “não só presta homenagem a uma das figuras maiores da nossa cultura, como também nos compromete a fomentar a criação literária e a preservação do nosso património linguístico”.
Garantindo que o Prémio Literário Vitorino Nemésio “será uma oportunidade única para que novas vozes de juntem ao seu legado”, o líder do parlamento açoriano realçou que “foi com o propósito de enaltecer a literatura e a identidade açoriana que criamos este prémio e é neste espírito que contamos com a participação ativa de todos os que se identificam com a paixão pela escrita que Nemésio tanto cultivou”.
Durante a sua intervenção, o presidente da ALRAA enalteceu que “esperamos que esta primeira edição atraia autores de todas as idades e experiências, que encontrem neste prémio uma oportunidade de espaço de partilha e valorização do seu trabalho”.
Apelando para “que todos se unam na divulgação e promoção deste prémio”, Luís Garcia terminou o seu discurso “com a certeza de que este prémio deixará uma marca indelével na nossa cultura”, sublinhando que “com a edição e publicação da obra vencedora, estaremos a contribuir para que a voz do escritor ou escritora premiada encontre eco no panorama literário. A palavra escrita tem o poder de transcender o tempo e o espaço e a Assembleia Legislativa está empenhada em assegurar que este prémio permaneça como um marco duradouro na literatura e cultura açoriana”.