“ESTOU CONVICTO QUE O PROJETO QUE APRESENTAMOS É O MELHOR”

Numa entrevista ao AUDIÊNCIA, José Cancela Moura, candidato à Câmara Municipal de Gaia pela coligação “Gaia de Novo”, entre PSD e CDS, afirma que Vila Nova de Gaia “vive um vazio político, sem visão de futuro e sem uma estratégia definida”.

Como tal, o advogado, confiante na vitória, compromete-se a alterar esta situação indo “mais longe do que aquilo que foi feito nos últimos quatro anos”, já que, a seu ver, “a questão da dívida de Gaia é uma falácia”.

“Gaia vai despertar. Este é o tempo para o início de uma alvorada de esperança”, assegura o candidato.

 

 

O que o levou a candidatar-se à Câmara de Gaia neste momento?
A progressiva falta de protagonismo de Vila Nova de Gaia enquanto concelho de referência na Área Metropolitana do Porto foi uma das principais razões que me fez avançar para esta candidatura. Aquilo que fui percebendo foi que Gaia vive um vazio político, sem rasgo, sem visão de futuro, sem uma estratégia claramente definida para continuar o processo de desenvolvimento de um dos maiores concelhos do país. Finalmente, foi também decisiva a ideia de que podemos fazer claramente melhor.

 

Mas anteriormente, meses antes até, tinha recusado a mesma proposta. O que mudou entretanto?
Nunca desejei ser candidato por uma questão de vaidade pessoal. Tinha que existir um projeto coerente e capaz, com elementos válidos e da minha inteira confiança. A partir do momento em que assentamos esse projeto, com uma equipa de pessoas que estão dispostas a dar tudo por Gaia, decidi avançar.

 

A sua candidatura gerou uma pequena polémica internamente, no partido, com alguns membros a mostrar o seu desagrado com a escolha e a lembrar as suas divergências com o anterior presidente, Luís Filipe Menezes. O que tem a dizer sobre isto?
Os partidos políticos são, por definição, estruturas dinâmicas, com sensibilidades diferentes. Desta forma é natural que o debate de ideias, fundamental em democracia, coloque em cima da mesa pontos de vista divergentes. Mas a verdade é que esse debate é sempre saudável e, neste momento, posso afiançar que todo o partido está de corpo e alma com esta candidatura.

 

Foi também anunciado que irá concorrer em coligação com o CDS. Porquê? Considera que dessa forma consegue mais votos e uma maior garantia de vitória?
Não é nenhuma questão aritmética. É apenas uma aliança natural entre os dois partidos, que sempre colaboraram de forma aberta para o desenvolvimento de Vila Nova de Gaia. O PSD e o CDS-PP estiveram juntos em sucessivos executivos que puseram este concelho no mapa. Portanto, nada mais natural do que haver de novo uma coligação, agora com novos protagonistas, obviamente.

 

Acha que consigo Gaia pode voltar a ser um bastião do PSD?
Considero o termo “bastião” algo depreciativo. Vila Nova de Gaia não pode ser a coutada de ninguém. O que realmente nos interessa é o bem-estar dos gaienses. Agora, se a pergunta é se a coligação “Gaia de Novo” pode vencer, digo claramente que sim.

 

 

“O atual presidente não tem a dimensão que se exige para a gestão de uma Câmara como a de Gaia”

Como vê Vila Nova de Gaia atualmente?
Vejo um concelho parado e onde não existe um plano de desenvolvimento coerente. Como já disse, Vila Nova de Gaia é um dos maiores concelhos do país e que ao longo das últimas duas décadas assistiu a um desenvolvimento notável, quer ao nível das infra-estruturas, quer ao nível da qualidade de vida dos munícipes. Neste momento, o que vemos é um apagar progressivo da importância que Gaia granjeou em termos metropolitanos e nacionais e isso deve ser revertido o quanto antes.

 

Como classificaria o mandato de Eduardo Vítor Rodrigues à frente da autarquia?
É uma gestão casuística, com opções no mínimo discutíveis para aquilo que deve ser Vila Nova de Gaia. O atual presidente da autarquia não tem a dimensão que se exige para a gestão de uma Câmara como a de Gaia. Não se consegue ir além de uma política paroquial e que não corresponde aos anseios e problemas da comunidade gaiense como um todo. Há uma política tendente a manter o poder, sem se preocupar em pensar o território do concelho, apenas com opções desgarradas e muitas vezes inconcebíveis. Veja-se o caso da instalação de um supermercado de uma rede grossista no centro histórico. É um disparate que não obedece a estratégia alguma. Para dizer a verdade, não há estratégia que resista a este tipo de decisões.

 

Quais as principais dificuldades que espera encontrar caso vença as eleições?
A grande dificuldade será a de retomar o crescimento e desenvolvimento a que Vila Nova de Gaia vinha a assistir por causa de quatro anos de imobilismo.

 

Quais as suas propostas para o município?
Não tenho por princípio fazer promessas. Prefiro assumir compromissos. E é o que farei com o meu programa de candidatura que será apresentado aos gaienses muito brevemente. Sou um homem de causas e convicções, as quais não tenho medo de assumir e defender.

 

Gaia mudou muito nos últimos anos. O que acha que continua por fazer?
Num concelho com a dimensão de Vila Nova de Gaia, há sempre algo a fazer. É um concelho em constante crescimento, um dos mais populosos do país, o que exige uma atenção permanente para que as estruturas básicas de resposta às populações não falhem. Mas também em termos de investimento podemos ir mais longe do que aquilo que foi feito nestes últimos quatro anos, mesmo levando em conta os constrangimentos financeiros por que passa o país. E não me venham com a questão da dívida de Gaia, porque isso é uma falácia. Já o demonstramos e com factos.

 

Quais considera serem as principais dificuldades que poderá encontrar nestas eleições? Como vê os seus adversários políticos?
Encaro os meus adversários políticos com toda a tranquilidade, como é próprio de uma democracia. Estou é convicto de que o projeto que apresentamos aos gaienses é o que melhor serve os seus interesses.

 

 

O que pode prometer, neste momento, aos gaienses?
Como já disse não faço promessas, sou um homem de compromissos. E é isso que me proponho a fazer, estabelecer um compromisso sério com o que cada um dos gaienses quer para a sua terra. A verdade é que o futuro de Gaia está nas mãos de cada um de nós. No entanto, o nosso programa prevê o avanço de projectos como a ligação da Avenida da República até ao mar, algo que contribuirá para o desenvolvimento mais harmonioso do território, criando novas oportunidades de progresso ao longo do seu percurso. Queremos também uma ligação regular entre a Ponte Luiz I e a Praia da Granja, novas ligações ao Porto à cota baixa, com a construção de uma ponte pedonal com ciclovia ligando a zona do Cubo da Ribeira ao cais de Gaia e uma ponte rodoviária ligando igualmente o cais de Gaia à zona dos terrenos adjacentes à Alfandega. Desejamos retomar o projecto Encostas do Douro, trazendo novas âncoras de atracão turística mais direccionadas para o turismo de natureza, com a criação de corredores e passadiços nos vales dos rios, como por exemplo o Febros e o Uíma. Já no campo da Educação, defendemos a entrega de um tablet e de explicações para todos os alunos do concelho, para que estas ferramentas de aprendizagem estejam ao alcance de todas as crianças, independentemente da capacidade financeira das famílias. Queremos desenvolver o Master Plan do Centro Histórico. Este é outro exemplo do “intervalo” que o mandato que agora termina significou no desenvolvimento de Gaia. Não existe uma visão de conjunto do projecto nem uma estratégia consistente de desenvolvimento sustentado, assistindo-se ao anúncio de projectos desgarrados, desconexos e até à implementação de alguns em absoluta contradição com salvaguardas essenciais.

 

E como pretende alterar essa situação?
Vamos alterar este estado de coisas e apresentar uma candidatura estruturada e fundamentada a Património Mundial, com grande preocupação de preservação e recuperação, optimizando, com resultados para todos, o nível de qualidade e a singularidade Centro Histórico. Além disso, temos o compromisso de avançar com a redução do valor da água e de resíduos sólidos, uma das medidas de maior efeito social. Queremos potenciar uma rede de wifi no Centro Histórico e nos centros cívicos do concelho, cientes de que a conexão permanente via Internet é, atualmente, uma realidade fundamental, quer por razões de natureza profissional (resposta rápida cada vez mais decisiva para um bom desempenho e para a concretização de oportunidades de negócios) quer para acesso à informação em momentos de lazer (por exemplo turismo). Na área económica defendemos a redução de impostos para captar investimento. Assim, para além da redução do IMT e do IMI – este de 0,445% para 0,4% – com benefício direto também sobre as famílias, negociaremos condições especiais com os investidores e reduziremos a taxa da derrama de 1,5% para 1,2%. Criaremos também, na dependência direta do presidente da Câmara, uma estrutura muito qualificada e pró-activa para captação de investimento e uma Plataforma on-line de apoio ao investidor para garantir uma melhor informação sobre as opções de investimento e o acesso a todos os instrumentos de apoio nacionais e da União Europeia. Apostamos ainda em devolver a identidade às freguesias. Dedicaremos particular empenho a criar todas as condições para promover uma iniciativa legislativa que retome o processo da designada “agregação” de freguesias a fim de garantir que as opiniões das populações sejam, efetivamente, tidas em conta para a decisão final. Reverter-se-á, assim, um processo excessivamente centralizado em que as agregações de freguesias foram desenhadas a “régua e esquadro” em resultado de decisões de directórios partidários, ignorando o interesse das populações e contribuindo para acentuar as desigualdades entre as freguesias do interior e do litoral, como foi patente ao longo destes anos em Vila Nova de Gaia.

 

Que mensagem gostaria de deixar aos eleitores de Gaia?

Os executivos liderados pelo PSD e pelo CDS, sob a liderança de Luís Filipe Meneses, trouxeram Gaia de um passado triste e sem alma, para um presente orgulhoso, com obra, com identidade própria, com desenvolvimento e acréscimo de bem-estar, com ambição e uma visão estratégica para o concelho. Foram anos de investimento significativo na mobilidade e no espaço público ao serviço dos gaienses. No final deste período, e após um investimento de quase 2 mil milhões, Gaia fez marcha atrás, travou subitamente e ficou de pernas para o ar. Mas agora, Gaia vai despertar. Este é o tempo para o início de uma alvorada de esperança, o tempo do fim de um período cinzento, frio e estéril de ideias, de projetos e de obra, em que convergem os esforços, em que se agregam as convicções e em que se mobilizam as vontades. Este é o tempo em que acabam os silêncios cúmplices e receosos e é o tempo em que se renova a livre expressão das ideias, dos sentimentos e das emoções. Em que termina a subserviência a um projeto de cidade que não é Gaia, a uma agenda que não é dos gaienses, nem para os gaienses. Em que prestar contas não é um exercício de propaganda, mas sim uma realidade de todos os dias, de todos os momentos. Este será um tempo de novos desafios, de novos patamares de desenvolvimento. Gaia assumirá de novo a liderança, projetando-se para um futuro de compromisso com a qualidade de vida. Este será, finalmente, um tempo em que todos os gaienses se revejam, com orgulho, na sua identidade, na excelência do que município propõe para os que o escolheram para trabalhar, para investir ou simplesmente para viver.