“JÁ HÁ MAIS DE UMA SEMANA QUE NÃO REGISTAMOS NOVOS CASOS”

Numa altura em que o pior parece já ter passado no Norte do país e em especial no concelho que lidera, o AUDIÊNCIA esteve à conversa com Marco Martins, presidente da Câmara Municipal de Gondomar e da Comissão Distrital da Proteção Civil. Considerando que o “pulso duro” que foi tomado no início da pandemia foi fundamental para o resultado agora alcançado, o autarca lembra que ainda são precisos cuidados mas que, lentamente, tudo poderá regressar a alguma normalidade nos vários setores.

 

 

Como está a situação relativamente aos casos de Covid-19 em Gondomar?
A situação está para já mito estável. Já há mais de uma semana que não registamos novos casos e quando aumenta, o número é pouco expressivo.

 

Porque acha que o concelho foi um dos mais afetados do país, algum dado que possa explicar isso a seu ver?
Gondomar foi um dos mais afetados devido à grande mobilidade da população. Continuamos a ser o município da área Metropolitana com maior taxa de mobilidade pendular, o que implica que mais de 60.000 pessoas por dia se desloquem para fora do concelho, grande parte das quais de transportes públicos.

 

Que medidas estão a ser tomadas pela autarquia por iniciativa própria?
A Câmara de Gondomar foi pioneira na tomada de iniciativas, como sejam o encerrar de serviços e equipamentos e também nas medidas de apoio (ver caixa).

 

No final do mês de março, foi considerado que um cordão sanitário seria benéfico para Gondomar. Porquê essa hipótese e acredita que teria resultado?
Permita-me corrigir e esclarecer novamente: quando, no dia 22/03, foi ativado o plano distrital de emergência, foi colocada à consideração da Delegação Regional de Saúde se pretendia fazer um cerco sanitário ao distrito ou parte dele (como na altura estava a ser implementado em Ovar), face ao aumento exponencial de números. Foi dito que não. Passado mais de 2 semanas, veio estranhamente a Diretora Geral de Saúde aventar essa hipótese e lançou o caos.

 

Considera, enquanto autarca e presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil, que as medidas tomadas foram as mais acertadas?

Sim, se não tivesse sido o “pulso duro” e as medidas restritivas, o resultado teria sido bem pior. No início foi bastante difícil, mas ao fim de umas semanas, felizmente, as populações perceberam a gravidade da situação!

 

Como prevê que a situação evolua no concelho de Gondomar nos próximos tempos?

Julgo que as coisas, neste momento, estão muito mais estáveis e a evolução será positiva!

 

Que impacto económico e social prevê que possa advir desta pandemia para o concelho e, de alguma forma, para a região Norte?

Para já, estamos ainda na 3ª fase de desconfinamento e vê-se alguns dos setores da economia a recuperar de forma progressiva. Infelizmente alguns estão com dificuldades. Acho que as próximas semanas serão decisivas, para a região e para o país.

 

De forma geral, como vê o plano nacional de combate à pandemia?

Acho que o Governo esteve bem no conjunto das várias medidas de prevenção e dos estados de emergência e de calamidade, assim como nas medidas económicas e sociais. Mas também é verdade que tudo foi mais fácil porque Portugal tem um excelente serviço nacional de saúde e os seus profissionais foram incansáveis.

 

Considera que houve alguma desigualdade entre regiões do país?

No início, com a forma galopante com que o COVID atacou no Norte, não foi fácil. Entretanto a situação estabilizou e ficou assimétrica em todas as regiões sob o ponto de vista de resposta.

 

Acha que com a chegada do bom tempo, será fácil “controlar” as saídas e passeios higiénicos? O que considera que poderá ser feito nesse sentido?

As pessoas estavam ansiosas por voltar a sair… espero que mantenham a consciência de que isto ainda não passou e há regras apertadas a cumprir.

 

Como vê o panorama nacional para o futuro? E para o concelho que lidera em específico?

Acho que Portugal esteve acima das expetativas no controlo da situação epidemiológica. Esperemos que isso traga resultados positivos sob o ponto de vista económico e permita a recuperação rápida.

 

Que mensagem gostaria de deixar aos gondomarenses neste momento?

Uma palavra de agradecimento a todos pelo esforço, permitindo-me destacar os profissionais dos vários ramos que estiveram na linha da frente e foram decisivos para o sucesso!