A Assembleia e a Câmara Municipal da Trofa assinalaram o 51º aniversário do 25 de Abril de 1974, com a concretização de uma sessão solene, que decorreu no Fórum Trofa XXI e contou com a intervenção de jovens trofenses, assim como dos líderes de cada partido, com representação nesta casa da democracia.
A cerimónia comemorativa do 25 de Abril, organizada pela Assembleia e pela Câmara Municipal da Trofa, decorreu no Fórum Trofa XXI e foi inaugurada com um momento musical, protagonizado pela Orquestra de Ritmos Ligeiros da Trofa.
Seguidamente, decorreram as intervenções dos líderes dos partidos com representação na casa da democracia trofense, que refletiram sobre os valores, deveres e direitos conquistados, em 1974.
Posteriormente, decorreu o momento musical protagonizado pelo Grupo Vozes do Centro e Cavaquinhos do Centro Comunitário Municipal da Trofa, que antecipou a participação dos alunos do quarto ano dos dois agrupamentos de escolas do concelho e do Colégio da Trofa que, nestas comemorações, evidenciaram a importância do seu papel como guardiões da democracia, no futuro, e partilharam nas suas palavras, os seus pensamentos, sentimentos, sonhos e esperança.
Com o intuito de refletir sobre o presente e o futuro da liberdade, também Sérgio Humberto, eurodeputado e ex-presidente da Câmara Municipal da Trofa, interveio nesta cerimónia, abordando o tema “Desafios e riscos para a democracia num tempo marcado pela guerra e instabilidade internacional”. “É sempre um gosto estar aqui nesta que é a minha casa”, afirmou o eurodeputado, asseverando que “não há democracia sem partidos. Os partidos são representantes do povo e devem escutar e estar sempre atentos às suas necessidades. (…) Nós temos de lutar, todos os dias, pela liberdade que foi conquistada numa data fundamental para nós e nada é eterno. Nós temos de trabalhar todos os dias para termos uma democracia plena, livre, com direitos, também com deveres, mas, sobretudo, que proporcione qualidade de vida àqueles que já estão numa idade mais experiente e que têm de ter o devido respeito, mas nunca hipotecando as gerações vindouras, que têm de ter um futuro melhor, se possível, que o nosso”.
Na ocasião, António Azevedo, presidente da Câmara Municipal da Trofa, fez questão de asseverar que “comemoramos, hoje, o 51º aniversário do 25 de Abril de 1974, esse momento singular da nossa história que pôs fim a quase meio século de regime ditatorial e que abriu, com coragem e determinação as portas à democracia e à liberdade em Portugal. Foi um momento tornado possível pela bravura dos militares que movidos pelo inconformismo e pela visão de um país mais justo disseram basta ao atraso, à censura e à repressão”.
Assegurando que “a liberdade não é um ponto de chegada e a democracia não é uma conquista acabada”, o edil trofense sublinhou que “se há algo que todos devemos reconhecer é que só a democracia nos permite sonhar e lutar por mais, por mais justiça social, por melhor educação, por melhor acesso à saúde, por habitação condigna, pela promoção do papel da mulher, pela valorização dos jovens, pelo acolhimento de imigrantes e, acima de tudo, pela promoção da igualdade de oportunidades. Mas, atenção, a democracia é exigente, traz-nos a esperança da mudança, mas, também, a desilusão do que tarda em mudar. Traz-nos a liberdade de escolher, mas também a frustração das escolhas que não correspondem às nossas próprias expectativas, pois o bem coletivo deve sobrepor-se ao bem individual. Mas, apesar de tudo, é sempre preferível uma democracia, ainda que imperfeita, porque em democracia há sempre alternativas e caminhos a abrir, por mais difíceis, lentos ou incertos que sejam. E nós que aqui estamos hoje, temos ainda mais responsabilidades, porque somos, maioritariamente, eleitos locais. Temos responsabilidades diretas para com quem nos elegeu e reconhecemos que o poder local democrático é, foi e será sempre uma das mais belas e transformadoras conquistas de Abril. Enquanto cidadãos, temos o dever de defender e de relembrar Abril, mas enquanto autarcas, temos a obrigação de o concretizar”.
Por fim, foi Isabel Cruz, presidente da Assembleia Municipal da Trofa, quem interveio na cerimónia comemorativa do 51º aniversário do 25 de Abril, usufruindo do momento para enaltecer que “vivemos tempos desafiadores. O mundo parece estar cada vez mais dividido, desnudando a fragilidade das alianças globais e comprometendo os valores democráticos. A Europa, a nossa casa comum, não é exceção. Encontra-se mais dividida, com crises políticas e económicas, que ameaçam a sua coesão. É no coração da Europa, bem no seu coração, que temos a guerra na Ucrânia, que não é apenas uma tragédia humana, mas também um alerta para todos nós sobre os perigos da intolerância, da agressão e do retrocesso. Estes desafios, estes ventos de desunião e de ódio mostram-nos como a democracia é frágil. Por todo o mundo emergem pequenos ditadores, aqueles que não usam farda, mas manipulam com palavras”.
Reforçando que “a democracia não morre apenas com um golpe”, a presidente da casa da democracia trofense frisou que “Abril chama-nos à vigilância, à coragem de dizer não, ao dever de defender a liberdade de todos, todos os dias e é nesse dever que focamos a nossa ação, enquanto Assembleia Municipal. (…) Esta data é mais do que uma comemoração, é um compromisso com os valores que nos unem, enquanto comunidade. A Assembleia Municipal é, por excelência, a casa da democracia, é o espaço onde todos têm lugar, onde todas as vozes contam. É aqui que o povo está representado pela sua diversidade e pluralidade. A Assembleia Municipal não pode ser, nem devemos permitir que seja, uma mera caixa de ressonância da Câmara Municipal. O seu papel é ativo, crítico, construtivo e plural”, reiterando “façam de Abril um compromisso permanente, porque Abril não é passado, é presente e futuro”.
Assim, a sessão solene, que assinalou os 51 anos do Dia da Liberdade terminou com mais um momento musical, proporcionado pela Orquestra de Ritmos Ligeiros da Trofa, que interpretou “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso e o “Hino Nacional”.